Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 23 de 27.

15/09/2008 - Sonhar é melhor que viver

Que o jornal volte a embrulhar peixe. Que a televisão fale de sonhos e de outras imaginações mais. Que o computador seja só uma máquina de escrever moderna. Que o rádio toque música de um jeito que já não se ouve mais. Que a revista fale de moda e traga receitas de culinária. Que os livros sejam de puro romance. Que os panfletos tragam desejos de bom-dia, boa-sorte, boas-vindas.

Chega de engolir o mesmo do mesmo do mesmo. Não há nada de novo no noticiário. E há muita coisa que não interessa saber. É hora de esvaziar a cabeça de toda informação inútil. Basta de carregar peso, sobrepeso e um conhecimento obeso em nossos pensamentos. A semana começa e termina com um mundo desnecessário ao nosso redor. É preciso redescobrir a notícia. É preciso respirar os detalhes de um cotidiano ainda não descoberto....
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31/08/2008 - Sorrio

No silêncio dos homens, no ventre da mata fechada, no brotar de um destino, sou nascente, sou rio. E querendo descobrir novos mundos, novos caminhos, novos povos, escorro corrente nas águas da minha cabeceira. Não podendo ficar parado, corro por entre montanhas, colinas, chapadas, florestas... Sou tocado pelas folhas das árvores que caem sobre minhas costas, pela língua dos animais que me tomam para si e pelas mãos humanas que me levam para longe, para longe de mim.

Do casamento do leito com a minha vazão, vão nascendo peixes, plantas, algas... Eu que era transparente quando nasci, vou correndo azulado, esverdeado, enlameado por uma estrada sinuosa. O meu correr guarda os mistérios do boto, o canto da iara e a vitória mais régia que já existiu. As crianças vêm brincar em mim, com suas bolas e bóias coloridas. Enquanto os homens me bebem vou apreendendo os costumes de cada povoado por onde passo. Sei falar muitas línguas, sei de muitas histórias, sei de muitos amores....
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30/08/2008 - Sol negro

As crianças, diante de uma caixa com lápis-de-cor sortida, pintam o sol de amarelo, de vermelho, de laranja. No entanto, um menino, não muito distante daqui, só colore o astro-rei com o lápis preto. Ao lado de casinhas com telhados avermelhados, de árvores verdes, de céus azuis, o sol é negro. E isso vale para todos seus desenhos. Sem exceção! Mas por quê? Será que ele não enxerga direto? Será que ele tinha algum tipo de daltonismo? Será que ele não regulava bem da cachola?

Acreditava-se que ele tinha guardado nos porões do seu inconsciente a imagem de um eclipse solar. E os pais acreditavam que o alinhamento entre terra, lua e sol era o responsável por aquele sol da escuridão. Se bem que a avó, cega de religião, não gostava nada daqueles desenhos e vivia a dizer que o menino era das trevas. Afinal, onde já se viu pintar o sol de preto. Um símbolo de luz não poderia ser tomado pela escuridão. Sem se conformar com a situação, a velha já havia dado uns bons beliscões no neto por causa disso. ...
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10/08/2008 - Se eu pudesse, pai...

Pai, eu queria lhe dar um gol de Pelé, mas naquele preto e branco que não existe mais. Queria lhe dar aquelas músicas que o Roberto já não canta mais. Queria lhe dar aqueles sonhos que o cinema já não filma mais. Queria reconstruir o presente e descobrir o futuro que um menino, alegre e confiante, imaginou há anos atrás. Ah! Se eu pudesse, rastelaria as oportunidades perdidas que se espalham em seu caminho como folhas secas e lhe mostraria que ainda há caminho a seguir. Respire fundo e capriche, ainda dá tempo de fazer bonito. ...
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25/07/2008 - Sobe, sobe, sobe...

