Daniel Campos

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Encontrados 207 textos. Exibindo página 7 de 21.

17/03/2015 - Deixa-me

Deixa-me oficialmente porque coloquialmente já tinha se esvaído dos meus braços. Deixa-me fechando, trancando, lacrando as portas porque a dor das dores se chama esperança. Deixa-me à deriva num oceano de incertezas à mercê dos piratas cegos de amor. Deixa-me sem precisar apelar para as falsas acusações, pois saiba que não precisa de desculpa para seguir seu caminho. Deixa-me sem compreender o meu amor que foi tanto, mais que tanto, e mesmo tanto, insuficiente para matar a sua sede. Deixa-me atordoado, machucado, tombado sobre os escombros do que construí por nós. Deixa-me como quem deixa o que perde a validade. Deixa-me e, por favor, não ouse falar em saudade. Deixa-me porque todos os seus motivos são o bastante para tal deixa. Deixa-me sem culpas ou arrependimentos, não somos melhores que os ventos que acabam e começam e reacabam e recomeçam a todo instante. Deixa-me levando a certeza do meu amor sincero, verdadeiro, intenso... Deixa-me sabendo que será para sempre, todo o sempre, sempremente, inesquecível. Deixa-me atolado nessa areia movediça de lembranças na qual quanto mais mexo mais afundo. Deixa-me doendo o seu sofrimento, pois nunca suportei lhe ver sofrer, quanto mais lhe fazer... Deixa-me com as marcas dos meus erros. Deixa-me insuportavelmente carente. Deixa-me no que resta de nós. Deixa-me iludido com o que fui, com o que signifiquei, com o que simbolizei para você. Deixa-me de uma vez por mais que a vontade seja de deixar aos poucos. Deixa-me sem voz, sem cheiro, sem tato, sem som... Deixa-me como quem deixa um porco para o abate, sabendo que por mais que doa a dor alheia só fará doer-me mais. Deixa-me sangrando nossos sonhos incompletos. Deixa-me como uma mensagem dentro de uma garrafa, seja eu um pedido de socorro ou uma declaração de amor perdida no tempo. Deixa-me como numa música de Chico Buarque. Deixa-me como quem deixa um livro sem terminar de ler. Deixa-me com espaços vazios entre os primeiros parágrafos e o derradeiro ponto. Deixa-me como uma aliança sem par, como um romeu sem julieta, como um poeta sem musa. Deixa-me tentando me convencer de que é o melhor para nós dois. Deixa-me como quem deixa a vida para depois. Deixa-me para além de um blefe, numa cartada final, e se quiser maltratar de vez é só chamar de moleque, de cafajeste ou de pivete. Deixa-me e se for para não ter volta é só afirmar que sou igual a todos os homens que já passaram e ainda vão passar pela sua vida. Deixa-me e se for de verdade, basta se despedir uma só vez sem me chamar de amor. Deixa-me como fruto mordido, como um dia esquecido, como um mal resolvido, como um sentimento proibido. Deixa-me no desejo de ter vivido muito, muito, muito mais ao seu lado antes de ter sido decretado passado. Deixa-me porque mais dia menos dia o que pesa na bagagem deve ser deixado pela estrada. Deixa-me porque ninguém é obrigado a suportar um amor demais. Deixa-me pelos cantos, só não precisa dizer com todas as letras que acabou o encanto. Deixa-me, mas não rasgue de seu diário as páginas que dizem sobre mim, pelo menos não na minha frente. Deixa-me inesperadamente depois de tantos ensaios. Deixa-me consciente de que por uma época me chamou de vida e acreditou que eu fosse sua metade perdida. Deixa-me com sua pele ainda em minhas mãos, com seu cheiro grudado em minhas narinas e com meu destino ainda se casando com sua sina.


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13/12/2015 - Deixados

Deixei na sua casa uma rosa amarela e uma carta com aquela letra que você não entende mas sabe tudo o que está dito e redito e bendito. Podia ter deixado um vestido, um pão amanhecido ou um cabrito, mas deixei uma rosa amarela bem na sua janela e uma carta daquelas difíceis de ler e esquecer. Deixei todas as partes dos meus amores nas asas dos condores que circundam o céu da sua casa. Deixei mentiras pelo jardim e verdades cá dentro de mim esperando você vir buscar. Deixei estradas abertas só para você passar. Deixei noites de luar polvilhadas de vagalumes e ciúmes. Deixei corações invisíveis por aí para você descobrir aos poucos. Deixei o mais louco dos meus mundos para você habitar, aquele que não tem regras e não sossega de amar a coisa amada.


Comentários (1)

18/09/2016 - Deixar ir...

Muitas vezes nós passamos a vida toda querendo tanto algo ou alguém que esquecemos de aprender o principal: deixar isso ou esse/essa ir, partir, seguir seu caminho independente do nosso.

Por quantas e quantas vezes nós insistimos e sofremos justamente porque vamos longe demais segurando algo ou alguém que não é (mais) pra gente.

Queremos, por exemplo, que um amor seja eterno. Mas o poeta já dizia: que seja eterno enquanto dure. E quem disse que para ser grande, o amor precisa durar para sempre?...
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25/09/2012 - Deixe a dor sangrar

Deixe a dor sangrar para além do entendimento de Lacan, Freud, Jung. Redimensione, conheça, persiga a sua dor por meio de pilates, ioga, macrobiótica, meditação, psicanálise introspecção. Busque a liberdade com a certeza de que a dor tentará lhe aprisionar, lhe podar, lhe cercar de todos os jeitos. A dor é autoritária, burocratizante, centralizadora, leviana, estatizante, dirigista, controladora, intervencionista...

