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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 235 de 320.
02/08/2014 -
Poeta cigano
Sou poeta do coração cigano. Tenho mil desejos, destinos e planos. Não me importa o quão difícil será, o amor me é soberano. Sou poeta, sou cigano. Sou pele envolvida em fogueira. Sou soprado, atiçado e levado pelo vento. Sou a liberdade do sentimento. Sou paixão sem censura, sem barreira, sem frescura.

Poeta da areia
O dia surge numa ausência sempre notada. Os caminhos se esparramam como desertos e toda aquela areia se remoí dentro de uma apertada ampulheta. Vejo caminhos nas alucinações que eu mesmo crio só para que eu possa continuar a caminhar. Seria tão bom se voltasse, mas devo seguir com uma mínima dose de lucidez. Mesmo que seja a mínima da mínima dose possível.
Às vezes, tenho e me detenho à nítida impressão que o tempo me prega algumas peças. Estou distante, longe, numa perspectiva praticamente impossível. Ao mesmo momento, parece que foi ontem. E mesmo passando os dias, parece que foi ontem. Ontem que nos deixamos, não porque queria, mas porque chega um momento que é preciso desdar as mãos. Um momento em que só permanece o que é realmente forte. E no momento decisivo, você não foi forte. Tempos depois, continuamos vivos. Mesmo com todo o deserto, não acabou....
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04/12/2013 -
Poeta-pâtissier
Se eu fosse um poeta-pâtissier muitos, muitos amores de chocolate eu haveria de fazer. Seriam beijos puros de cacau e, nos momentos mais doces, banhados ao leite. Nada de sorrisos meio-amargos, mas recheados de licor e de sabor e de calor. E assim teria vontade de comer (se lambuzando) meus poemas sem qualquer pudor, e com todo apetite. Seria um imenso prazer transformar seus olhos (que me olham como barras de chocolate) em bombons finos, preservando assim sua elegância e composição. Ah, manteria o perfume natural sem necessidade de utilizar quaisquer aromatizantes. ...
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12/02/2016 -
Poetas de pedra
Ah eles chegaram e se apossaram do que eu sou. Foram pegando a minha vida, os meus amores, a minha lida e nada mais ficou como era... feito canteiro antes e depois da primavera. Ah eles chegaram e mudaram o meu destino. Eu, o menino, soltador de pipa, papagaio, maranhão, fazer de gol, lançador de pião, tive que ser o puxador de caminhos, o linho que recebe calado a linha, o galo que abandona a rinha. Deixei de ser moleque, pivete, para ser algo a mais que eu não sabia. E quando tudo se apagou outro dia se iluminou e eu me vi poesia. Ah eles os poemas chegaram e se apossaram do que eu sou. Foram me tomando e me fazendo amar de um jeito que eu não podia imaginar. E eu descobri, senti e vivi sentimentos tão novos, intensos, propensos à eternidade que eu em pouco tempo cai em outra realidade. E depois da queda em mim, levantei meio assim-assim e vaguei pela cidade dos poetas de pedra.

Pombal
São dezenas. São centenas. São milhares de pombos. Pombos do ar, da cidade, das migalhas. Pombos que infestam as praças. Pombos que se assentam nos fios da eletricidade. Pombos brancos, pombos pretos, pombos acinzentados, pombos esverdeados, pombos machados, pombos mesclados, pombos riscados, pombos sujos e imundos, pombos contagiosos e epidêmicos. Pombos que comem grãos, frutas, sementes e lixo. Pombos de coco verde e mal cheiroso que tingem o asfalto, as camisas dos executivos que passam e os cabelos das moças que namoram no meio da rua....
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05/01/2010 -
Ponta do mar
É na ponta do mar que os pescadores casam suas histórias. É na ponta do mar que as redes se enroscam. É na ponta do mar que os peixes namoram. É na ponta do mar que as sereias capturam suas vítimas. É na ponta do mar que as ostras fazem as pérolas mais bonitas. É na ponta do mar que os veleiros queimam como parafina. É na ponta do mar que os náufragos pedem socorro. É na ponta do mar que a vida se divide como uma estrela, entre luz e escuridão.
É na ponta do mar que a maré enche. É na ponta do mar que o tubarão espreita. É na ponta do mar que o cardume tinge o azul. É na ponta do mar que surfista tira onda. É na ponta do mar que baleia encalha. É na ponta do mar que Netuno fincou moradia. É na ponta do mar que tem arraia e enguia. É na ponta do mar que as algas descansam. É na ponta do mar que as ondas quebram. É na ponta do mar que o sol se banha. É na ponta do mar que o mistério começa....
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Ponte
A noite manchara os lábios de uísque e os delírios corriam à solta. Diante dos olhos, o horizonte de uma ponte na seminudez de três arcos de concreto. De uma ponta a outra da cidade, a ponte se lançava sobre um lago que era mais escuro do que a própria morte. Um lago de águas calmas, aquietadas como se uma lembrança na escuridão do esquecimento. Os pés tocam a ponte sem maiores pretensões. De repente, como se o vento encontrasse a brisa no meio da ponte, ela se encontra com um espelho. Ela vem com os saltos salpicando a ponte. Fuma uma fumaça fina e joga as cinzas do cigarro no lago. E nem se preocupa se queima as cristas daquelas águas negras. ...
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21/04/2017 -
Ponto de equilíbrio
Equilíbrio é fundamental. Não se cobre nem espere demais, apenas o necessário. Se no casulo, uma lagarta gastar energias além ou aquém do que for preciso não haverá borboleta. Se você botar mais farinha ou menos leite, o bolo não crescerá. Se você colocar palavras de menos, um texto fica incompleto, se acrescentar palavras demais, o texto fica chato e perde o sentido.
Não podemos ser nem mais nem menos, precisamos ser o necessário em todas as horas e circunstâncias. Se tudo o que existe é energia, estamos o tempo todo dando e recebendo forças. Se damos mais do que recebemos ou se recebemos mais do que damos surge um desequilíbrio e isso causa uma série de distúrbios físicos, emocionais, mentais, espirituais......
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18/12/2015 -
Pontos e pespontos
Chega-se a mais um ponto. Não importa se final, de exclamação ou de interrogação. Se vírgulas, dois pontos ou ponto e vírgula. E ainda, se três pontos. O importante é que mais um capítulo é pontuado e a página virada, recebendo outra totalmente em branco, sem margens ou pautas. Mas antes de se jogar na próxima página, curta o seu ponto, seja lá qual for, por inteiro. Seja maior ou menor, um ponto é só uma pausa. E pausas são essenciais à continuidade da vida, feita de pontos e pespontos.

06/08/2012 -
Por amor
Por amor, o anjo cai, a noite sai, o homem sai e volta pai. Por amor, a noite se prolonga, o mundo vira coração, os sentimentos rodam feito pião. Por amor, a vida volta à vida, os santos pecam, os pecadores se elevam. Por amor, a lua é laçada, as roupas se encontram no armário, bocas se confessam. Por amor, a alma dói, o corpo entra em êxtase e o cérebro delira. Por amor, os papéis são trocados, os passados viram futuro e as pedras tornam-se serem alados. Por amor, sombra e luz, solidão e multidão, comédia e tragédia dão as mãos. ...
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