Os juros sobem e ponto final. A inflação sobe e explode em uma dor de cabeça descomunal. A fome sobe pela goela dos famintos. A desconfiança sobe pelos pensamentos de quem sobrevive. O mal estar sobe pelas galerias. A insatisfação sobe pelas paredes. O ibope do presidente sobe dia após dia. As dívidas sobem para tudo quanto é lado. O feijão sobe e se divorcia da feijoada. O boi sobe e desaparece dos churrascos. O leite sobe e esvazia das mamadeiras. A comida sobe e some dos pratos. A fila dos desesperados sobe às estrelas....
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19/06/2008 - Sarcoma do retroperitônio

Independentemente de ideologias, há de se admitir que José Alencar, nosso vice-presidente, é um vencedor. Se não bastasse ter saído de uma infância pobre para se tornar um dos principais empresários do país, acaba de vencer um câncer complicado. A notícia de que após uma bateria de exames os tumores desapareceram do organismo de José Alencar trouxe um sentimento de felicidade para milhares de brasileiros que se renderam à simpatia deste mineiro. Desde 2006, o vice-presidente enfrenta um tipo de tumor raro conhecido como sarcoma do retroperitônio que o fez passar por três cirurgias e ver a morte bem de perto. ...
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12/06/2008 - São Valentim

Era uma vez, um imperador violento e de índole ruim chamado Claudius II. Estamos na Roma Antiga, época em que o Coliseu recebia guerreiros que se degladeavam em carruagens e enfrentavam leões sem arma alguma nas mãos. Época dos grandes duelos e do fortalecimento da religião católica. Querendo expandir ainda mais seu império pelo continente europeu, Claudius II proibiu os casamentos. Queria formar um grande exército e para isso era conveniente que os jovens não tivessem família.

Mas um padre romado, chamado Valentim, recusou-se a cumprir essa ordem. Continuou a realizar casamentos pelo reino. Só que com um porém: as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e o padre foi preso. Enquanto encarcerado, jovens atiravam flores e bilhetes em direção a sua cela enaltecendo o amor. Para ira do imperador, a prisão do padre foi pior do que sua liberdade. Afinal, os jovens haviam se unido em torno da causa do amor. E estavam dispostos a lutar por ela....
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09/06/2008 - Segunda-feira constipada

O que pode ser pior do que segunda-feira? Segunda-feira com gripe. Corpo dolorido, cabeça pesada, nariz escorrendo, garganta inflamada, olhos ardendo... Para quem não acreditava, poetas também gripam. Além de universal, não deve haver doença mais antiga e mais arteira do que essa. Afinal, gripe ainda não tem cura. Até inventaram uma vacina, mas quando a gripe quer ninguém segura.

Por volta do ano 2500 antes de Cristo, os sintomas da gripe já andavam soltos por ai. No antigo Egito, um Faraó voltou de uma viagem com febre, com o corpo mole e dolorido. O padre-médico recomendou repouso e chá de camomila. Agora, a primeira vez em que se menciona a gripe, propriamente dita, é por volta de 400 anos antes de Cristo. Quem escreveu sobre ela nessa época foi o grego Hipócrates, considerado o pai da medicina. Como podemos ver, de lá para cá pouca coisa mudou....
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06/06/2008 - Sonhos adormecidos

A caminho do trabalho, uma vontade incontrolável de soltar pipa. Estava no meio de uma cidade grande, de terno e gravata, com pasta na mão, a poucos minutos de uma reunião com investidores chineses. Do seu lado direito, com uma lata de alumínio na mão, daquelas de leite ninho, um menino de rua empinava pipa, papagaio, maranhão por entre os fios dos postes e as copas das árvores. Mais do que nunca, ele se sentia tentado. Não sabe de onde veio a inspiração, mas era algo forte e urgente. O desejo era intenso a ponto de desconcertá-lo. E olha que eram poucas as coisas que o tiravam do sério....
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29/05/2008 - Síndrome do avestruz

Hoje acordei com a síndrome do avestruz. Vontade de enterrar minha cabeça na terra e ficar ali para sempre. Vontade de lançar por terra todos meus sonhos, todos meus pensamentos, todos meus horizontes. Quem saiba por entre os vermes do submundo eu me sinta melhor. Ah! Que o sol e a lua desapareçam depois de um beijo apaixonado. Eu estarei cá em minha escuridão mais profunda e não testemunharei a morte de nenhuma estrela. Vou enfiar a cabeça na terra e não tomar conhecimento do que acontece a minha volta. E esse gesto não é por medo, mas por necessidade. O mundo não me cabe, ou melhor, eu não caibo nesse mundo. ...
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