Daniel Campos

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O dono do mundo

O dono do mundo não é um livro. O dono do mundo não é uma novela. O dono do mundo não é um apelido. E "mundo" não é o nome de um cachorro. O dono do mundo fala inglês e usa chapéu de vaqueiro.

O dono do mundo faz o que bem quer. Invade, bombardeia, arrasa e inventa desculpas. O dono do mundo comete os sete pecados e quantos mais houver. O dono do mundo quer o último spot de luz de uma noite escura. Não há papa, rei, bacharel que o derrube.

O dono do mundo não pede conselhos ou dá satisfações. Para o dono do mundo, nada importa além de seu umbigo. Nem civilizações nem culturas nem sentimentos, o que importa é conquistar fincando sua bandeira em cada milímetro quadrado de mundo.

O dono do mundo está distante. O dono do mundo está em sua boca. O dono do mundo está numa casa toda branca. O dono do mundo está no refrigerante que você bebe. O dono do mundo controla desde seu maior sonho de consumo até a esmola que você entrega ao seu deus.

O dono do mundo financia o mundo. O dono do mundo nos joga num mundo sem fundo. O dono do mundo acredita que tem um mundo e o mundo acredita que tem um dono. O dono do mundo é dono do papai-noel, do transatlântico e da diária do motel.

O dono do mundo é dono da fome, da crise e da cólera. O dono do mundo não é do tipo romântico. O dono do mundo é dono do suicídio e do homicídio. O dono do mundo é dono de uma gente que anda, mas não sabe para onde vai.


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