Daniel Campos

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Inverno

Chuvisca.
Uma colcha de nuvens de várias tonalidades forra o céu.
Uma vontade de inverno surge na tarde escura.
Uma vontade cervical.
Uma janela sedutora.
Um vento afiado.
A lâmpada do quarto acesa numa sensação de felicidade triste.
Triste.
Um desejo de ir para a cama e se encher de cobertas.
Um chá quente.
Um bom disco de inverno.
Quem sabe erva-doce com Tom Jobim.
Para completar, uma leitura curta.
Um conto ou três poesias, no máximo.
Foragidos, os olhos fogem e namoram o frio.
Namoram...
No inverno, a lentidão compõe as cenas.
No inverno, as flores são de gelo.
No inverno, as lembranças que ganham outras distâncias.
No inverno, a lua aponta cheia e nua e ofende as temperaturas.
No inverno, a chuva plaina como os teco-tecos que não voam mais.
No inverno, as sopinhas somam vários sabores.
No inverno, os flertes são de lã.
No inverno, lareiras, cachecóis e carinhos mais quentes rondam livremente.
Do inverno, nasce um mundo à parte.
Do inverno, nasce uma paixão única.
Única e breve.


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