Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 5 de 21.

12/01/2015 - Esperando por mim

Tem alguém esperando por mim num janela, numa esquina, numa dobra de mundo, num cais, numa cama, numa vala, numa nuvem, numa mina, numa rama, numa sobra de rua, num jequitibá, numa maré-cheia, num alento, num tempo, num sofá, num banco de areia, na beira de um fogão, num bosque, numa sorveteria, nas páginas de um livro, num morro, num estradão, num telhado, numa fantasia, num passado, numa tarde vazia, num crivo, num riachão, numa sacada, numa escada, num altar, num lugar qualquer, numa noite mulher, num porta-retrato... pra um amor de direito e de fato. ...
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05/01/2015 - Epidemia no céu

O céu foi tomado por uma epidemia de nuvens. São nuvens brancas, negras, rosas. O céu azul nunca mais foi azul. O céu deixou de ser dos anjos para ser das nuvens. E são infindos formatos, tamanhos, profundidades que nossos olhos terrenos chegam a ficar tontos com tanta informação. Há nuvens de chuva e de seca. Há nuvens engraçadas e sem graça. Há nuvens inteiras e partidas. Há nuvens de bichos e homens. Há nuvens simples e dobradas. Há nuvens carregadas e vazias. Há nuvens de dar medo e de se apaixonar. Há nuvens de sombra e de sol. Há nuvens de silêncio e de trovão. Há nuvens aos pares e na solidão. E epidêmicas, as nuvens se multiplicam na velocidade da luz. Com nuvens só há nuances de luar. Sim, a lua fica semanas sem dar os quartos. E as estrelas ficam detrás das cortinas de nuvens se esforçando pro seu brilho não ser em vão. As nuvens que embelezam o céu são as mesmas que escondem o universo por detrás de seu falso véu.


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24/12/2014 - Estrada de dentro

As estradas, mesmo estando no mesmo lugar, não são mais as mesmas. Estão mudadas embora nunca se mudaram de onde sempre as encontrei. Mas desde que aquele senhor de longos cabelos brancos e passos firmes chamado Tempo passou por ela nada mais foi igual como era antes. Mais do que ganhar, as estradas perderam cores, mistérios, sabores, perfumes... É como se houvesse um vazio permanente e crescente ao decorrer da caminhada e a passada o conduzisse para uma espécie de buraco negro, sem luz e gravidade. Embora haja um chão sobre os pés, a sensação é de estar em constante queda livre. Para muitos, trata-se de loucura, de insensatez, de embriaguez... Para mim, um atestado de saudade.


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16/12/2014 - Ela passou

Ela passou e nem me olhou. Ela passou fingindo não me conhecer. Ela passou e me ignorou. Ela passou com tanto a dizer não dizendo nada. Ela passou num tão grande sofrer. Ela passou e me fincou sua decepção. Ela passou e mesmo calada me disse um tamanho não. Ela passou sem me descobrir como se eu fosse um camaleão. Ela passou e me deixou tantas mágoas. Ela passou como um rio passa com suas águas – sempre em frente. Ela passou e nem me abraçou. Ela passou e nem me pediu um beijo. Ela passou e nem se lembrou de tudo o que fomos, o que somos. Ela passou e me revirou sem encostar um dedo em mim. Ela passou e esburacou meu jardim do sossego. Ela passou e nem se dignou a perguntar como estou. Ela passou como um vento que passa sem tomar conhecimento do que está na estrada. Ela passou deixando um perfume de angústia. Ela passou cega ao meu coração. Ela passou dando nós em minha garganta. Ela passou evocando minhas lágrimas num ritual sem explicação. Ela passou materializando a saudade que de tão concreta pesou sobre meu corpo. Ela passou mortal como bala de canhão. Ela passou dramática, enfática, bombástica. Ela passou roubando-me o ar. Ela passou pisando firme mesmo sem saber que caminho seguir. Ela passou e me confundiu. Ela passou e, querendo ou não, certeiramente me atingiu. Ela passou como um cometa que não se sabe quando vai passar novamente. Ela passou e nem sorriu. Ela passou honrando seu luto. Ela passou intensa até demais. Ela passou como os amores passam, deixando rastros de dor e vazio.


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26/11/2014 - E então isso e aquilo

E então me beijaram. E então me arranharam. E então me apaixonaram. E então me despiram. E então me sorriram. E então me viram. E então me procuraram. E então me acharam. E então me pegaram. E então me sumiram. E então me reencontraram. E então me tomaram. E então me possuíram. E então me despiram. E então me estranharam. E então me morderam. E então me bateram. E então me prometeram. E então me falaram. E então me calaram. E então me roubaram. E então me leram. E então me compreenderam. E então me tomaram. E então me arrepiaram. E então me puxaram. E então me gozaram. E então me enlouqueceram. E então me venceram. E então me viveram. E então me dominaram. E então me soltaram. E então me inflaram. E então me roeram. E então me escreveram. E então me doeram. E então me acompanharam. E então me juraram. E então me amaram.


