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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 172 de 320.
22/02/2012 -
Agora é cinza
O encanto acabou. A bruxa da realidade voltou a reinar transformado tudo em cinzas. O que era beijo roubado agora é cinza. O que era folia agora é cinza. O que era Pierrô agora virou cinza. O que era confete agora virou cinza. O que era alegria agora virou cinza. O que era fantasia agora é cinza. O que era serpentina agora é cinza. O que era colorido agora virou cinza. O que era batuque agora é cinza. O que era axé agora é cinza. O que era amor agora é cinza. O que era estandarte agora é cinza. O que era dança agora é cinza....
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21/02/2012 -
Quando a bateria parou...
Quando a bateria parou e Alcione cantou, a Estação Primeira reinventou o carnaval na Sapucaí. Mangueira inova e se renova e prova o valor de sua existência. Tia Ciata gostou da ciência, rodou no meio das baianas e sambou até que a lua raiou. Delegado autorizou a nova batida e o guerreiro Oxóssi saudou a verde e rosa da sua chegada a sua despedida. O carnaval de rua em plena Sapucaí na voz de Alcione, marrom bem-te-vi que o mundo reverenciou.
Quando a bateria parou e Alcione cantou, a fantasia ganhou vida e a poesia tomou conta da avenida. Sob a velha tamarineira, o pagode do Cacique encontrou o samba de Cartola, de Carlos Cachaça e de Nelson Cavaquinho. Da vanguarda à velha guarda ninguém ficou parado, calado ou entediado quando Mangueira deu o seu recado. ...
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20/02/2012 -
Um rei
Um rei não volta atrás mesmo quando esse é único caminho a seguir. Um rei não pede, ordena. Um rei não fala, ruge. Um rei nunca deixa de amar mesmo quando não mais amado. Um rei não julga, condena. Um rei não profetiza, executa. Um rei não é feito de pena. Um rei não chora, ao menos não diante de seu reino. Um rei não se rende. Um rei não cai. Um rei não morre, afinal seu coração é a coroa que continua pulsando em sua ou em outra cabeça.
Um rei não se limita a alguém e não imita ninguém. Um rei não se orgulha de seus súditos, mas de seus muros. Um rei não suplica, pega a força. Um rei não serve a interesses que fogem ao seu espelho. Um rei não brinca, duela. Um rei não existe nu de seus brasões, mantos e espadas. Um rei não é necessário, legal ou bem-feito. Um rei não sonha, conquista. Um rei não é domado. Um rei não tem o heroísmo como seu principal talento. ...
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19/02/2012 -
Balanças da alma
Já assuntou que no carnaval os pássaros não cantam, silenciam. Nas árvores ou nas gaiolas, entre asas pra lá e pra cá ou em poleiro s estáticos, eles se calam. É como se antecipassem o silêncio da quaresma. Nem estalos alegres nem repicados de tristeza, som algum deixa seus bicos retos ou curvos. Uma espécie de protesto, de luto, de voto de silêncio, de maldição ou de uma simples indisposição com o excesso de algazarra que ecoa por todos os lados nestes dias.
Os pássaros, orquestrais por natureza, parecem sentir ciúmes de surdos, cuícas e pandeiros fechando o bico propositalmente. E tem mais: além do canto, os bailarinos dos céus abdicam-se de passos de frevo, de samba, de axé como se renegassem todo movimento e qualquer movimentação. Nesta época, não desfilam, não andam em bloco, não seguem o trio elétrico. ...
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18/02/2012 -
Quero mais! Mais!
Como Tim, quero mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo! Como João Gilberto, quero mais silêncio! Mais barquinhos! Mais hó-bá-lá-lá-lá! Como Tom, quero mais chuva chovendo na roseira! Mais águas de março! Mais amor sem adeus! Como Vinicius, quero mais meninas de bicicleta! Mais cores de abril! Mais sonetos de fidelidade! Como Noel, quero mais conversas de botequim! Mais últimos desejos! Mais feitiços da vila!
Como Cartola, quero mais rosas falando! Mais alvoradas! Como Paulinho da Viola, quero mais dessa coisa de brigar menos com o tempo! Mais bebadosamba e mais bebadachama! Como Lupicínio, quero mais nervos de aço! Como Caetano, quero mais luas de são jorge! Mais de noite na cama! Mais alegria, alegria! Como Ataulfo, quero mais dos meus tempos de criança!...
