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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 283 de 320.
19/10/2008 -
Sobressalto sem pára-quedas
O avião se preparava para correr asfalto. O trem de pouso se esticava na lentidão dos braços e pernas daquela mulher, que dormiu durante mais de três horas de vôo. Conheceria uma cidade nova, uma gente nova, um clima novo, mas só pensava mesmo no velho amigo que morava por ali. Será que ele já chegou? Será que ele vem mesmo me buscar? Será que ele vai gostar de mim? Mais de dez anos sem se ver e, quiçá, se falar, aquele possível encontro havia sido mais do que provocado. Não imaginou outra coisa nas últimas semanas. E como essas semanas demoraram a passar......
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03/03/2011 -
Sobrevivendo
De mãos amarradas e boca amordaçada. De palavras silenciadas e sonhos amputados. De olhos vendados e digitais apagadas. De identidades violadas e pensamentos negados. De desejos esquecidos e olhares banidos.
É assim que vou pela estrada afora, tropeçando em ideais e fugindo da autodestruição. Vou perseguido, caçado, procurado. Vou molestado, acuado, açoitado. Vou ferido, banido, entristecido. Vou mesmo em pé caído.
Já perdi a conta de quantos golpes sofri, de quantas maneiras sofri, de quantas vidas não vivi. Já perdi a noção das torturas, das repressões, dos calabocas que ganhei. Já perdi a voz, a força, o ânimo. Já perdi a oportunidade de perder. ...
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21/11/2008 -
Sofrendo enfarte ou fazendo arte
Amo amar-te e adorar-te, seja em Sartre ou em Marte, sofrendo enfarte ou fazendo arte. Amo amar e deixar esse sentimento azul me levar ao vento sul, como que querendo chegar a algum lugar, a algum altar, a algum patamar do coração onde ninguém insista no não, tampouco exista solidão. Amo amar de me querer ao teu lado por todo instante, sem pressa, sem promessa, sem flecha, mas com Eça e Di Cavalcanti. Cante, espante e siga avante neste amor a Vinícius de Moraes, que ora é amor ora é amor demais. ...
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02/04/2015 -
Sofrimento transcendental
Semana Santa não tem como não ter aquela levada de tristeza. O que o vento da Sagrada Paixão toca vira dor. O tempo ganha um silêncio natural. O céu fica encoberto, mesmo em dias ensolarados. A cor da vida sai de cena um pouco, deixando tudo mais desbotado. A cidade se aquieta. O peito fica cheio de nós. A beleza nasce doída da angústia. Até os animais mudam de comportamento, ficando cabisbaixos. Mais de dois mil anos depois as feridas ainda sangram, os pontos arrebentam e uma sensação de culpa cobre a nós todos. A dor é latente quarta, quinta, sexta-feira... E vem uma ausência, uma falta de não se sabe o quê, uma saudade indefinida. Há soldados romanos marchando por todos os lados, fora e dentro de nós. Há traições e negações de onde menos se espera. Todas as estradas da Semana Santa parecem levar ao Calvário. As nuvens chegam a chorar uma chuva fina. É como se os senhores das trevas andassem sem medo algum pelo mundo de meu Deus. Uma semana que demora a passar. Vamos queimando como velas. Provações à parte, cabe a nós, filhos do tempo, manipularmos todo esse sofrimento transcendental transformando-o num amor incondicional. ...
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29/05/2012 -
Sol azul
Arrebentou um novo tempo. Raiou o sol azul. Um sol que canta e se agiganta. Um sol que não vai embora, nem mesmo diante da lua escarlate. Um sol que morde, um sol que beija, um sol que late. Um sol submerso em solidão. Um sol sem medo, que não é tarde nem cedo. Um sol lírico, sinfônico, harmônico. Um sol cego e que cega de desejo. O sol azul não tem direção, ilumina lá e cá sem distinção. O sol azul não é um astro, mas um pássaro. Tem asas, mas gosta de viver empoleirado nos olhos de quem o fita. O sol azul, debaixo das suas penugens de fogo, palpita....
