Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 6 de 27.

02/02/2015 - Salve Iemanjá!

Salve as águas de Iemanjá. Salve os cabelos longos e ondulados de Iemanjá. Salve o azul, todo o azul de Iemanjá. Salve as sereias de Iemanjá. Salve os reinos de Iemanjá. Salve o amor, o verdadeiro amor, de Iemanjá. Salve as energias curadoras de Iemanjá. Salve os mantras de Iemanjá. Salve a corte de Iemanjá. Salve as ondas, as corredeiras, as cachoeiras de Iemanjá. Salve a lua, as estrelas e a seta branca de Iemanjá. Salve a Estrela Candente de Iemanjá. Salve a pureza de Iemanjá. Salve as limpezas de Iemanjá. Salve as elevações de Iemanjá. Salve as lágrimas de Iemanjá. Salve o horizonte de fluidos de Iemanjá. Salve o sol doutrinador de Iemanjá. Salve o povo de Iemanjá.


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27/01/2015 - Saudade desfeita

E, de repente, eu me vi nos braços da senhora novamente. Aquele mesmo sorriso forte, sem mostrar dos dentes, mas numa profunda felicidade estampada nos lábios contraídos de emoção. As linhas de sua face, como nos nossos reencontros depois de muito tempo, tremiam. Seus olhos tentavam capturar o máximo de mim. Como se diz por aí, nem piscava. E quando me aproximei ela abriu os braços e num silêncio arrebatador, fui pra seu colo. Não falamos nada por um período de tempo que não dá para contabilizar. E nosso silêncio disse tudo o que precisava ser dito. As energias se manifestaram e a saudade foi desfeita.


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21/01/2015 - Se fosse diferente

Se as pedras não fossem pedras seriam nuvens. Se o tempo se contaminasse morreria de ferrugem. Se os homens fossem rios não andariam em círculos. Se a morte não fosse cega veria que a dor é mais velha que ela. Se as luzes da noite fossem sensatas se apagariam para o espetáculo da lua. Se o rei fosse nobre abdicaria do próprio trono. Se as árvores falassem, haveria bem mais verde de pé. Se Deus se apaixonasse o mundo já teria sido ofertado. Se o coração fosse nuclear estaríamos todos mortos, porque explosões acontecem a todo instante. ...
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17/01/2015 - Sua metade

Eu tenho seu corpo perfeito e nítido entranhado em minhas retinas, assim como sua voz segue presa aos meus ouvidos. Guardo mesmo sem querer cada um dos seus gemidos, os de sofrimento e os mais comovidos de prazer. Não sei se é justo ou não, porém, mesmo ainda viva, sua silhueta ficou para mim, em mim e por mim. Tenho o cálice da sua boca derramando em meus lábios até o presente momento. Pelos labirintos das minhas narinas brincam seus cheiros encantados. Tenho suas costas tatuadas pela imagem do seu rosto aflito e sofrido pelo fato de eu lhe ter dado as costas. Suas lágrimas ainda ardem em mim. E a culpa pelo que não fiz é a pior das minhas tormentas. Minhas mãos teimam em buscar suas músicas, seus cabelos, seus cuidados... Eu nasço sempre que uma lembrança sua vem à tona; e são tantas, mais que tantas a ponto de ter me transformado em uma maternidade ambulante. A saudade invade meus quartos enquanto eu, eternamente partido, assumo-me metade, a sua metade...


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13/01/2015 - Sem sapatos

Tão logo chegou tirou os sapatos e pisou naquele chão frio e translúcido da nascente que ficava nas terras do seu Adelor, um velho fazendeiro que cansado de contar riqueza pendurou uma rede na varanda para de lá nunca mais sair. Bem longe da casa grande e sem pensar no senhor daquelas terras livrou os pés que viviam trancados naqueles materiais sintéticos. Sim, seus pés viviam numa espécie de natureza morta. As unhas, bem feitas, reluziam por aquela água limpinha. E ela caminhava sem culpa por aquele solo que mais parecia nuvem. Sentiu-se livre. E sem emitir som algum, conversou com Deus. Um contato íntimo com a terra, com o mundo, com o universo. Ela, que na maioria dos dias era fogo, viu-se água. E seus pés ficaram doces, seu corpo ficou doce, e até o choro que verteu de uma emoção ainda não diagnosticada caiu doce naquelas águas que tinham uma espécie de mel. Essa espécie de abelha ficava intocada no chão e produzia esse néctar que borbulhava numa água recém-nascida. O velho Adelor não dava importância para aquelas borbulhas, tampouco para o gosto daquela água, pois só tomava conhaque e cachaça de alambique. Já aquela mulher de ossos finos tomava todo o cuidado necessário para não estragar nada. Pisava com zelo. E até para beber aquela água pedia licença ao lugar. Era de uma elegância de cristal. No início, destoava muito, mas pouco a pouco foi se tornando parte da paisagem a ponto de uma garça mais atrevida paquerá-la. Pena que tinha de voltar para os sapatos, para um caso de cara mais ruim que seu Adelor e para a vida salgada de sempre.


