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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 171 de 320.
03/03/2012 -
É Eliana Calmon
Quem é aquela mulher de palavras tão afiadas quão o machado de Xangô? Quem é aquela mulher forjada no fogo e no vento dos orixás? Quem é aquela mulher que mais parece uma Santa Bárbara de toga? Quem é aquela mulher temporal de sentimento? Quem é aquela mulher, guerreira por natureza, que não se desvia um milímetro sequer de suas ideias e de seus ideais? Quem é aquela mulher que casa as buscas por sabedoria e justiça de forma tão perfeita?
Quem é aquela mulher que seduz pela força de suas palavras, pela intensidade de seus atos, pela paixão que exterioriza em suas batalhas? Quem é aquela mulher que não se esconde por detrás de um título ou de um cargo? Quem é aquela mulher que abraça os rituais processuais e místicos? Quem é a mulher que transcende aos reinados de Oyó? Quem é aquela mulher que quebra as demandas judiciais e destranca o caminho da esperança? Quem é aquela mulher múltipla?...
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02/03/2012 -
Variações sobre Érika Jucá Kokay
Érika Kokay poderia ser Érika Kokar, em referência ao cocar dos indígenas, das linhas e falanges que a acompanham. Salve os caboclos índios e caboclos de penas, salve as caboclas de Iemanjá. Caboclas Yara, Jandira, Sete Conchas... Érika é árvore, Jucá, a árvore de madeira dura e de flores amarelas que os indígenas usavam para fazer tacapes e curar feridas.
Érika é rio, rio Jucá, que sangra doce pelo solo árido do Ceará. Rio em cujas margens viviam diversas etnias Tapuias, dentre elas os Jucá. Érika é a força, a luz e a energia que estão em toda parte. Érika está em plena comunhão com as forças vivas do planeta. Érika é o movimento, o fluxo contínuo, a jornada permanente de um cometa. ...
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01/03/2012 -
Sempre a mulher amada
A mulher amada tem olhos coloridos e levemente borbulhantes. Não é à toa que chora lágrimas de champanhe. Tem cabelos desavergonhados e um balançado no modo de pensar, agir e andar. Exibe um corpo de conteúdo literário, com traços filosóficos e relevos poéticos. A mulher amada é a ascensão do trabalho das bordadeiras artesanais, que bordam com doçura, firmeza e simplicidade cada palavra que deixa sua boca. A mulher amada não possui uma fórmula ou composição embora seja objeto de formulações e composições. ...
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29/02/2012 -
O deus do movimento
Se um dia o mundo acabar é porque Oxumaré caiu. Oxumaré é quem controla todos os movimentos, todos os ciclos, todas as fases do que chamamos de mundo. Se a terra parar de rodar é porque Oxumaré nos deixou. É Oxumaré quem cuida das estações do ano, quem faz a noite virar dia e o dia virar noite. Oxumaré não pode ser esquecido, pois se o mundo perder sua natureza cíclica toda vida que há irá se extinguir.
Oxumaré é quem garante a constante renovação do universo. É a cobra que troca de casca para seguir adiante. É o orixá que sobe ao céu e desce a terra pelo arco-íris. É o filho de Nanã Buruku, a senhora dos pântanos e das chuvas que cedeu o barro para o homem ser moldado. Oxumaré é o encontro do homem com a mulher, do macho com a fêmea, a junção que assegura a perpetuação da espécie humana. ...
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28/02/2012 -
Dumont
Existem sobrenomes que mais parecem nomes, são como locomotiva, com brilho e forças próprias. Dumont, sobrenome que voa e, que mede o dia e a noite e que desenha com meadas de linha. Dumont é um sobrenome sonoro, chega a cantar na língua, estalar nos ouvidos. Sobrenome que desvirginou o céu dos homens. Santos 14 Bis Dumont. Sobrenome de asas e ponteiros, de liberdade e relógios. Uma grife do tempo que anda no pulso de homens de negócios e de mulheres atemporais.
Nome de aeroporto, de cidade do interior, de praça, de rádio, de matizes. Dumont, das linhas e das agulhas, dos pontos e das tradições, das bordadeiras mineiras. Dumont, sobrenome de visconde, de pé de valsa, de rei do café, de escritor de novelas, de donzela. Sobrenome de quem, em francês, é do monte, do morro. Sonoramente, pode ser casado perfeitamente com Drummond, com Leblon, com batom, com Saigon. Dumont, mais do que uma nomenclatura, um som.