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02/06/2011 -
Sol de outono
O sol de outono desce numa mistura de luz e sombra, de calor e frio, de seca e chuva. Um sol mesclado como aquela casquinha mista de chocolate e baunilha. Um sol de saudade, de ausência, de um tempo que ficou. Um sol de desejo, que provoca um ardor de dentro pra fora. Um sol que, tão velho quanto o mundo, permanece soberano e invejado por muitos astros e estrelas. Isso porque ele se alimenta do fogo das paixões humanas. E no outono, essas paixões, entre o calor e inverno, vivem um tempo de transição de formas e frequências. Por isso o sol de outono oscila, chegando a piscar como um vagalume. ...
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30/08/2008 -
Sol negro
As crianças, diante de uma caixa com lápis-de-cor sortida, pintam o sol de amarelo, de vermelho, de laranja. No entanto, um menino, não muito distante daqui, só colore o astro-rei com o lápis preto. Ao lado de casinhas com telhados avermelhados, de árvores verdes, de céus azuis, o sol é negro. E isso vale para todos seus desenhos. Sem exceção! Mas por quê? Será que ele não enxerga direto? Será que ele tinha algum tipo de daltonismo? Será que ele não regulava bem da cachola?
Acreditava-se que ele tinha guardado nos porões do seu inconsciente a imagem de um eclipse solar. E os pais acreditavam que o alinhamento entre terra, lua e sol era o responsável por aquele sol da escuridão. Se bem que a avó, cega de religião, não gostava nada daqueles desenhos e vivia a dizer que o menino era das trevas. Afinal, onde já se viu pintar o sol de preto. Um símbolo de luz não poderia ser tomado pela escuridão. Sem se conformar com a situação, a velha já havia dado uns bons beliscões no neto por causa disso. ...
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19/11/2009 -
Sol ou escuridão a Cesare Batisti
Imagine viver o resto de seus dias sem o mínimo contato com o sol. Condenado pela justiça italiana à prisão perpétua com privação total de luz solar, Cesare Batisti passa grande parte de seu tempo escrevendo sobre seu passado como fugitivo. Não é preciso ser vidente para saber que seu futuro também não será diferente. Mesmo que seja extraditado ele continuará, de alguma forma, fugindo das sombras que criou e das que foram criadas em torno de sua figura.
O italiano foi condenado pelo seu excesso de paixão. Lutou, amou, acreditou ao extremo que poderia vencer o que considerava um período de trevas. Desafiou práticas fascistas, grupos paramilitares e terroristas pagos pelo governo italiano da década de 70. Contudo, o homem que quis pintar o mundo de vermelho-comunista acabou tendo suas mãos borradas de vermelho-sangue. De ativista político injustiçado foi transformado em assassino cruel. ...
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16/04/2008 -
Sol, camelos e cometas
O sol o chicoteava com labaredas de suor. Como resultado de um ódio passional, seu rosto é colorido entre o vermelho e o vinho comum às maçãs argentinas. A camisa colava em seu corpo na aderência de um adesivo. Não havia árvores ou marquises para produzir alguns metros de sombra. O sol, mais pesado do que de costume, aproximava-se da crosta terrestre da sua cabeça.
Os pensamentos fritavam num óleo de neurônios. Tudo era confuso. Tudo era vertigem. Tudo era um bafo quente vindo de seus próprios pulmões. A pressão subia e o sangue entrava em ebulição. As piscinas, os rios, os mares... todos estavam longe de seu alcance. Nem um copo de água ou um picolé de uva atravessavam seu caminho na loucura de uma miragem. Ele estava sozinho naquele mundo caliente....
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Solidão a sós
Tem dias em que a solidão amanhece em nossas veias e é levada a todo o nosso corpo. A solidão corre nas pernas. Corre no fundo das vistas. Corre pelas costelas. Infesta um a um dos órgãos. Então, vem uma vontade de correr. Correr para longe de si mesmo. Uma vontade de entrar atrás da geladeira, debaixo da cama, dentro das gavetas. Como se quisesse esconder de si próprio. E ao abrir a janela, o mundo de tão grande parece lhe violentar. Como se a solidão fosse uma espécie de vampiro que, para sobreviver, precisa ficar no escuro. ...
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