Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 9 de 28.

29/05/2013 - O meu Deus

O meu Deus é uma força que tudo move, que tudo toca, que tudo faz. O meu Deus não tem forma definida. O meu Deus não tem exércitos sanguinários. O meu Deus está em companhia de caboclos e preto-velhos. O meu Deus é cada partícula de energia que corre em mim, no vento, no rio... O meu Deus é rápido como a lança dos cavaleiros verdes, cavaleiros especiais. O meu deus é certeiro como a lança dos cavaleiros vermelhos, cavaleiros especiais. O meu Deus faz milagre e, sobretudo, caridade. O meu Deus está presente em todos os círculos espirituais. O meu Deus é pai como Pai Seta Branca. ...
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16/05/2013 - O que os deuses querem de mim?

O que os deuses querem de mim? Até quando vão me colocar em prova? Quanto mais de peso vão colocar sobre meus ombros? Será que eles ainda acreditam em mim? Será que eles continuam a me ouvir? Será que pelo menos eles se recordam do meu nome?

O que os deuses querem de mim? Por que insistem em me fazer seguir essa estrada que não me leva a lugar algum? Será que os deuses brincam comigo? Será que os deuses riem de mim? Será que os deuses dão de ombros pras minhas orações?

O que os deuses querem de mim? Joelhos ao chão? Velas acesas? Confissões? Flores? Obediência? Fanatismo? Silêncio? Cigarros? Cachaça? Festejos? Fogos de artifício? Romarias? Elogios? Cânticos? Aplausos? Rezas? Sacrifícios? Danças? Homenagens? ...
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15/04/2013 - Ó lua cheia

Ó lua cheia clareia minha estrada. Ó lua cheia incendeia minha morada. Ó lua cheia presenteia minha namorada. Ó lua cheia que brilha no fundo dos olhos da minha amada. Ó lua cheia que trilha meus caminhos na alta madrugada. Ó lua cheia filha do amor entre deus e uma fada. Ó lua cheia dos dragões de fogo e gelo. Ó lua cheia das paixões de atropelo. Ó lua cheia das ilusões que arrepiam dos pés aos cabelos.

Ó lua cheia esgarça o meu carretel. Ó lua cheia passa por mim arrastando seu véu. Ó lua cheia laça o meu carrossel. Ó lua cheia enluara o meu papel. Ó lua cheia tara a boca de mel. Ó lua cheia odara do meu céu. Ó lua cheia desce ao chão. Ó lua cheia tece o meu coração. Ó lua cheia, prece da contemplação. Ó lua cheia dança no meio da rua. Ó lua cheia lança minha esperança a sua. Ó lua cheia trança minha alma ainda nua.


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05/04/2013 - O violeiro leva

O violeiro leva pelo menos uma dúzia de romances na ponta dos dedos. O violeiro leva a estrada no solado da sua botina. O violeiro leva o que viu do tempo no fundo dos olhos. O violeiro leva o som dos bichos muito bem guardado. O violeiro afina cada corda de sua viola de acordo com o som de um “eu te amo” dito por uma mulher. O violeiro leva uma penca de saudades na aba de seu chapéu. O violeiro leva pontas de estrela para presentear suas amadas.

O violeiro leva ponteios em seu coração de ponto. O violeiro leva pássaros em suas toadas. O violeiro leva trens em seus destinos. O violeiro leva chuva para bocas desertas. O violeiro leva uma cantiga para a roda. O violeiro leva o adeus no corte do canivete. O violeiro leva causos para o redor de uma fogueira. O violeiro leva luas como quem leva uma garrafa de cachaça. O violeiro leva fagulhas de desejo no aço das cordas. O violeiro leva o silêncio como deus leva o diabo.


