Daniel Campos

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Encontrados 45 textos. Exibindo página 1 de 5.

24/04/2016 - Idade interior

Os jovens envelheceram. As crianças cresceram. Mas o menino que há cá dentro em mim continua aqui, a assoviar, larara lariri. Não deixe a meninice te escapulir. O sentimento é o que a gente quer fazer existir. A idade não conta quando a gente dá conta de sorrir. Não importa a matemática da certidão de nascimento, dos registros oficiais. O que importa é o agora, o que deve ser vivido, o que não volta mais. Esqueça do tempo, pois tempo não se prende, não se acumula, nem tem bula. Então, arreganha o coração e ganha o mundo, pois este segundo você não viverá mais não. E o melhor é viver tudo com a idade do perdão. A idade que permite que nos perdoemos e, acima de qualquer coisa, não nos culpemos mais não por dar à luz a imaginação.


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14/01/2016 - Indo de tudo quanto é jeito

Se eu for de caminhão, chegarei ao final do estradão. Se eu for de asa-delta vou até onde o vento quiser. Se eu for de nave espacial preciso, antes de tudo, aprender a língua dos extraterrestres. Se eu for a pé posso me perder em alguma mulher. Se eu for de balão não será mais inédito dar a volta ao mundo. Se eu for de submarino posso encontrar cidades perdidas, galeões assombrados e criaturas desconhecidas. Se eu for de cipó pode ser que eu chegue só à metade do caminho. Se eu for de ponto em pesponto que coração servirá de linho? Se eu for de espinho em espinho chagarei perto da rosa a ponto de eu pular e desfolhar seu cálice perfeito. Se eu for de jegue para tudo dá-se um jeito. Se eu for cortando caminho perderei o melhor, com certeza. Se eu for de trem eu alcançarei a realeza. Se eu for de bicicleta eu pedalarei sozinho. Se eu for de barco eu me darei à correnteza. Se eu for nos olhos das mulher amada verei o que quero e o que não quero. Se eu for pela boca da mulher desejada eu, na primeira oportunidade, me jogarei ao coração. Se eu for pela saudade aí andarei em círculos e não há de prestar mais não.


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12/01/2016 - Indo longe

E ela dançou, dançou, dançou até fazer vendaval e sair de pernas dadas com o vento para algum lugar do espaço sideral. E ele acreditou que a terra tinha fundo e cavou, cavou, cavou tão profundo que achou o oco do mundo. E ela pensou que a lua fosse de mel e procurou, procurou, procurou e não achou abelhas lunares, mas encontrou a rainha de Antares. E ele idealizou o amor perfeito e sonhou, sonhou, sonhou até acordar numa paixão desenfreada vendo na mulher amada sua loucura materializada.


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19/10/2015 - Inferno pra baixo?

Se o inferno fica pra baixo por que enterramos nossos mortos? Por que cavamos para encontrar batatas, mandiocas e gengibres? Se é tão ruim lá embaixo por que as raízes das árvores vão a fundo? Por que abrimos buraco para buscar água? Se o inferno é no profundo do mundo o demônio não deve dormir com o barulho do metrô e ter sua casa destruída com escavações à procura de água, petróleo, ouro? Os piratas não tinham medo do fogo do inferno ao enterrarem seus tesouros? Se o inferno fica pra baixo por que as minhocas e tatus não ficam cozidos? Se o inferno fica pra baixo por que a terra é boa pra plantio? Se o inferno fica pra baixo por que ainda não nos acabamos num imenso vulcão? ...
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23/07/2015 - Iluminidade

Ilumina, ilumina, ilumina eu. Eu que não sou daqui, sou de deus. Nasci do tempo, venho do espaço. Ilumina meus passos e passa comigo. Ilumina meus braços e dá-me asas e abrigo. Ilumina meus traços e me intua por onde sigo. Se eu ando na tua eu não tenho medo do perigo. Ilumina cada esquina minha, pois a vida é encruzilhada e é preciso luz pra clarear a estrada. Ilumina, ilumina, ilumina a passarada e faça da vida a minha mulher amada. Ilumina, ilumina, ilumina pra cá que sabiá não voa na escuridão e se voar se perde na solidão. Ilumina, ilumina, ilumina, já que minha sina é a claridade. Ilumina, ilumina, ilumina me dando a iluminidade.


