Daniel Campos

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02/10/2015 - Viola cabocla

Viola quando canta enche o peito do galo da campina
As dez cordas se encontram e desencontram entre tons
E saudades do que se teve e do que nunca se viveu
Fios de destino que vão balançando igual sai de menina
Caipira que passa urucum na boca achando que é batom
E feliz sai dançando pela inocência que nunca perdeu
Viola tem alma de grilo, de sabiá, de vento no jequitibá
Viola é corrente igual água de mina e tem a sina
De ser do mato, das águas, dos causos do matuto
Da mula preta, do boi fubá, do cavalo enxuto,
É viola que toca por amor e não por esmola
É feito pássaro que canta simplesmente por cantar
Fazendo da música sua natureza e enchendo
De beleza o que vai nascendo, crescendo e morrendo
Pelo campo. Viola de deus, viola de santo, viola de reza
E que preza por tudo o que é do encanto
São dez cordas que são dez asas que são dez nadadeiras
Que são dez fiadeiras que são dez casas de joão de barro
São dez cigarras são dez carros de boi são dez de nós dois
Se gostando se enamorando se apaixonando se amando
A cada batida a cada solado a cada dedilhado da vida
Que tem raiz que brota que provoca que evoca o feliz
No toco da toca no oco da oca da viola cabocla
E quando canta enche o peito do galo da campina
E acende duas estrelas pequeninas nos olhos da menina


Comentários

05/10/2015, por Rodrigo:

A viola é a alma da música brasileira. Valorizem a viola e os violeiros. Parabéns pelo texto Daniel.


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