Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 167 de 320.

12/04/2012 - O silêncio e as palavras

É preciso reconhecer quando não há mais espaço para palavra alguma. Tudo já foi dito e redito. Agora cabe ao silêncio cuidar de tudo. É bom lembrar que o tempo age fazendo-se de mudo. É momento de deixar as frases se assentarem. O que secou pode brotar. O que queimou pode se regenerar. O que ficou pode voltar. As palavras necessitam de um tempo de maturação para surtirem o efeito esperado. Como na passagem da lagarta para a borboleta, as palavras que agora rastejam amanhã em pouco tempo podem abrir as asas. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

11/04/2012 - Procuras

Procura-se um sonho exilado. Procura-se um amor desmemoriado. Procura-se um santo realmente santo. Procura-se um pouco de encanto. Procura-se um verso esquecido. Procura-se um sentimento foragido. Procura-se um céu de carmim. Procura-se o eco de um bandolim. Procura-se um pouco de esperança. Procura-se uma temporada de bonança. Procura-se um caminho seguro. Procura-se um desejo puro.

Procura-se um tempo esquecido. Procura-se um louco varrido. Procura-se a hora que não tarda. Procura-se uma gata na noite parda. Procura-se um coração febril. Procura-se a terceira margem do rio. Procura-se o que há por trás do espelho. Procura-se o segredo do escaravelho. Procura-se a dama escarlate. Procura-se a criatura que não parte. Procura-se o pássaro ladrão. Procura-se o comboio da criação. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

10/04/2012 - Deuses da morte

Que venham os Ceifadores. Que venha o apocalipse e o Anjo do Abismo. Que do Egito venha Anubis e comece a conduzir as almas ao julgamento. Que venha Azrael, enviado por Alá, para recolher as almas. Que venha o Barão Samedi, o Vodu que controla a passagem entre o mundo dos vivos e dos mortos. Que venham Cizin e Ereshkigal, as deusas maia e acadiana dos mortos. Que venha a senhora do fim dos tempos. Que venha o Juízo Final. Que venha a dama dos pesadelos. Que venha aquela que ninguém engana.
...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/04/2012 - Somos portas

Uma só porta é capaz de dividir o mundo e de criar dois outros mundos: o mundo de fora e o mundo de dentro. As portas dividem projetos, sonhos e até tetos. As portas dividem o coração dos apaixonados, trancando paixões e colocando amores para fora. As portas podem ser reais ou imaginárias, espessas ou transparentes, arrombáveis ou não. As portas dividem caminhos, quebram brindes regados a vinho e interrompem beijinhos. Há portas de aço, de madeira, de palha, de fumaça...

A porta, dependendo se aberta ou fechada, pode ser braços abertos ou um tapa, um pedido ou um adeus, uma acolhida ou uma rejeição. Portas são passagens que se abrem ou não condicionadas a uma série de fatores. Existem portas na terra, no inferno, no purgatório e no paraíso. Portas no nosso corpo e na nossa imaginação. Enfim, há portas em todas as dimensões e paralelos. O próprio Deus pode ser considerado uma porta. E como somos feitos a sua imagem e semelhança, também somos portas. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/04/2012 - Cadê os coelhos?

A menininha acorda apreensiva em busca de patinhas. Na verdade, rastros de coelho. Procura os tais vestígios pelo chão de seu quarto, pelas paredes e até no teto. Tamanha sua ansiedade chegou a sonhar com um coelho orelhudo, branco e de olhos vermelhos. Pensou que ao abrir os olhos enxergaria coelhos pulando para lá e para cá sem parar. Quando não viu nada fez beicinho e ameaçou um chororô sem fim. Chamou pela mãe, pelo pai, pela avó, mas ninguém apareceu. Será que havia sumido junto com os coelhos?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/04/2012 - O mundo inteiro para ela

Nada para mim, tudo para a mulher amada. O que sou, o que tenho, o que sonho, tudo pertence à mulher amada. As flores que cheiro, os frutos que dou, as raízes que me sustentam são da mulher amada. Os sacrifícios que faço, o tempo que desfaço, o que eu perco e o que acho são obra da mulher amada. O que chega, o que fica e o que escorre dos meus olhos dizem respeito diretamente à mulher amada. Os movimentos das marés e das estrelas imitam o balançado e o ritmo da mulher amada.