Viva com solidariedade, respeito, coragem e união as suas dores. Esqueça-se das anormalidades físicas causadas pela dor e concentre-se no desequilíbrio psicológico provocado por ela. A dor é capaz de lhe tirar do mundo, de lhe abstrair da realidade, de mudar seu ponto de vista, de dar outra forma para sua alma. A dor lapida. Não blasfeme. O sofrimento é bem-vindo para aqueles que desejam evoluir espiritualmente....
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16/01/2017 - Deixe o amor entrar

Você ama, ama, ama, mas já se permitiu ser amada? Já deu brechas para o amor ter acesso ao seu íntimo? Você ama, mas coloca barreiras inacessíveis para que esse amor volte até você. Por que tanto medo? O que a faz fugir da paixão que provoca? Que autodefesa é essa que só faz te sabotar? Você não chega a lugar algum blindando seu coração. Deixe o amor chegar, entrar e habitar o seu ser. Ame e permita ser amada pra valer. Seja sincera consigo mesma. Não se esconda. Não finja ser essa pessoa durona que você não é. Não tenha medo de deixar alguém entrar em seus labirintos. Não se acovarde diante de suas fraquezas, afinal, você é tão humana quanto aquele que ama. Não se acanhe em compartilhar seus sonhos, seus hábitos, suas inseguranças. É tão mais difícil ser cuidada do que cuidar? Admita que você não está no controle de tudo. Esse é o primeiro passo para que o amor possa ser tanto doado como recebido por você. ...
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01/08/2014 - Delicie-se

Delicie-se de tudo o que o amor pode trazer aos seus pés, as suas pernas, a sua cintura, ao seu colo, aos seus pulsos, a sua boca, a sua nuca... O amor bem amado é capaz de provocar delícias que fogem ao campo do conhecimento. Para tanto, não se prenda, não se arrependa, não se coloque uma venda. Solte-se, liberte-se, encare o deliciamento propício do maior dos sentimentos. Assuma-se digna de todas essas delícias e aproveite cada uma delas sem pesar ou pudor. Ama sem culpa e sem ter que pedir perdão. Não há espaço para desculpa ou qualquer outra confissão que não seja: “eu amo demais” ao longo dessa deliciação.


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21/07/2016 - Dentre tantos começos

Espero que eu tenha te ensinado algo de bom assim como você me ensinou a ser uma pessoa melhor. Do fundo do meu coração, torço para que alguma das minhas sementes brote, cresça, de flores e frutos em sua vida. Quero vê-la feliz como sou feliz cada vez que estou ao seu lado, que escuto a sua voz, que sou parte da sua estrada. Aliás, por falar em estrada, muito obrigado por me deixar caminhar mais uma vez ao seu lado. Com todo sentimento, que haja cada vez mais encontros e reencontros do que desencontros no tocante a nós. Que todo esse amor que eu sinto por você seja útil de alguma forma no seu dia de hoje, pois amanhã eu acordarei para te dar tudo – e até mais - de novo. Eu não termino e nem recomeço porque nunca terminei, na verdade, eu começo todo dia por você, pra você, em você. E dentre tantos começos que algum seja escolhido por você para ser pra sempre.


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20/11/2014 - Dentro de mim moro eu

Pra onde quer que eu vá levo você nos meus porta-retratos interiores. São quadros e mais quadros pendurados nos vãos, nos corredores da minha alma. São pinturas enraizadas de memórias passadas, presentes e futuras. São resquícios de um tempo completo em mim. São sinais de uma vivência intensa propensa à eternidade. Tudo o que vivi e o que sonhei viver flutuam no oceano do meu sentimento. Muitas lembranças estão foram de ordem, mas se encaixam perfeitamente. Tudo o que eu tenho é o que eu fui e o que eu quis ser e o que eu achei que seria mais dia menos dia.


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27/08/2010 - Depois da quimioterapia, a magia das flores

Aos pacientes com câncer, as flores. Ao menos, é isso o que diz a medicina chinesa. Não que as flores enfeitarão a morte dos enfermos ou quebrarão a tristeza dos ambientes onde são realizadas as temidas e angustiantes sessões de quimioterapia, mas possibilitarão o Huang Qin Tang.

O antigo remédio é feito com flores de peônia e escutelária, além da seiva de uma árvore. A fórmula não traz a cura do câncer, mas alivia os doentes dos vômitos e diarréias decorrentes da quimioterapia. ...
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28/01/2010 - Depois das onze

Já passa das onze e eu voltei a ser quem eu sempre fui mais uma vez. Em meio a insensatez, canta-se o fado, redescobre-se o prado e as voltas do mundo revoltam o vagabundo que faz da sarjeta sua maior e melhor opereta. No chão, o agreste de Tieta e no céu, uma lua preta. O anjo se esqueceu da letra e a noite surgiu clara como o dia no convés de Maria. Ai meu Deus, quanta melancolia no revés da noite fria.

A madrugada avança e em feitio de criança, já não sei quem sou. Será que sou o fadista, ou o vagabundo, ou o malabarista, ou o breu da lua, ou a madrugada crua, ou o anjo farrista ou o mundo sem motorista? Será quem eu sou? Será quem eu fui? Qual será a minha alegoria? Será que sou triste ou somente o lado B da alegria. Já passa das onze e cá estou, tão longe quão perto de mim, outra vez.


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