Daniel Campos

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14/02/2015 - Você em quanto...

Quantas bocas você já levou em sua boca?
Quantos poetas você já deixou sem versos?
Quantas camas você abandonou por nada?
Quantas vezes de gritar “não” ficou rouca?
Quantos adeuses fez ao modo mais perverso?
Quantas esperanças colocou abandonadas?
Quantos paraísos transformou em infernos?
Quantos corações partidos em seus cadernos?
Quantas coisas ficaram por dizer sem querer?
Quantas novelas fez dentro de suas janelas?
Quantos peões caíram montando em você?
Quantas alegrias você conseguiu entristecer?
Quanto de seu perfume impregnou por aí?
Quantos labirintos você criou sem saída?
Quantas asas ainda têm o seu bem-te-vi?
Quanta fome você ainda guarda da vida?
Quantas cartas por mero prazer embaralha?
Quantos sonhos você cata, toma e ralha?
Quantas confissões você deixou pra amanhã?
Quantas vezes deixou mordida uma maçã?
Quanto assinou seu nome em outras costas?
Quantas vezes você se batizou de solidão?
Quantas vezes você bateu forte as portas?
Quantas noites você disse sim dizendo não?
Quantas horas você não deu ao amor ouvidos?
Quantas vezes falou eu te amo com gemidos?
Quanto foi saudade antes de ser lembrança?
Quantas vezes você brincou feito criança?
Quantas irresponsabilidades na sua conta?
Quanto com o alheio coração ainda apronta?
Quantas vezes suas pernas foram o seu ferrão?
Quantas vezes seus olhos foram a eles grilhão?
Quantos casamentos caíram aos seus pés?
Quantos lhe chamaram de minha mulher?
Quantas horas foi santa sendo demônia?
Quantas são as suas vítimas de insônia?
Quantas vidas perfeitas você jogou fora?
Quantos das suas garras mandou embora?
Quantos destinos você desmanchou?
Quantas mortes você já provocou?
Quantos fieis você deixou sem religião?
Quantos pássaros condenou ao chão?
Quantas pétalas por ti viraram espinhos?
Quantos vinagres sobraram dos seus vinhos?
Quantos veleiros naufragaram em seus seios?
Quantos nunca mais voltaram por seus anseios?
Quantas árvores genealógicas você secou?
Quantas cegonhas pelos céus afora derrubou?
Quanto sangue por debaixo dos seus esmaltes?
Quantos bispos, torres e reis no seu xeque-mate?
Quantos cupidos caíram nas suas teias?
Quanto do seu veneno corre em outras veias?
Quantos se cegaram nas tempestades de suas dunas?
Quantos lhe entregaram idade, caráter e fortuna?
Quantos nunca mais foram iguais ao lhe conhecer?
Quantos ainda por ti estão dispostos a morrer?
Quanto tempo até dizer que está tudo pronto?
Quanto teme de ter contigo um reencontro?
Quanto, quanto ainda precisa para o seu acalanto?
Quanto no fundo do espelho encontra de encanto?


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