O que eu prometo ou ofereço o faço à mulher amada. O que vejo no espelho, no fundo do copo e nas linhas da minha mão é o mesmo reflexo da mulher amada sob várias angulações e profundidades distintas. O sabor que fica na boca, a cor que não desbota, o perfume que impregna são resultado da presença ou da ausência da mulher amada. Os adjetivos e suspiros convergem à mulher amada numa estrada de mão única na qual a saudade segue na contramão....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

06/04/2012 - Diferentes sextas santas

Hoje há quem encene a Paixão de Cristo e quem viva suas próprias paixões, teatrais ou não. Hoje há quem faça jejum e quem cometa o pecado da gula. Hoje há quem passe o dia em silêncio de convento e quem resolva cantar igual pássaro ao vento. Hoje há quem faça Via Sacra e quem trilhe vias profanas e, quiçá, humanas. Hoje há quem dê provas de fé e quem coloque a fé à prova.

Hoje há quem se entregue ao sofrimento de Cristo e quem não abra mão de ser feliz independentemente de data ou da história. Hoje há aqueles que fecham o corpo com simpatias rituais e quem abra o corpo de um jeito nunca dantes aberto. Hoje há quem preencha o dia com orações e quem fique alheio à linguagem de deus e de santos. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

05/04/2012 - Observações sobre a mulher amada

A mulher amada some mesmo continuando viva. Seus pulsos podem ser sentidos mesmo depois de dias e dias de ausência. A mulher amada quer ser salva, mas nem sempre está ameaçada. Querer ser salva é apenas uma tática para continuar viva na memória. As mocinhas sempre habitam a cabeça dos heróis e dos vilões.

Agora, uma coisa é certa: se não for amada, a mulher não existe. Ao menos não a mulher amada. O que não amamos desaparece do nosso dia a dia. É bom repetir um beijo ou uma palavra para continuar pulsando. Há sempre um prazer oculto na ausência da mulher amada, que sai de cena para nos trazer sua saudade. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

04/04/2012 - Alabá!

Alabá! Alabá! Alabá!

Peço licença para entrar no seu Aledá, Alabá! Alabá! Alabá!

Invocando os Cavaleiros da Lança e da Luz, Alabá! Alabá! Alabá! Pelo Reino de Zana, Alabá! Alabá! Alabá! Na força da Lua Cheia, Alabá! Alabá! Alabá! Depois da seis da tarde, Alabá! Alabá! Alabá! Uma elipse se forma no lado externo do templo, Alabá! Alabá! Alabá! Ajanãs e ninfas, Alabá! Alabá! Alabá! Doutrinadores cantam seguindo a chamada do comando, Alabá! Alabá! Alabá! As entidades atendem os pacientes, Alabá! Alabá! Alabá! Mestres e ninfas entregam as forças por eles trazidas da Estrela Cadente e do Quadrante, Alabá! Alabá! Alabá!...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

03/04/2012 - O mistério da figueira

No domingo, o Rei entrou na cidade de Jerusalém e foi saudado por ramos. Na segunda, Maria ungiu Cristo no banquete de Bethânia. A quarta é das trevas. Na quinta aconteceu a última ceia. Na sexta, a crucificação. O sábado é de aleluia. E domingo, de Páscoa. Mas e hoje, terça-feira da Semana Santa, o que aconteceu há quase dois mil anos? A maldição da figueira.

Jesus teve fome. Na semana dedicada ao jejum, Jesus teve fome. Ao avistar uma figueira à beira de seu caminho foi até ela, mas não encontrou fruto algum. O filho de Deus não pensou duas vezes antes de amaldiçoar a figueira. A árvore secou imediatamente. Até os discípulos ficaram admirados diante de gesto tão radical. Um gesto que não combina com o Jesus paz e amor cultuado hoje. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   165  166  167  168  169   Seguinte   Ultima