Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 24 de 28.

04/10/2008 - O homem dos olhos vazios

Tinha o corpo alto, os olhos vazios e os braços longos. Sua magreza era de fome. E faminta era a solidão que mordia sua canela. Reza a lenda que ele pertencia à inteligência da polícia e, por amor, abandonou tudo. Ou melhor, por desamor, tudo lhe abandonou. Não era à toa que despertava medo, asco, náuseas e outros sentimentos não muito bem quistos em quem o via, o ouvia, o sentia. O mundo, diante daquela caricatura, fugia. Fugido do hospício de si mesmo, não hesitava em desmascarar a normalidade das coisas....
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25/09/2008 - Olho obeso

Tem gente de olho no nosso pão. Tem gente de olho no nosso chão. Tem gente que tem olho de cão. Cão vira-lata, fura-saco, pidão. Zóio ruim, zóio gordo, zóio de seca pimenteira. É a marvada inveja que ralha e atrapalha. É o pecado capital que ninguém segura, que não tem cura, que chega a dar tontura. É uma mistura de raiva e tristeza no desejo de ter o que o outro tem, de ser o que o outro é, de fazer o que o outro faz. Cuidado, o mal olhado é o sentimento do ressentimento que nem o vento joga pro lado. ...
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16/09/2008 - O comando paralelo

Você já reparou que a vida, na verdade, é paralela. A dimensão que nos encontramos atualmente é pura ilusão. A realidade está no comando paralelo. Há sempre um caixa dois, uma ordem oculta, uma identidade secreta atuando de modo a sustentar o status quo. Deus é assim. Ele criou o mundo, fez maravilhas e atua em todos os espaços e tempos, mas faz questão de fazer isso da forma mais discreta possível. E os anjos da guarda? Que existem, não há dúvida. Mas você já os encontrou dando entrevista para algum programa de fofoca; comprando asas novas no shopping ou empunhando armamento pesado por aí? Pois é, o segredo está no paralelismo das coisas....
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02/09/2008 - O governo dos peixes

Depois do combustível vegetal e do combate à pobreza, vem aí o governo dos peixes. Lula vai ceder seu posto presidencial ao Surubim, ao Matrinxã, ao Tambaqui? Se você pretende fisgar alguma coisa é bom não jogar a isca nessa hipótese. A peixada da vez é que a Secretaria da Pesca, que tem status de Ministério, anda investindo pesado na tal semana do peixe. O objetivo? Incentivar o aumento do consumo da carne branca. Mas há um paradoxo nisso tudo. Como obrigar o brasileiro a comer algo que está em franca extinção? ...
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26/08/2008 - O tempo é de pedra

A rua é de pedra. Os pássaros são de pedra. O sol é de pedra. E eu, pedreiro dos sentimentos, passo com meus passos de pedra deixando pegadas de pedra num passado petrificado. É como se o tempo se chamasse Medusa e andasse solto por ai, tão belo quão terrível. Além dos ponteiros e suas voltas, a cabeça do tempo está cheia de cobras e seus olhos são poços sem fundo. Entre o gênese e o apocalipse, as estátuas ainda doem a dor de um tempo. Olha aquele Pedro que vem lá... é de pedra. Olha aquela Pietra acolá... é de pedra. Olha aquela santa no altar... é de pedra. Pedra, pedra, pedra... Ah!!!!!!!! O mundo é de pedra e ninguém me contou nada sobre isso na escola, que também era de pedra e só eu que não sabia a dimensão dessa pedraria. ...
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22/08/2008 - O homem que sabe das coisas

Ele sabe das coisas. Não sei como consegue, mas as rodelas de abacaxi que vende são fartas de açúcar a ponto de provocar um coma profundo em que as devora. Um verdadeiro néctar saído daquela casca espinhosa. E como boa abelha que sou, trato logo de me afogar ali. Olhando assim, ninguém daria nada por aquele homem de barba por fazer. Mas ele é doutor em fruta madura. Como alquimista das frutas, vai misturando seus perfumes e oferecendo fragrâncias afrodisíacas ao nosso estômago.

