Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 17 de 20.

19/04/2010 - Magia bailarina

Como é mágica a bailarina que ao se equilibrar na ponta dos pés se afasta do núcleo da Terra, fragilizando a força gravitacional que prende homens e mulheres. Com as mãos arqueadas ao céu e o corpo em ponta, a bailarina volteia deixando tonta a platéia ao seu redor. Mais do que dançar, a bailarina apronta com aquela roupa única. De longe os meninos a apontam dizendo: olha lá, olha lá a bailarina. Sim, ela é inconfundível e incorruptível. Afinal, ela pode até dançar outros ritmos, mas todos eles nascem de seu balé. ...
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13/04/2010 - Morro do Bumba

Perigosamente, há um Morro do Bumba dentro de cada um de nós. Um morro que pulsa. Ao longo dos anos, amontoamos várias camadas de lixo em nosso coração. Quantas coisas passadas, descartáveis, sem utilidade que vamos fazendo questão de guardar. Mesmo sem precisão, guardamo-nos. De mágoas tóxicas a sonhos não-renováveis, de passagens orgânicas a desejos recicláveis, tudo se mistura enquanto vai sendo abarrotado em condições precárias de segurança, como num imenso aterro sanitário.

Porém, chega um dia em que tudo desaba. Sem avisos, emoções são soterradas, lembranças morrem, sentimentos sofrem e algumas saudades sobrevivem bravamente. Quando esse desabamento acontece, num primeiro momento, tudo se resume a dor, medo e choro. O cérebro se encarrega de nos infestar de pensamentos e imagens nada agradáveis. A impressão que se tem é que não sobrou nada. Mas sempre sobra algo debaixo dos escombros. E por dias a fio o coração é revirado, escavado, virado de pernas para o ar. ...
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16/03/2010 - Morreu o professor

Morreu quem me ensinou a viver intensamente o amor pelas coisas da vida. Morreu quem me ensinou que tudo é feito de terra. Morreu quem me ensinou a honrar a palavra dada acima de qualquer coisa. Morreu quem me ensinou o sentido de infinito. Morreu quem me ensinou a lutar e lutar muito. Morreu quem me ensinou a lidar com enxadas, serrotes, cavadeiras, foices, pulverizadores, debulhadores, plantadeiras... Morreu quem me ensinou que o melhor não é ver a obra finalizada, mas aproveitar cada momento do processo de construção. Morreu quem me ensinou a sonhar de olhos abertos. ...
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13/03/2010 - Misericórdia divina

Que Deus tenha misericórdia. Que Deus não lhe deixe sofrer mais. Que Deus coloque tua mão. Que Deus intervenha. Que Deus faça o que tem de fazer sem se preocupar com preces egoístas. Que Deus faça o melhor sem se importar com a dor que isso irá causar. Que Deus abençoe. Que Deus não falte. Que Deus coloque um ponto final nessa angústia. Que Deus lhe dê vida nova.

Que Deus prove o teu amor. Que Deus nos leve a acreditar que a morte não é o fim. Que Deus conforte os corações que ficam. Que Deus lhe livre e guarde. Que Deus não permita o prolongamento de sua agonia. Que Deus aja por interseção dos santos, dos anjos, da Virgem Maria. Que Deus conserve os momentos bons em nossa memória. Que Deus segure em sua e em nossa mão....
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10/03/2010 - Macacos me mordam

No planeta dos macacos tudo não passa de uma grande e infinita macaquice. E não é besteira de escritor, não. O que tem de gente pulando de galho em galho não é brincadeira. E quantos galhos são quebrados dia após dia movimentando a instituição do “jeitinho”. Pela cidade afora tem um pessoal pagando mico e outro penteando macaco a todo instante. Tem tarzan vivendo entre o amor de jane e chita.

Tem macaco-aranha invejando os bandidos que agora decidiram escalar prédios. Tem macaco-barrigudo fazendo alusão ao modo de vida capitalista. Tem macaco-prego que vive levando martelada por aí. Tem macaco-hidráulico que quer por que quer subir na vida. Tem macaco desaparecendo do mapa por conta da lei da selva. Tem macaco comendo e dando banana para tudo. ...
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08/03/2010 - Mulher-canção

No confim dos teus olhos eu me deito a ponto de perder as horas em tua atemporalidade. Como é fácil negar e esquecer os problemas do mundo quando em teu colo. E o que dizer do campo de flores que há ao longo de tua boca? Ah! Mulher, como são belos os teus nomes, os teus mandamentos e os teus mundos. São todos mistérios profundos envolvendo suas chegadas e partidas. Mulher, a mais querida e emblemática das criaturas.