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12/07/2015 - Ipê rosa

Olha quanta prosa pelas ruas. Árvores nuas. Buquês rosas. Vê os ipês. Crê no poder das cores que explodem e eclodem amores. Pelos canteiros de ipês há tanto querer. São beijos rosados, corados, vingados de amor. São flores altas voando feito condor. São amores doces beijados de bico em bico que o diga o senhor beija-flor. São árvores de claves de sol e de lua. Entre pés de ipê, dentre homem e mulher, minha boca encontra a sua.


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23/05/2015 - Iludicamente

Nem todo vento enverga. Nem toda chuva molha. Nem todo puxão rasga. Nem toda criatura é do criador. Nem toda morte leva. Nem todo laço prende. Nem toda dor fere. Nem todo tempo é suficiente. Nem todo amor é pra sempre. Nem toda loucura dura. Nem todo calor esquenta. Nem todo coração se abre. Nem toda flor perfuma. Nem todo abraço acalenta. Nem toda boca geme. Nem toda palavra faz sentido. Nem todo braço é asa. Nem toda vida é para valer. Nem todo passado fica. Nem toda semente brota. Nem todo broto vinga. Nem toda partida volta. Nem todo bem é bom. Nem todo mal é ruim. Nem toda mulher quer. Nem toda fé é santa. Nem toda princesa tem reino. Nem todo cachorro late. Nem todo cacau é chocolate. Nem todo vento acaba. Nem toda estrada curva. Nem todo açúcar adoça. Nem toda pimenta queima. Nem toda poesia é poema. Nem todo choro é triste. Nem toda porta fecha. Nem todo galo acorda. Nem todo ser é pra ser. Nem todo humano tem plano. Nem toda esperança se alcança. Nem todo pivete é moleque. Nem toda seita é feita. Nem toda pedra quebra. Nem todo sol nasce. Nem todo beijo estala. Nem todo corpo se encaixa. Nem todo fim é o fim.


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28/04/2015 - Indicações

Minha paz é o desassossego do mundo. O melhor do meu tempo é o próximo segundo. seu teto é o meu fundo. Nossos corações estão alinhados entre Júpiter e Saturno. Sempre fomos do mesmo turno. Teremos menos do que já nos foi muito e muito mais do que já nos faltou. Nosso sacrifício futuro já nos absolveu no passado. Os braços direito e esquerdo no abraço trocam de lado. Ao jogar a âncora marinheiro que é marinheiro pede licença ao mar. A aranha só tem oito pernas se a gente contar. As pedras se beijam com suas bocas duras e sempre há uma lua perdida na noite escura. Vaca esperta pasta de marcha-ré. Leite bom se levanta na primeira fervura. E sereia é metade peixe ou metade pássaro e metade mulher.


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11/01/2015 - Ignorância

Por que me olha assim como se não visse nada? Até quando você vai me dar suas costas? Por favor, me perdoa, não me ignora, eu sei que nada é à toa, mas... Pra que tantos ais? Deixa meu barco voltar pro seu cais. Eu preciso do remanso dos seus olhos mansos. Cansei das tempestades, de viver à mercê da saudade, de vagar sem rumo pela cidade. Quantas vezes eu fui pra seu endereço. Por muitas horas eu me vi ligando pro seu telefone. Pensar que nunca mais vai ser como era antes é um inferno de Dante. Tenha certeza de que a tristeza que exala me cala. Cada vez que me ignora cava um pouco mais da minha vala. ...
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16/10/2014 - Inigualável

Na escuridão do dia ela chega de assalto, ensolarada e quente, como se fosse queimar a gente em sua combustão poética. Chega sem ruídos colocando as peças do meu destino em movimento como num tabuleiro de xadrez. Reconheço cada um dos seus silêncios primaveris, que gritam como flores se abrindo. Já parou para pensar nas dores de parto das flores se abrindo para enfeitar seus jardins, suas ruas, seus vasinhos? Pois bem, a mulher que amo floresce calada para enfeitar minha cama, meu corpo, meu lado, minha alma. Eu me comovo com tudo isso e com isso tudo. E mesmo no quarto escuro reconheço nitidamente a explosão de silêncios da mulher amada se transformando em ramas e pétalas. Uma sinfonia natural, delicada, imperceptível para os ouvidos que não se atentam à poesia. Na verdade, ouso dizer que somente um mente apaixonada é capaz de perceber tais notas. Notas musicais e perfumadas que se espalham pelo ar a partir da mulher que floresce como uma fragata deslizando pelos céus da minha imaginação, que é mais real do que muito do que se vê por aí. Floresce, íntima e singular, de forma inigualável na medida exata do amor.


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