Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 3 de 20.

30/01/2016 - Machismo

Mulher, hoje tem jogo, então bota mais feijão no fogo. Mulher, hoje tem futebol, então nada de novela ou besteirol. Mulher, hoje tem pelada, então nada de me olhar com esses olhos de trovoada. Mulher, hoje tem carnaval, então faça de um jeito especial. Mulher, hoje tem festa, então não seja ciumenta, possessiva, indiscreta. Mulher, hoje tem feijoada, então nada de fazer cara de enjoada. Mulher, hoje tem Maracanã, então fique sabendo que eu só volto de manhã. Mulher, hoje tem festejo, e em dia assim fico tinindo de desejo. Mulher, hoje tem roda de amigos, então nada de brigar comigo. Mulher, hoje tem bate-bola, então não vem com isso e aquilo, ai ai não me amola. Mulher, hoje tem bloco na rua e eu vou, já você, fica em casa, com suas asas e toda nua, porque quando eu chegar, ai ai, você vai gostar.


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19/01/2016 - Música de chuva

Em dias assim, chuvosos, nada é melhor do que acordar com Tom Jobim salteando pelas brancas e pelas pretas em arranjos de puro frescor. E, sem mais, tomar café com Vinícius de Moraes sentindo cada célula se apaixonar ainda mais como se isso fosse possível. Ver Bethânia surgindo radiante como um raio de Iansã e ouvir Alcione bradando por entre as nuvens tal um trovão que arrepia até a alma.


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06/12/2015 - Marília Pêra continua em cartaz

Depois de 72 anos brilhando por aqui, Marilia Pêra voltou ao espaço, para sua casa original, junto das outras estrelas. Dançou, cantou, atuou, dirigiu, ensinou, produziu, coreografou, amou. Viveu como numa fusão nucelar, liberando toda energia e transcendendo ao infinito.

Ela de uma nobreza, de um porte de rainha, de uma arte inerente à existência, de uma magnitude ímpar, de uma delicadeza forte, de uma luz que cobre a todos como um manto, de uma beleza que não envelheceu, de um encanto que jamais se perdeu. ...
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03/12/2015 - Maria Etelvina

Maria das Etelvinas, das portuguesas que cruzaram o Atlântico para tecer suas histórias neste chão. Etelvinas de coser. De seus doces. De suas costuras. De suas belezas. De seus fados.

Etelvina das Marias, das brasileiras que são índias, nativas desta terra, mistura de mulheres, de sonhos, de expectativas, de paixões.

Maria Etelvina que não abre mão do seu amor, que vive para seus filhos, que ano após ano vai abrindo caminho. Maria das saudades, Etelvina de todas as idades. ...
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02/12/2015 - Mortes poéticas

Se eu fosse violeiro eu pegava minha viola e abria caminho até morrer num luar do sertão. Se eu fosse pescador eu entregava meu barquinho às ondas e ia morrer em alto-mar. Se eu fosse lavrador eu semeava meus sonhos para morrer em paz na terra que daria meus frutos. Se eu fosse criança eu juntaria um tanto de balão de gás e ia morrer perto das estrelas. Se eu fosse mergulhador eu ia ao fundo do oceano encontrar um galeão para morrer pirata. Se eu fosse festeiro eu acendia uma fogueira pros três santos e morria lá no meio. Se eu fosse capoeirista eu jogava contra o mal e morria em nome do bem. Se eu fosse astronauta eu tomava o primeiro foguete rumo à lua para morrer na solidão daquelas crateras. Se eu fosse caçador eu me dava de comer à onça para morrer naquelas presas. Se eu fosse pássaro eu voava, voava, voava até me faltar asa e morrer como morre o vento. (...) Mas eu sou poeta e como tal só sei morrer de amor... E assim eu vou, entre versos e linhas, morrendo de amar.


