Daniel Campos

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Retalhos

Quando eu a rever
Quero que venha sem passado
Para que eu possa dizer
O que há guardado
Nas gavetas
Nos cabides
Nos porões
Do meu corpo.

São tantos beijos amassados...
Abraços dependurados...
Versos empoeirados...

Guardo ainda
O seu cheiro
A sua correria
E as suas fobias.

Num frasco embaçado
Coleciono seus olhares
Emolduro seus gestos
E tranco seu silêncio
Num cofre que perdi o segredo.
Tenho seu sono
Na fronha de um travesseiro mal dormido
Tenho seus gritos
Numa redoma de vidro
E guardo uma lágrima sua
Entre as páginas de um livro.

Tenho potes e caixas
Cheios de detalhes
Que roubei
Do seu corpo
Sem que percebesse.

Tenho retalhos
Das suas roupas
E um pedaço da sua vida
Num espelho vazio.


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