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25/11/2014 - Eu quero mais

Eu quero você um pouco mais. Eu quero você como se querem os casais. Eu quero você de um jeito diferente. Eu quero você no futuro do presente. Eu quero você na chegada da chuva. Eu quero você com olhos de viúva. Eu quero você me querendo. Eu quero você de olhos fechados me vendo. Eu quero você pela semana. Eu quero você dizendo que me ama. Eu quero você adocicada na medida exata. Eu quero que você não parta. Eu quero que você volte. Eu quero que você me note. Eu quero você no meu prato, no meu copo, no meu espelho. Eu quero você suspirando em meus cabelos. Eu quero você amada, enfeitiçada, ladeada por tudo o que sou. Eu quero você alongada pela estrada onde meu destino destinou. Eu quero você ao meu lado. Eu quero você preenchendo o meu passado. Eu quero que você recupere seu lugar. Eu quero você em todas as estações dessa linha chamada amar. Eu quero você até o fim. Eu quero você de volta no nosso jardim. Eu quero você acendendo os vagalumes. Eu quero sentir novamente os seus perfumes. Eu quero você soprando mais uma vez as velas do meu saveiro. Eu quero você de corpo inteiro. Eu quero você fechando no meu ângulo. Eu quero você num quadrado, num hexágono, num triângulo. Eu quero sentir a magia dos seus temperos. Eu quero viver em seus viveiros. Eu quero riscar seu diário com minhas flechas. Eu quero adentrar por suas brechas. Eu quero matar a saudade da sua voz. Eu quero reencontrar a cidade perdida de nós.


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15/11/2014 - Entre eu e você

Entre a cruz e a espada. Entre a escada e o elevador. Entre a praia e a montanha. Entre a gordura e o light. Entre o sexo e o amor. Entre o verão e o inverno. Entre a casa e o botão. Entre o espinho e a pétala. Entre o riso e o choro. Entre o sim e não. Entre a valsa e o samba. Entre a luz e a escuridão. Entre o tédio e o pecado. Entre o primeiro e o último. Entre o doce e o salgado. Entre o passado e o futuro. Entre o prazer e a vergonha. Entre o sol e a lua. Entre o verso e a prosa. Entre o beijo e o abraço. Entre o grito e o silêncio. Entre a nuvem e a chuva. Entre a beleza e o mistério. Entre a fotografia e o movimento. Entre o mar e o lago. Entre o tinto e o branco. Entre o início e o fim.


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23/10/2014 - Eu sonho, eu mudo

Eu quero mudança. Chega do mesmo do mesmo. Não dá pra continuar no vermelho se também há a possibilidade do azul. Temos sempre que ter mais de um caminho. Ter olhos e coração abertos. Não dá para seguir sendo roubado. Não dá para insistir no que está errado. É preciso dar uma chance ao novo. É preciso mudar para evoluir, para avançar, para ser diferente. Quem sonha, quer mudança. O sonho é a transformação da realidade. Eu sonho, eu mudo.


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21/10/2014 - Engravidado

Faço amor com a solidão e engravido de saudade. Faço amor com o tempo e engravido de amanhãs. Faço amor com a lua e engravido de mistérios. Faço amor com o silêncio e engravido de soluços. Faço amor com o chão e engravido de estradas. Faço amor com o mar e engravido de ondas. Faço amor com o céu e engravido de estrelas. Faço amor com o verde e engravido de olhares. Faço amor com o horizonte e engravido de promessas. Faço amor com o sonho e engravido do impossível. Faço amor com a música e engravido de inspiração. Faço amor com o fogo e engravido de vagalumes.


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07/09/2014 - Estiagem

Que venha a chuva, pois os corações estão mais áridos a cada dia. Os veios de dor expostos, trincados, assolados. Os cardumes da esperança foram drástica, impiedosa e praticamente dizimados por essa seca. Não sei por quantos dias os cilos onde estoquei minhas fantasias hão de aguentar alimentar a fome de quem ama. Nem o amor mais sertanejo conseguiu passar incólume por essa investida do tempo. Que venham os relâmpagos iluminar os olhos da mulher que se torna mais e mais estiagem. Que venham os trovões romper o silêncio seco que impregna nos leitos dessa mulher que corre em silêncio. Que venham os pingos preencherem a solidão que racha o peito dessa mulher. Que a chuva possa trazer mais do que consolo, possa trazer renovação de ânimos, vontades, desejos. Que a chuva possa movimentar as pedras do moinho interior dessa mulher. Que a chuva possa fazer brotar nela o que murchou, secou, tombou... Que a chuva traga suas pinceladas de cor devolvendo o brilho e o viço ao sentimento que sofre com a secura generalizada. Nem que for preciso que minha poesia cigarra exploda de tanto cantar, mas que ela traga chuva para esses terrenos já tão doloridos e desesperadores. Se ao menos as lágrimas fossem doces haveria alguma certeza para as sementeiras de sonhos lançadas por um poeta ao vento abrasador que de tão duro nem assovia mais.


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