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30/11/2015 - Mangas da paz

As mangas caem como que oferecendo sua suculência às bocas famintas. E há mais naquela carne amarelada repleta de fiapos do que podemos enxergar a olho nu. Há paixão, desejo, conexão com a infância. Diante de uma manga madura perdemos a compostura, esquecemos a etiqueta, e rendemo-nos ao instinto de morder aquela pele macia. Os dentes fincando naquela carne quente. A língua passeando por aqueles sabores todos. Uma explosão não só na boca, mas no corpo todo. Eis o efeito de uma manga madura. Se no meio de uma guerra, entre as trincheiras, surgisse uma fileira de mangueiras, tenho certeza de que o combate teria fim ou, ao menos, uma pausa. Ninguém tacaria mangas, pois queremos as mangas para nós. Para o nosso deleite, para o nosso prazer, para o nosso desfrute. E depois de nos aventurarmos por tudo o que nos possibilita uma manga, suculenta e perfumada, a guerra perderia o sentido. Portanto, pelo encanto, plantemos mangueiras para colhermos a paz.


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25/11/2015 - Meus óculos e Iemanjá

Já estava me despedindo do mar quando Iemanjá quis os meus óculos. Estavam comigo há quase dez anos, mas isso não é nada diante do querer da rainha do mar. Eu não relutei, tampouco reclamei. Pelo contrário, agradeci. Afinal, Iemanjá quis algo meu. E, inconscientemente ou não, sorri. Dei de bom gosto. Não sei o que queria com meus óculos velhinhos, mas isso também não me compete saber. Se Iemanjá quer, Iemanjá terá. Hoje ainda penso como ela deve estar fazendo uso deles. Talvez esteja vendo por aquelas lentes tudo o que eu vi em quase uma década olhando por aí. Muita coisa ficou capturada naquelas lentes. O valor de lembrança certamente é muito maior do que o financeiro ou estético. E ela quis minhas visões, o que chegou do mundo até meus olhos. Iemanjá viu tudo o que eu vi nos últimos anos. Dividir minhas visões com a rainha do mar é algo que me fez sair daquelas ondas em estado de graça. Iemanjá sabe agora tudo o que eu vi e vivi. Enquanto muitos dão espelhos, flores e perfumes para Iemanjá eu, de certa forma, dei os meus olhos. ...
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20/11/2015 - Mãos que faltam

Olhando para o ontem, hoje faltam mãos para catar feijão, pra quarar a roupa, para engomar os colarinhos, para bater as claras em neve, para mexer as brasas do fogão a lenha, para escrever com giz nos quadros negros, para bater as teclas das máquinas de escrever, para dar corda nos relógios, para colocar a ponta da agulha no vinil, para reger as juntas de boi do carro, para socar café no pilão, para afinar viola, para bater figurinha, para fazer carrinhos de lata, para fazer a corte, para virar a antena da televisão, para pregar botão nos olhos da boneca, puxar a cadeira para sua dama, para subir em árvore, para achar a estação no rádio, para semear a lavoura, para carpir quintal, para debulhar lágrimas, para jogar bola de gude, para enrolar bola de meia, para acender o lampião, para selar cavalo, para pendurar balanço, para cuidar do seu amor.


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23/09/2015 - Mulher viola

Seu corpo é feito viola que tiro música sem nem perceber. Afino suas cordas no meu diapasão-coração. E lhe faço acorde. E me faço desejo. E há beijo em todas as casas. Tal viola você me dá raízes e alonga minhas asas. No seu braço seu choro. No seu corpo eu me deito. Na sua cintura me ajeito. E canto seguindo seu tom. Eu sou caipira, apaixonado arretado, eita trem bão. Tem voz doce e é toda encorpada. Chega tremer na minha mão. Atarraxo meu corpo ao seu e a melodia corre solta. E quando acaba uma eu começo outra. ...
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22/09/2015 - Malandro

Malandro quando desce o morro já sabe que vão pedir socorro e lhe acusar. Malandro que é malandro guarda o coração dentro de um escafandro. Malandro vai pro asfalto como pato vai pra terra sem saber andar. Malandro chega no samba e já quer se enamorar pela passista que por ele começa seu passo a enfeitar. Malandro que é malandro sabe tudo quanto é meandro. Malandro toma cuidado para não se apaixonar, mas quando se apaixona é malandro para não deixar a paixão se acabar. Malandro tem corpo fechado, não acredita em pecado e sabe se cuidar. Malandro que é malandro não tem mando, deixa levar.


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