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21/12/2014 - Sabores de Vó Ofélia

Quero me sentar a sua mesa e prosear um pouco enquanto coa o café e frita aqueles bolinhos de chuva que só a senhora é capaz de fazer. Quero espiar a senhora no fogão fazendo aquela macarronada especial de domingo. Quero provar mais uma vez da batata frita à moda de dona Ofélia. Quero ver mais uma vez que seja a senhora espremendo o milho para fazer curau, pamonha e bolo como nunca comi igual. Quero fazer aniversário para comer aquele bolo de suspiro e goiabada que só é possível vindo de suas mãos. Quero matar minha fome com seu pudim mata-fome. Quero experimentar de novo aquele pão sovado. Quero, nas noites frias, tomar aquela sopa que a senhora fazia em poucos minutos. Quero aparar no ar uma fatia do seu manjarzinho branco voador. Quero brigar para raspar a panela do curau de milho. Quero comer seus canudinhos com seu doce de leite que muda de cor três vezes antes de sair do fogo. Quero me fartar do seu doce de abóbora. Quero uma fatia bem generosa do seu bolo batido à mão, bolo que no meu caderno de receita ganhou o seu nome. Quero virar criança outra vez para comer sua gelatina colorida. Quero sentir o gosto daquele bife flambado e esfregado no fundo da frigideira. Quero encher as mãos de suspiro e pãezinhos de São Luiz. Quero provar da sua fé, dos seus sonhos, do seu amor, da sua sabedoria, das suas lições de vida a partir de bocados, colheradas, pedaços dos seus quitutes... ...
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08/12/2014 - Saudade de temporizar

Ando com saudade do tempo em que eu tinha tempo para pensar no tempo. Tempo bom que ficou no tempo. Tempo que não volta. Tempo que não se cota. Tempo que dia a dia se esgota. Tempo que o tempo não devolve. Tempo que o próprio tempo absorve. Tempo que não se importa com nós. Tempo que nos deixa a sós no tempo. Tempo que dá e desdá nós em nosso sentimento. Tempo marrento. Tempo birrento. Tempo lamento. Tempo sofrimento. Tempo algoz. Tempo passando pelos ilhós do tempo. Tempo, tempo, tempo carregado de tempo, temporal, temporação, temporamento, temporatura, temporão... Ando com saudade do tempo que eu tinha tempo de temporizar.


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23/11/2014 - Seu Liberato manda chuva

Seu Liberato, caboclo do mato, converse, por favor, com as nuvens pra chuva mudar o retrato dessa paisagem. Ocê que entende e fala a língua dos ventos, traz as nuvens negras, carregadas de água e sentimento. Vê o sofrimento do lavrador. Escuta o lamento das árvores que morrem à mingua nessa sequidão. Tem planta lá do morro que já nem grita mais por socorro tamanha rouquidão. Mas ocê, seu Liberato, que é feito do sangue do mato, pode ouvir o coração empoeirado, seco e atrofiado desses campos que não cansam de pedir chuva aos santos. É tanto pó que a estrada anda ruiva. A mina já não corre mais pras bandas do seu mundo. O poço da casa grande agora tem fundo. O desespero de bicho, planta e gente é profundo. Peça para Tupã que traga água para essas crias que ardem numa febre terça. Que venha a chuva antes que a terra do amanhã tenha olhos de viúva.


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22/11/2014 - Saldo

Eu queria não contar moedas, mas contar estrelas. Eu queria só ter cartões de eu te amo. Eu queria me preocupar apenas com o que diz meu coração. Eu queria perder o sono por uma única causa: brincar de amor. Eu queria que minhas contas fossem as contas dos meus orixás. Que queria um banco de sentimentos. Eu queria ter crédito com deus. Eu queria receber meus sonhos à vista. Eu queria não ter hipotecado minha esperança.


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14/11/2014 - Salve meu povo Katshimoshy

Salve meu povo das danças à lua, das noites regadas à fogueira, dos lares no seio da rua... Salve meu povo Katshimoshy. Salve meu povo que enfrentou os lobos, que sangrou nos caninos brancos das matilhas, que derramou a própria vida em busca de fortuna e poder. Salve meu povo de príncipes e rainhas. Salve meu povo que percorreu a Rússia, a Europa Central e a Andaluzia. Salve meu povo Katshimoshy que se arrependeu dos excessos mundanos e evoluiu para outros planos. Salve meu povo feito de luta e magia. Salve meu povo formado por caminhos, ventos, chuvas. Salve meu povo cigano de luz. Salve o povo cigano do Amanhecer. Salve Cigana Andaluza, salve Deus! Salve Cigano Branco do Oriente Maior, Salve Deus! Salve Mãe Calaça, Salve Deus! Salve Mãe Magdala, Salve Deus! Salve Tiãozinho e Justininha, Salve Deus! Salve a cigana Natascha, Salve Deus! Salve o povo da liberdade, do fogo, da paixão, Salve minha herança Katshimoshy.


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