Daniel Campos

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Ventre

Ah! Me belisca
Só para eu saber se é real
Ou sobrenatural
Este seu ventre
De odalisca
Que como um poente
Decompõe-se
Em meus sonhos,
Sonhos
Que desde o carnaval
Andavam tão tristonhos.

Ah! Ventre quente de sol
Deixa-me descer tuas ladeiras
No meu velotrol.

Ah! Ventre branco de lua
Oferta-me tua poesia em leira
E dança calada e nua.

Ah! Mulher do ventre que guarda filhos
Ah! Mulher do ventre que esconde o passado
Ah! Mulher do ventre que dá luz ao estribilho
Ah! Mulher do ventre que protege o pecado
Ah! Mulher do ventre que não é virgem
Ah! Mulher do ventre que causa vertigem
Ah! Mulher do ventre que pari a noite parda
Ah! Mulher do ventre que aguarda um querubim
Ah! Mulher do ventre que tem início e não tem fim
Ah! Mulher do ventre que nasce e renasce
Ah! Mulher do ventre que se abre ao sentimento
Do tempo ao deus dará
Do tempo ao deus dará
Do tempo ao deus dará.

Ah! O tempo e o sentimento
Ah! O sentimento e o tempo
Ah! O sentimento do tempo
Ah! O tempo do sentimento
Dançando, rodando, bailando
Girando, e se amando
No ventre da mulher
Que de repente
É tudo e só
É só e tudo
Um ventre
Nascente
Crescente
Poente.

Ah! Sol do farol
Do faraó
Ah! Arisca
Egípcia
Com sua carícia
Me belisca
Para eu saber se é real
Ou sobrenatural
A mulher
Que me passa rente
E me enlaça em ventre
E me corta em cruz
Enquanto se dá à luz.


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