Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 24 de 27.

25/05/2008 - Saudade junina

Na noite de ontem fui para a quermesse de Nossa Senhora Auxiliadora. Uma comemoração com cara de festa junina. Acabada a missa, as barraquinhas com quentão, canjica, chocolate quente, pastel, caldo, arroz carreteiro, galinhada... Eu belisquei aqui e ali e fui me embrenhando por entre os sabores regionais. Mas faltava alguma coisa. Uma sensação de incompletude não me deixou entrar no clima da festa.

Talvez porque ainda não era junho. Talvez porque não era dia de São Pedro, São João ou Santo Antônio. Talvez porque não tinha amendoim torrado. Talvez porque não havia fogueira. Talvez porque não tinha chapéu de palha e camisa xadrez. Talvez porque não teve quadro dos três santos juninos no topo do mastro. Talvez porque eu queria o impossível: o sentimento caipira no meio da metrópole. Por mais que se esforçasse, esse sentimento não seria legítimo....
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23/05/2008 - Segunda ou sexta-feira?

Pensei uma, duas, três vezes antes de levantar hoje. Frio. Sono. Preguiça. Devia ser proibido por lei trabalhar em dias como o de hoje. Sé é que podemos chamar hoje de dia, afinal, o que vemos é uma verdadeira ilha no meio da semana. Um feriado nacional ontem e um sábado amanhã. Hoje é a perca total de ritmo. Hoje é o deleite da dúvida: segunda ou sexta-feira? Hoje é uma vontade de não ser.

Hoje era o dia ideal para ficar entre cobertas em um eterno namorar. Tanto podia ser feito hoje em matéria de descanso, de diversão, de entretenimento. Mas não, hoje é dia de labuta. No entanto, um clima de final de festa infesta nossas ruas. Culpa dos estudantes que fizeram uma emenda no feriadão e estão em casa, assim como alguns outros trabalhadores que tiveram a sorte de serem chefiados por adeptos ao emendão. ...
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19/04/2008 - Sementes de trigo

"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto." Passei a semana toda com essa passagem bíblica na minha cabeça. Esse texto fez parte da homilia que fechou o período Pascal da igreja católica. A idéia é a de que a semente (Jesus) que é colocada no seio da terra, rompe com todas as barreiras da morte e trás vida nova.

Saindo da igreja e caindo na realidade, ouso dizer, caro leitor, que é preciso um sacrifício, uma doação, uma entrega maior do que a ciência pode explicar pra que possamos conhecer e viver uma vida nova. Não quero, com este humilde texto, dizer que é necessário que nos matemos ou deixemo-nos morrer para ganhar esse novo mundo. Jesus morreu para viver esse milagre, mas cabe a nós morrer simbolicamente. ...
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16/04/2008 - Sol, camelos e cometas

O sol o chicoteava com labaredas de suor. Como resultado de um ódio passional, seu rosto é colorido entre o vermelho e o vinho comum às maçãs argentinas. A camisa colava em seu corpo na aderência de um adesivo. Não havia árvores ou marquises para produzir alguns metros de sombra. O sol, mais pesado do que de costume, aproximava-se da crosta terrestre da sua cabeça.

Os pensamentos fritavam num óleo de neurônios. Tudo era confuso. Tudo era vertigem. Tudo era um bafo quente vindo de seus próprios pulmões. A pressão subia e o sangue entrava em ebulição. As piscinas, os rios, os mares... todos estavam longe de seu alcance. Nem um copo de água ou um picolé de uva atravessavam seu caminho na loucura de uma miragem. Ele estava sozinho naquele mundo caliente....
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13/03/2008 - Senna é Senna

A quarta-feira emerge como uma ilha no meio do oceano da semana. Uma ilha cercada de estresse e tensão. Afinal, as lembranças do último final de semana e as expectativas para o próximo são terras a perde de vista. Foi nesse clima que ontem (quarta-feira), dentre tantos escândalos e tremores políticos, mergulhei em outros mares.

