10/03/2015 - Sou feito de terra
Sou feito de uma colcha de retalhos
Meu pai foi café coado no pano
Minha mãe foi de jabuticabeira
Meu coração é defumado no fumeiro
Queimo intenso como fogão à lenha
Sou caipira em cada poro, extrapolo
Caipirices em tudo o que sou e faço
Vou cortando estradão feito boiada
Vou festejando a vida feito leitão
Vou anunciando cada dia feito galo
Tenho gosto de fruta colhida no pé
Inocência de menina de pé descalço
E o frescor de pasto orvalhado
Tenho sacas e mais sacas de esperança
Sonhos semeados em mim dão
Como o sol se dá com a lua no apagar
Do lampião num mesmo embornal
Sou perfumado como mato chovido
Sou farto como almoço de domingo
Sou vistoso como capim de corte
Sou doce como cana chorando no facão
Sou caipira de avô, de pai, de mãe
Minhas marcas de nascença são de terra
De uma terra vermelha que pinta até o vento
Tenho alqueires cultivados e intocados
De amor daqueles que não se encontra por aí
Meu coração é vermelho como ovo caipira
Minha natureza é de chuva de invernada
Daquelas que chegam e não mais se vão
Mergulhando fundo na alma dos que como eu
São feitos de alguns bons punhados de terra
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.
livros