27/02/2012 -
Detesto segunda-feira
Eu detesto a segunda-feira. Detesto o cheiro, a luz, o ambiente, a conversa, o sorriso amarelo de uma segunda-feira. Detesto o comportamento e o sentimento contidos numa segunda-feira. Eu detesto a falta de gosto e o desgosto e o mau-gosto de uma segunda-feira. Eu detesto o artificialismo, o cinismo e o entreguismo que reinam numa segunda-feira. Eu detesto os indicadores e os atores da segunda-feira. Eu detesto a preguiça que é associada à segunda-feira. Eu detesto o politicamente incorreto de uma segunda-feira....
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26/02/2012 -
Vôo a dois
Amor, seu eu pedisse amor, mais amor, amar-me-ia assim sem fim? Seria capaz de me deixar viver os seus sonhos e, mais, adaptá-los, moldá-los, forjá-los a minha realidade? Por mim, seria como a esperança – a última a morrer? Permitira que eu tatuasse sua alma com desenhos de meu corpo, trançando o meu DNA ao seu a cada beijo? Trovejaríamos e relampejaríamos de desejo, de muito querer, de puro prazer, ensurdecendo e iluminando um ao outro. E a saudade seria um potro correndo leve e selvagem por uma paisagem que não se atreve a existir para mais ninguém....
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25/02/2012 -
Cezar Peluso é destino
Cezar é nome de imperador. Nome que impõe respeito e até certo temor pela sua sonoridade histórica. Mas Antônio Cezar Peluso foge ao estereótipo de seu nome. Ao contrário da força, usa a suavidade para consolidar e expandir seu império nas dimensões temporal e espacial. Império? Sim. Um império de justiça, de cidadania e de bem-estar social que contraria o próprio conceito de império.
Ao contrário de lanças e espadas, a letra da lei que tatua a alma de Cezar Peluso é a arma que o conduz nos embates e a ferramenta com a qual trabalha nas oficinas do Direito pelos territórios físicos e abstratos. Definitivamente, o código genético de Peluso é a relação entre a sequência dos feitos e efeitos de sua atividade jurisdicional. ...
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24/02/2012 -
O amor e o gladiador
Pode ou não um gladiador amar para além da arena? Será que suspira por um perfume de mulher ou pelo cheiro de sangue? Será que ele grita de prazer ou de dor? Será que consegue empunhar rosas no lugar das espadas? Será que se expõe ao amor ou não deixa o escudo de jeito algum? Será que tem mais cicatrizes na pele ou no coração? Será que sonha com mulheres ou com batalhas? Será mais fiel ao seu dono ou aos seus sonhos? Será que troca a areia da arena por lençóis macios?
Pode ou não um gladiador amar para além da arena? Será que ele se entrega a uma paixão como se doa a um combate? Será que pediria misericórdia se vencido por uma mulher? Será que trocaria os grunhidos por sussurros? Será que é capaz de trair a morte, com quem desde que casou mantém uma relação de proximidade e de cumplicidade? Será que ele consegue abraçar alguém sem causar fraturas ou escoriações? Será que mesmo sendo considerado um titã teria ciúme? ...
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23/02/2012 -
Mesa, ou melhor, saudade posta...
Mesa posta. Pratos e talheres em seus devidos lugares. A cabeceira, mais uma vez está a sua espera. Fica tão bem ali. Como se fosse o rei. Aliás, sempre foi o rei. Será que você vem? Fiz a sua pedida favorita. Arroz, feijão, bife, ovo, torresmo e salada. Os grãos não foram plantados por suas mãos e não brotaram naquela terra vermelha, mas foram temperados com lembranças de um tempo que insiste em dar frutos. A carne vermelha, com aquela gordura margeando como um território proibido de prazer, não se sabe se é de garrote, como era de sua preferência. O torresmo também não ficou mergulhado em latas de gordura e o ovo não tem aquela gema vermelha que o senhor tanto gostava de furar com o garfo. A alface e os tomates não vieram de suas terras, mas escolhi com todo cuidado e capricho. O meu sítio agora virou o supermercado. Mesmo assim, procurei trazer o melhor para a nossa mesa....
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