Daniel Campos

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Encontrados 95 textos. Exibindo página 10 de 10.

Um mundo febril

Sol. Sun. Soleil. Sole. Sonne. Zon. Seja qual for à língua falada, escrita ou escutada, ele, o sol, brilha soberano. A estação não muda. É verão o tempo todo. Metade da Groenlândia virou mar. Parte da Antártida se perdeu e com ela, uma legião de pingüins e leões marinhos. O mar tem seis metros a mais do que se acostumou a ver naqueles velhos Atlas em nossas aulas de geografia. A Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro; a Vila Belmiro, em Santos; a praia da Boa Viagem, em Recife, e a Ponte dos Ingleses, em Fortaleza, e outros tantos cartões postares litorâneos estão debaixo d´água como Atlântida, a cidade perdida. Se houvesse um termômetro que medisse a temperatura média do mundo, o mercúrio indicaria 18ºC. Termômetro? É um mundo febril. É um mundo doente. É um mundo em extinção....
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Uma bossa ainda mais nova

Era demais, mas não era tarde quando um deus, louco e pagão, pausou um olhar (como se buscasse um outro céu) e confessou seus desejos ao piano. As mãos partiram em busca de uma fórmula ainda não inventada. As claves de sol se envolveram e das entranhas de uma sétima menor nasceu, sem gritos ou explosões, uma canção impossível. Ela, a canção, escapuliu por entre as teclas pretas e brancas e se fez mulher.

Ela passou e, diante da euforia em suas artérias, ele se atirou daquela cobertura que arranhava estrelas mais abusadas. ...
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Uma cidade em perigo

Chamem a tropa de choque, a força aérea, os agentes especiais. Chamem os recrutas e chamem os ladrões. Todos são necessários. Mogi-Mirim está tomada. Invadiram a cidade. Não, não é coisa dos sem-terra, tampouco dos extraterrestres. É um inimigo que chega em bando, canta sempre o mesmo hino e suga o sangue de quem encontrar pela frente. Vampiros? Quase. Pernilongos. Milhões deles.

Sem que ninguém os impedisse, os mosquitos se alastraram pela cidade com a fome dos exércitos medievais. Desde então, a rotina é a mesma. Enquanto o sol impera no céu, eles se escondem. Ficam invisíveis, protegidos em alguma sombra. Afinal, eles são guerreiros das sombras. Depois, a noite chega e eles atacam. Aquele barulho infernal nos ouvidos é o sinal de que a guerra está declarada. Voam pela casa como aviões norte-americanos sobre o Iraque. Por falar em EUA, avisem o Bush que em Mogi-Mirim há uma nova espécie de terroristas. Pernilongos terroristas. Se as autoridades municipais não conseguirem resolver o problema, eu sugiro que chamem o 007, o Exterminador do Futuro, o Marcos. Marcos? Aquele da novela das oito. Aquelas raquetes de tênis usadas pelo personagem de Dalton Vigh para bater na mulher seriam de grande utilidade na batalha contra os pernilongos....
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Uma fé, uma voz, um tempo

Os tons pastéis da igreja matriz se derramam pela praça. Uma praça com coreto, fonte e bancas de jornal. Uma matriz de escadarias e torres que lembram as fortalezas que um dia, alguém nos contou em histórias. Pelos arredores da matriz, uma voz pausada. Uma voz que é metade som, metade silêncio.

Havia quem passasse sorrindo, havia quem passasse dançando, havia quem passasse com pressa. E como passavam, morriam. Consolo para os que passavam amando, amando não importa o que, se um alguém, se um tempo, se uma música. ...
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Uma taça de traição

Os ponteiros do relógio, embaralhados e em silêncio. Numa lentidão de pôquer, avançavam para além das duas horas. A noite que não se sabia, se noite ou madrugada, passava em tons escuros e desertos. Como de costume, quando ela chegasse não precisaria tocar campainhas, machucar a mão na porta, gritar entre as lanças do portão... bastava encostar seu corpo na porta e... e a porta ganharia o ângulo de um decote. Diante dela, os ponteiros do relógio desapareceriam. Diante dela a noite entraria numa espécie de depressão pós-parto. Atrás dela não existiriam trancas, cadeados, segredos... ...
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