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23/03/2013 - Oração a Xangô, para cobrar dívidas

Xangô, orixá da Justiça, cobrador de todas as dívidas, materiais e imateriais, deste e de outros mundos, fazei com que os meus devedores me paguem. Perturbe, assombre, cobre meus devores até que eles quitem todos os débitos para comigo. Xangô, santo que não falha, fazei que os meus devedores sintam o seu poder repressivo e me paguem com juros. Xangô, orixá todo-poderoso, intervenha em meu favor dobrando os joelhos daqueles que me devem dinheiro, respeito e promessas. Que os meus devedores sejam devidamente apedrejados com as pedras das suas pedreiras. ...
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16/03/2013 - Observador

Longe, ele observa a vida que passa. Mantém os olhos abertos e os sentidos acesos, atento a todos os detalhes. Porém, não se aproxima muito. Gosta de ter os olhos pertos, mas distantes ao mesmo tempo. Diz ele que é para não influenciar no desenrolar das coisas. Acontecimento algum passa despercebido por ele, que é uma espécie de espectador de tudo e de todos. Em pé, sentado ou deitado, dá seu jeito de tomar conhecimento dos fluxos e refluxos da cidade.

Conhece o horário do vento. Sabe com que roupa a mulher da casa amarela vai sair para um determinado compromisso. Sente a léguas de distância o cheiro da chuva. Advinha facilmente os pensamentos da menina que caminha na outra calçada. Tem familiaridade com os perfumes que flutuam pelas redondezas. Enxerga, com nitidez, o que se passa por detrás de muros e paredes. Não dá palpite, não conversa, não provoca, apenas fica em seu canto como parte da paisagem....
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05/03/2013 - Olhos de bromélias

Ela tem olhos de bromélias. Olhos que acumulam lágrimas e nas estiagens da felicidade alimentam-se da própria tristeza. Olhos de bromélias, selvagens, mas com facilidade de serem domesticados. Olhos amarelos, rosas, vinhos, roxos, vermelhos. Olhos de bromélias, apaixonantes e perigosos como pétalas de espinhos. Olhos longos e estreitos, mas extremamente macios, como as folhas dessa planta que dá de ombros para a seca. Olhos de bromélias abertos como um coração comestível. Olhos tropicais e exóticos. Olhos hospedeiros por natureza, criadouros de ilusão. Olhos que abusam de sua inflorescência. ...
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02/03/2013 - Obatalá vem

Lá vem todo de branco, Obatalá. Vem montado em seu cavalo branco. Vem de túnica branca, vem Obatalá. Vem com sua lança branca. Vem com seu escudo branco. Vem negro e santo, guerreiro e altaneiro, Obatalá, todo de branco. Vem como o raiar do dia, sol de Obatalá, com as graças de Oxalá. Oba, Oba, Obatalá.

Quando Obatalá passa tudo fica branco. Tudo o que Obatalá toca fica puro. Obatalá é nuvem branca que passa no céu. Obatalá é sorriso de criança. Obatalá é véu de noiva. Obatalá é o raio branco que põe medo em qualquer um. Obatalá é a lua branca no meio da noite escura. Obatalá é brancura da alma....
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26/02/2013 - Olhações

Olhos de fumaça que não me enxergam. Olhos de garça que se abrem para o céu numa envergadura de deixar qualquer um boquiaberto. Olhos de pirraça que só enquadram o que bem querem. Olhos cheios de graça que brilha e encantam, e cantam e brilham. Olhos no meio da praça entre sombras, coretos e árvores. Olhos de massa de modelar ganhando formas nas mãos de criança. Olhos de arruaça e de pintanças, cheios de meninices e danças. Olhos de amaçam, que de repente cercam como cortinas de teatro. Olhos de massa, servidos como um prato de espaguete....
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25/01/2013 - O meu lugar é aqui

Faça chuva ou faça sol ninguém me tira daqui. Criei raízes. Estou apegado demais com isso aqui. E quando eu gosto não tem que me convença a desgostar. Podem tentar o que quiser, mas não vou se não quiser ir. Essa é minha terra. Essa é minha casa. Esse é o meu povo. Só saio daqui morto, e mesmo assim meu espírito capaz de ficar vagando por esse lugar. Esse chão está marcado por meus pés. Há impressões digitais minhas espalhadas por tudo quanto é canto. Meus romances são lidos e ouvidos.

O vento daqui já está acostumado a carregar das minhas palavras aos meus fios de cabelo. Quanto do meu suor essa terra já comeu. A chuva que cai por aqui leva minha essência para as minas d’água. Minha poesia palpita até no peito das pedras daqui. Tenho o apoio das árvores. As linhas das minhas mãos tomaram a forma das trilhas desse lugar. Os deuses daqui já me conhecem. O que vivi por aqui não tem preço. As páginas dos livros e dos cadernos são meu endereço.


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