Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 4 de 37.

24/01/2014 - Caminheirismo

Vamos, vamos sem ai, sem ais. Vamos, vamos sem nos deixar para trás. Vamos para onde o dia cai no colo da lua, que não recua em sua sensualidade natural. Vamos, vamos para o espaço sideral. Vamos, vamos para as ladeiras, as cachoeiras, as corredeiras, as fileiras de além-mar. Vamos, vamos para onde o assunto não se acaba e o coração não se cansa de falar. Vamos, vamos para o interior do exterior ou o exterior do interior, mas vamos para onde o destino nos propor em seu caminho. Vamos, vamos para onde o brilho não se esvai. Vamos, vamos para Atlântida, para Babilônia, para Dubai. Vamos, vamos para a fronteira da realidade. Vamos, vamos no íntimo mais íntimo da intimidade. Vamos para onde o vento vai de encontro ao sentimento. Vamos, vamos nos balançar nas linhas dos trópicos. Vamos numa odisseia cumprindo o acontecer em todos os seus tópicos. Vamos nos internar num tempo da gente, cada qual com seu eu apaixonadamente apontado para o infinito como pontas latentes de estrela que ponteiam a frente e o verso do universo.


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Caminho de dentro

Dentre tantos caminhos, nasci. E ao contrário de Drummond, não me lembro de nenhum anjo torto, daqueles que vivem nas sombras, vir me dizer alguma coisa. Nasci. Alguns anos de namoro na década de setenta. O casamento e mais algum namoro. Nasci. E era dia dez, como tantos outros dias dez. E era junho como tantos outros junhos. E não era feriado, não era dia santo, sequer era domingo.

Um dia normal, se é que os dias são normais. Ou melhor, era uma tarde normal, como tantas outras do século XX. O sol começava a procurar um esconderijo para que, quente de amor distante, pudesse admirar os fetiches da lua. Perto das cinco da tarde. Nem tão tarde para um desejo de boa-noite nem tão cedo para um desejo de bom-dia. Mas o momento exato para tantos outros desejos. Uma hora estranha com crise de identidade diante do tempo dos relógios....
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Caminhos

Eu caminho, tu caminhas, nós... A vida é feita de caminhos, caminhadas, caminhantes. Caminhos feitos de terra, de pedra, de mar, de céu, de mato, de fogo. Caminhadas feitas de procuras, esperas, encontros. Caminhantes feitos de sonhos e lembranças.

Nessa caminhada, independente dos acontecimentos, segue-se em frente. Nesse caminho não se vê muito adiante, uma espécie de cerração toma nossos olhos, portanto, sonhar é uma questão de sobrevivência. Os passos podem ser lentos ou apressados, estreitos ou largos, firmes ou fracos, mas são para frente....
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01/12/2009 - Camomila, messieur

Garçom, por favor, traga-me, com as devidas urgência e discrição, um chá de camomila. Nem muito amargo nem muito quente. A minha última noite não foi nada agradável. Insônia, dores, pensamentos negativos, radioativos e até mesmo, degenerativos. Preciso que o senhor, num golpe de mestre, retire todas as propriedades medicinais possíveis da Matricaria chamomilla com uma leve fervura. De preferência, 98º C. Preciso de seus efeitos calmantes e digestivos. Essa gastrite nervosa já me acompanha há algumas estradas. ...
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08/03/2013 - Campos de Praga

A cada dia sua poesia vai ficando mais moça
E a minha vida longe de você mais insossa
E a fantasia é só prazer é só querer é só poder
E que ninguém, meu deus, ouça
O que eu digo aos teus ouvidos
Eu quero é me perder nos seus olhos perdidos
Entre as montanhas e as castanhas
Entre as manhãs e as avelãs
Entre os algozes e as nozes
Contido no desejo que gozes

Seus seios vão crescendo em minhas mãos
E eu vou bebendo nas tabernas das suas pernas...
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13/02/2011 - Canção de Peão

Quem vem lá, quem vem de lá? É o peão que não tem medo da morte desafiando a vida montado no cavalo do norte. Peão que tem porte de homem e alma de menino, chapéu rústico e trato fino. Veste linho e troca o vinho pela cachaça. Nunca se perde e acha até agulha no palheiro. Homem do campo, planta sua vida no terreiro em pés de peão estradeiro, peão campeiro, peão ilusão, peão coração, peão violeiro, peão boiadeiro.