Nunca escondi de ninguém que Ayrton Senna desempenhou um papel importante em minha vida - o de exemplo. Mais do que herói e mito, sempre me espelhei no espírito daquele que colocava a vontade de vencer acima de tudo. Tanto que estou escrevendo dois livros tendo Ayrton como protagonista. No primeiro, misturando realidade e ficção, narro um romance que tem uma corrida em Mônaco como paisagem de fundo - a última vencida por Senna. Espero terminá-lo ainda este semestre. ...
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Sábado

Quantos os que tentam compreender a tristeza existente num Sábado. Acordar quase na hora do almoço, ficar o resto do dia na frente da televisão ou sair em busca de diversão, em suma, quebrando as regras da rotina. O que leva alguém a preferir o cotidiano, que em si é tão comum, tão cheio de gestos repetidos. O sono, o café, os afazeres, o almoço, a responsabilidade, o estresse, o jantar, o cansaço. Só os loucos trocam o sábado, da calma, da tranqüilidade, do improviso pela fatídica rotina. Somente os loucos e os apaixonados. Segunda, terça, quarta, enfim, todas as feiras vendo o desespero da sexta, a agonia de não vê-la amanhã e depois de amanhã, só depois. A sexta e a vontade da segunda, que insensatez....
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Sala de estar

A sala de estar estaria de toda escura se não fosse pela penumbra da música de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina espalhada num carrossel. Podia ser qualquer um deles, mas, no momento mais precioso da noite, era Tom Jobim. Embora não houvesse porta-retratos na sala, existiam tantas fotografias. Feitas de imagens, cheiros, sons, marcas. E a música continuava falando de amor.

Alguns passos no tapete da sala e os olhos afeitos de uma cachorrinha que parecia saber mais do que supúnhamos. Mais alguns passos e alguns livros certos na hora certa no lugar certo. E incerto, tropeço em Vinícius e Drummond. O amor em notas e em versos....
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Salve-se quem puder

A música do plantão jornalístico da Globo invade os ouvidos. A voz de Fátima Bernardes diz que o primeiro de três porta-aviões norte-americanos chega ao litoral que já foi das caravelas de Pedro Álvares Cabral. Primeiro, como no Oriente Médio, os bombardeios. Depois, as tropas terrestres. A tão frágil democracia brasileira espalhada em zilhões de cacos. O que é isso??? O Brasil atacado por alienígenas? O trailler do novo filme de Spilbergh? Não, o Brasil tomado pelos "sem". Tudo quanto é tipo de sem: "sem-teto", "sem-terra", "sem-privilégio", "sem-sucesso", "sem-cheque especial", "sem-vergonha"... ...
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São demais

São demais os mistérios que rodeiam uma mulher. São demais as cores e as sombras que fazem uma mulher. São demais as orquestras que habitam o silêncio de uma mulher. São demais os perigos que se afogam no colo de uma mulher. São demais os feitiços que rondam os olhos de uma mulher, (são elmos, magos, bruxas, fadas, deuses de todos os credos que se dão nos olhos de uma mulher). São demais os sonhos adormecidos no cabelo de uma mulher. São demais as formas que a geometria não soube definir presentes em uma mulher. São demais os apelos que exalam de uma mulher. São demais os ângulos criados pelo andar de uma mulher. São demais os murmúrios trazidos pelos segredos de uma mulher. São demais as alucinações que mesmo em face de tantas impossibilidades emergem de uma mulher. São demais os medos provocados por uma mulher. São demais os planos em que se esconde uma mulher. São demais as loucuras (em forma de prazer ou sacrifício) feitas por e para uma mulher. São demais os enganos escondidos em uma mulher. São demais os escândalos. São demais as hipóteses. São demais as vontades. São demais os amores hipocondríacos que se alimentam dos mistérios de uma mulher....
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Sarjeta

Sem atender as reivindicações do Ministério da Saúde, a fumaça de um cigarro mais atrevido requeima os tecidos da noite. Para os metereologistas, uma noite úmida. Para os desesperados, chuva à frente. Para os poetas, uma noite choramingando seu pranto tanto em forma de sereno.

Entre a fumaça, uma menina de rosto sujo pedindo esmola, um vendedor de botões de rosa nem sempre cor-de-rosa, um garçom vestido de garçom que escuta demais e um celular que toca o tema de um filme. Sobre esse pano de fundo, ela exibe seu portifólio de sorrisos. Outra cuba. O rum dos piratas de além mar. A coca-cola de uma geração proibida. O gelo dos ursos polares que estão derretendo. Todos esses elementos se misturando com a saliva daquela última Eva. E ela nem mesmo se chama Eva, não namora nenhum Adão, mas sabia de todos os pecados contidos em uma maçã. ...
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