Além do abacaxi, morangos escandalosamente vermelhos, mamões pequeninos, fatias sem semente de melancia e carnudas mexericas se expõem em sua banca modesta, como estrelas de cinema. E embora tenha todo esse glamour, as rodelas de abacaxi são espetadas com dois ou três palitos de dente. E o caldo escorre pela boca, pela mão, açucarando a pele. Do outro lado do balcão, o vendedor faz tudo com a cara séria. É de poucos sorrisos. Talvez a vida não lhe seja fácil. Talvez tenha que se concentrar para não errar na dose. Talvez não goste de abacaxi. ...
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18/08/2008 - O artista vai onde o povo está

Chega de cenário artificial e rostos globais. O show de final de ano de Roberto Carlos, se feita sua vontade, será totalmente diferente das edições anteriores. O rei quer se apresentar em uma favela carioca, mais precisamente no Complexo do Alemão. E olha que este conglomerado urbano é formado por nada menos do que 12 favelas. O público, ao contrário de dezenas de convidados famosos, será formado por mais de 100 mil pessoas que são retrato do Brasil que se acha nas ruas.

Roberto é uma das últimas lendas vivas. E nada mais justo que um grande número de pessoas, independentemente da classe social, tenham direito de vê-lo ao vivo e em cores. Já imagino o rei, vestido de azul e branco, cantando: "eu te proponho, nós nos amarmos, nos entregarmos, neste momento, tudo lá fora, deixar ficar"... E o público enlouquecido, entregando-se à magia do eterno jovem guarda. Ao final das muitas emoções, o rei jogaria rosas à platéia, levando poesia a quem sofre com um país tão desigual. ...
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14/08/2008 - Os volteios do sol

Escandalosamente quente, o sol cai derretido feito calda de chocolate. Chega a causar enjôos e grudar na pele. Aquele calor todo na moleira faz a cabeça latejar. Em meio aos desejos de sombra e água fresca, os médicos advertem para os perigos do astro rei. A insolação me sufoca e me obriga a folgar o nó da gravata. Deveria ser proibido andar de terno em um calor como esse.

Os carros passam de vidros fechados, gozando do frescor do ar-condicionado. Os motociclistas falecem um pouco mais a cada quilômetro debaixo dos capacetes. Os ciclistas abrem os braços para se refrescar. E os pedestres se viram como podem, procurando a copa de uma árvore aqui, uma água-de-coco ali. É uma gente que anda se abanando, suando, escaldando de tanto calor. O sol, impiedoso, espanta, assombra, apavora....
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13/08/2008 - O fim da cultura do escapamento

Não há mais o que discutir, a saída para melhorar o sistema rodoviário e o clima do planeta é uma só: aposentar o uso de carros, ônibus, motos e similares. É hora de dizer adeus ao escapamento e escolher entre a bicicleta e a asa delta. Já imaginou? Bom tempo aquele em que se andava a pé. O povo tinha mais saúde e a paisagem de fim de tarde era o sol poente e não o engarrafamento.

O petróleo que vira piche é o mesmo que é despejado no céu e, também, em nossa cara. E eu não quero ter um pulmão cheio de piche. A cultura do escapamento precisa chegar ao fim. Para mudar essa poluída realidade nada melhor do que cortar o mal pela raiz. Essa história de rodízio de placa, de corredor de ônibus, de biocombustível não resolvem o problema. O melhor mesmo é fazer essa gente andar a pé. Uma multidão andando e cantando pelas ruas, admirando as flores e cultivando o amor. ...
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11/08/2008 - Operação tartaruga no Congresso

Se as coisas já demoram a se desenrolar no Congresso, agora é que tudo vai parar de vez. Isso porque os nobres parlamentares, depois de gozar belos dias de recesso, vão ajudar seus prefeitos e vereadores a ganharem as eleições por esse Brasil altaneiro. A expectativa otimista é que o número de sessões do início de agosto até o dia das urnas, 5 de outubro, não chegue a dez. Os projetos de interesse da nação terão de esperar o pleito de quem governa qual município.

Para a sorte de deputados e senadores, a TV deu um descanso para essa vergonha nacional. Por hora, ela está ocupada com a transmissão dos jogos olímpicos. Pisei os tapetes verdes da Câmara e os azuis do Senado dia desses e a maior casa democrática brasileira está às moscas. Os representantes públicos sumiram. Não estranhe se você encontrar uma foto do último parlamentar que você votou com a inscrição "desaparecido"....
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