Quem vem lá, quem vem de lá? É o peão pé de valsa, que calça botina e roda a cabeça das meninas. Peão do zóio verde que tem sede de olhar o que é bonito. Peão que gosta de ser visto sempre alinhado e tocando o próprio destino. Peão que tem no peito um berrante, pulsando e chamando sua boiada para perto de si, batendo e cantando pela estrada feito peão bem-te-vi....
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23/01/2016 - Canoeiro descendo o rio

O canoeiro vai de corpo inteiro descendo o rio. Pelas margens vai vendo a vida passar e se transformar. Quanto mais ele se distância da nascente maior é o ritmo do tempo que vai mexendo com tudo. Vai deixando saudade, lembrança e os sonhos que não conseguiu realizar até hoje. O que ele queria ser ontem e não foi fica pelo rio. O que ele podia ser ontem e já não pode hoje fica pelo rio. O leque de oportunidades perdidas, seja lá por qual razão, fica pelo rio. Já o canoeiro, realizado ou não, segue em frente buscando ser e fazer o que ainda o cabe. E tudo passa a fazer mais sentido, como que o fazendo enxergar pela primeira vez, quando ele descobre que não é ele quem desce o rio, mas o rio que desce com ele.


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14/04/2013 - Cansada

Cansada de tanto esperar, ela aconteceu. Cansada de tanto se dar, ela se fechou. Cansada de tanto falar, ela se calou. Cansada de tanto sonhar, ela realizou. Cansada de tanto prender, ela cedeu. Cansada de tanto fazer, ela parou. Cansada de tanto largar, ela pegou. Cansada de tanto amar, ela chorou. Cansada de tanto querer, ela rezou. Cansada de tanto errar, ela se culpou. Cansada de tanto engolir, ela explodiu. Cansada de tanto vir, ela partiu.

Cansada de tanto sorrir, ela se zangou. Cansada de tanto obedecer, ela se libertou. Cansada de tanto andar, ela voou. Cansada de tanto beber, ela caiu. Cansada de tanto prazer, ela transcendeu. Cansada de tanto procurar, ela se perdeu. Cansada de tanto recuar, ela beijou. Cansada de tanto se limitar, ela ousou. Cansada de tanto doer, ela enlouqueceu. Cansada de tanto defender, ela bateu. Cansada de tanto lembrar, ela esqueceu.


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08/06/2011 - Cansei de você

Não quero mais escutar a sua voz. Não me ligue. Não me provoque. Deixe-me a sós. A sós com meus pensamentos, com minha família, com meu próprio tempo. Diga-me adeus. Finja, por favor, que me esqueceu. Não suporto mais essa conversa fiada. Não quero nada de você, apenas seguir minha estrada. Não sou sua propriedade, não invada minha privacidade e não ouse jamais falar em saudade. Se a distância existe é porque bem mereceu. Ninguém sente falta do que nunca foi seu.

Não me venha com seus ais, pois para mim você não existe mais. É apenas uma relação de obrigação. Estou farto do seu jogo, da sua manipulação, das suas mentiras. Deixe-me em paz para que eu possa prosseguir com minha lira. As mágoas não passam e, as feridas não fecham e as palavras não se apagam. Você não manda em mim, você não me comanda enfim, você não me diz não nem sim. Se pudesse, esmagava suas lembranças com meu coturno e pegava o próximo ônibus para saturno. ...
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23/05/2016 - Canta e suplanta

E quando tudo anoitecer, canta. E quando tudo se perder, canta. E quando tudo vier a sofrer, canta. Canta, canta, canta que o canto a dor encanta. Canta pra trazer a dor que te agiganta. Canta porque o canto te suplanta. Canta o que ecoa pelo seu ser. Canta extravasando, sangrando, libertando o que não pode mais guardar. Canta o seu pranto. Canta num berradeiro ou no silêncio de um mantra. Canta o que não dá mais para olvidar. Canta, canta, canta que a vida te cobre com uma manta. Canta aos pés, ao colo, ao olhos da santa.


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