O teu corpo, mulher, é ancoradouro de sonhos e promessas, porto de sedução, golfo proibido. São rios e mais rios de magma correndo pelas tuas entranhas. Ah! Mulher de estribilhos, canção dos assírios, conta-me as tuas façanhas. Eu sei que sóis e lírios se curvam ao teu passar. E pássaros lhe seguem a cantarolar em assovios. E, à flor de teus pelos e apelos, passa causando arrepios. ...
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05/03/2010 - Matar ou morrer por uma janela

Você seria capaz de matar alguém que recusasse fechar uma janela? Pense. Você está em um ônibus, estressado por um motivo que diz respeito somente a você, e o cara da janela se nega a interromper o vento frio que entra no ônibus. Ele pode estar com calor, é um direito dele. Mas e você? Quem se importa com sua sensação térmica? Você pode pegar um resfriado, uma gripe, uma pneumonia... Porém, isso não muda em nada a vida do cara que controla a janela.

Você se sente humilhado, ridicularizado, roubado em seu direito democrático de decidir se a janela continua aberta ou fechada. Dentre aqueles sorrisos de deboche, a coletividade é só uma utopia, um resto de fantasia. Dane-se então o que os outros pensam sobre isso, o que vale é a sua opinião. Ele não sabe que você teve um dia ruim, que já matou outras pessoas, que só estava em busca de um pouco de calor humano. Ele não desconfia que você seja capaz de ir tão longe por conta de uma simples janela......
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26/02/2010 - Mortes

Já morri de tédio. Já morri de tristeza. Já morri de ansiedade. Já morri de ódio. Já morri de paixão. Já morri de angústia. Já morri de solidão. Já morri de medo. Já morri de frio. Já morri de aflição. Já morri de rir. Já morri de fome. Já morri de enjôo. Já morri de cólica. Já morri de prazer. Já morri de correr. Já morri de chamar. Já morri de tentar. Já morri de cansaço. Já morri de escrever.

Já morri de rezar. Já morri de esperar. Já morri de cantar. Já morri de saudade. Já morri de raiva. Já morri de beijar. Já morri de desejo. Já morri de não agüentar. Já morri de falar. Já morri de estudar. Já morri de pensar. Já morri de ligar. Já morri de esquecer. Já morri de acreditar. Já morri de sono. Já morri de gritar. Já morri de jurar. Já morri de procurar. Já morri de sonhar. ...
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13/02/2010 - Mascarados

Entre passadas para lá e cá, pelo baile de máscaras quero achar sua boca. Vamos tirar as fantasias e dar início a uma noite louca. Uma noite sem colombinas ou pierrôs ou arlequins. Uma noite sem desfile, sem escolas, sem jurados. Uma noite sem platéia, sem reis ou rainhas. Uma noite sem alegorias, baterias ou alegrias temporais. Uma noite sem blocos, sem fogos, sem carnavais. Uma noite ausente de cordões e foliões. Uma noite despida de qualquer açoite. Uma noite sem tamborins, sem querubins, sem fins premeditados. Uma noite sem traições, recuos ou repiques de saudades. Uma noite sem ruas e carros enfeitados. ...
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11/02/2010 - Mulher verde-limão

O sol cobre a cidade com seu manto de fogo. E por entre pedras e flores abrasivas, surge uma mulher morena levando em seu corpo uma blusa verde-limão. O tecido chega a brilhar de forma cítrica diante dos olhos, refrescando a vista de quem a vê passar sem se preocupar com os quarenta graus. Sua beleza parece ter viçado com a explosão de raios ultravioletas que caem sem dó de um céu cheio de buracos.

Entre o sonho e a realidade, aquela mulher passa deixando gotículas de um sumo delicado pelo caminho. Os deuses colaboram e levam para longe qualquer possibilidade de chuva. De sombra, só aquela que pinta o rosto da mulher. No mais, tudo é claridade e vaidade na mulher que segue misturando na medida exata ciano e amarelo. Diante da mulher que verdeja o cotidiano, o canto e o silêncio se encontram verdes na partitura. ...
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