Daniel Campos

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Fuzis e rosas

Se as armas não atiraram rosas
Por que essa legião de soldados
Está aqui
A me olhar me fitar me mirar
Como se eu estivesse
Entre o alvo e os dardos.
São soldados de caras amarradas
São soldados de caras pintadas
São soldados de almas fardadas
E vivas fadadas
A atirar a executar a matar
Pelo bel prazer
Ou por qualquer preço
Avessos ao final feliz.
São dez, são cem, são mil
Soldados
Armados e mal-amados
Famintos e cruéis
Como cobras cascavéis
Em posição de atacar
E eu vou combatendo
Balas e granadas
Tanques e mísseis
Pela estrada
Da mulher amada
Com a minha poesia
Nuclear.

Ai, aonde vai parar essa guerra
São trincheiras de realidade
São barreiras de ficção
São generais da fatalidade
E é um destino que berra
E avança sem perdão.
Entre a cama e a janela
Solados do medo
Do desassossego
Na aquarela
Da opressão
Vão cercando
Vão aprisionando
Vão dilacerando
Os amores
Civis
Que já vai ferido
Na ponta
De tantos fuzis
E fuzis são atiram rosas.


Na falta de sonhos
E coração
Há sempre um ditador
Querendo a extinção
Da raça do amor.
E assim rumo ao fim
O exército da solidão
Marcha
Em passos de chumbo
E eu não tenho armadura
Nem uma frase mais dura
E eu não tenho submarino
Nem um cavalo marinho
E eu não tenho um arsenal
Bélico de fogos e ares
Nem doze discípulos militares
Nem qualquer medida
Paliativa
Tenho apenas
O desejo visceral
Do salve-se quem puder
E o pólen da fantasia
Que nasce da poesia
Radioativa
Da flor de Chernobyl
Que se abre
Em pétalas de mulher
Na primavera de um sonhario.


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