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17/02/2012 -
Hamlet apaixonado
O trágico Hamlet, filho de Shakespeare, anda mais apaixonado. Não que paixão e tragédia estejam dissociadas, mas é como se ele tivesse tirado um pouco do peso do mundo que carregava consigo. Mudou de tom e de ares. Trocou o frio da Dinamarca pelo verão carioca e a aristocracia pela fantasia do Carnaval. Continua se interrogando em voz alta, mas já não coloca o suicídio como o que há de mais importante para ser discutido e vivido. Afinal, hoje em dia está um tanto démodé o ato de morrer de amor. E Hamlet está mais moderno, com toques contemporâneos. No entanto, a dúvida do ser ou não ser ainda o persegue em tantas questões e variações, como num bem-me-quer ou mal-me-quer, num beber ou não beber, num trair ou não trair......
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16/02/2012 -
O marujo Alcides Diniz
Economista de profissão, humanista de natureza. Assim é Alcides Diniz, Vazante de generosidade, de espontaneidade, de amizade. Há quem nasça sonhador, poeta, político. Alcides nasceu e cresceu e amadureceu das três formas. Um servidor público que não se importou em subir degrau por degrau de uma carreira repleta de sentidos e significados. Exemplo, referência, memória em permanente construção. Por meio de um olhar sensível e aguçado, Alcides vaza e extravasa a certeza de que vale à pena acreditar, caminhar, lutar e, sobretudo, navegar em busca de sonhos e realizações. ...
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15/02/2012 -
Amar de que jeito?
Você já parou para se perguntar como ama? Ama naturalmente, comumente ou simplesmente? Pode parecer à mesma coisa, mas há um abismo entre cada exercício do amor. Você ama gradativamente ou de forma voraz, com uma intensidade que chega a ser selvagem? Você ama por que quer ou por que precisa amar para se manter vivo? Você ama com os pés no chão ou sem eixo gravitacional? Você ama machucando ou mentindo? Você ama num contentamento descontente ou num descontentamento contente?
Você ama perto, distante ou em pensamento? Você ama priorizando carne ou espírito? Você ama constante ou inconstantemente? Você ama se esquivando das dores ou mergulhando nelas? Você ama em silêncio ou aos gritos? Você ama em segredo ou como réu confesso? Você ama fazendo de seu amor verão ou meia estação? Você ama num ângulo direto ou paralelo? Você ama atacando ou se defendendo? Você ama para você, para a criatura amada ou para os outros? ...
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14/02/2012 -
Tardes na janela
Louco de amor e de aflição, eis como eu levo os meus dias chuvosos de poesia, separado por quadras e eixos paralelos e perpendiculares da mulher que fia o meu destino em seu tear de paixões e incompreensões. As tardes surgem como pinturas de manicômio no vidro da minha janela. Lá fora o mundo real parece um borrão. Vejo as ilusões caminhando pelas ruas, os sonhos crescendo nos jardins e as esperanças se cristalizando como pedra nos olhos de quem tenta enxergar além das nuvens escuras.
Nesses dias de chuva, o céu ganha um riscado de baile. Tudo parece estar em movimento numa dança que não cessa. Um balé de folhas de árvores e de cadernos promovendo desenhos abstratos no chão e crônicas de um amor caudaloso em livros ainda não escritos. As cores se realçam, as formas se confundem, as sombrinhas formam outra dimensão. Tudo inspira um romantismo desmedido, redimensionado no mais puro sentido do afeto e do querer perto. ...
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13/02/2012 -
Rotina, rotina, rotina...
Olá rotina, quanto tempo? Parece que foi ontem. Lembro perfeitamente de seu rosto, de suas amarras, de sua loucura. Pensei estar livre de ti, mas é como se nunca me tivesse deixado. Nunca fui livre. Sempre tive você, rotina, emprenhada em minha carne, correndo em minhas artérias, enrolada em minha alma como uma serpente.
Depois de um tempo adormecida, acorda revigorada em sua força vital. Está ainda mais forte, mais presente, mais intensa. Rotina, mulher que aprisiona e, que fere e, que tira céu e chão, que tranca o destino, que devora sonhos e aleija a esperança. Rotina, mulher, velha e menina, parasita dos relógios e dos calendários. ...
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