Daniel Campos

Prosas

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29/05/2008 - Síndrome do avestruz

Hoje acordei com a síndrome do avestruz. Vontade de enterrar minha cabeça na terra e ficar ali para sempre. Vontade de lançar por terra todos meus sonhos, todos meus pensamentos, todos meus horizontes. Quem saiba por entre os vermes do submundo eu me sinta melhor. Ah! Que o sol e a lua desapareçam depois de um beijo apaixonado. Eu estarei cá em minha escuridão mais profunda e não testemunharei a morte de nenhuma estrela. Vou enfiar a cabeça na terra e não tomar conhecimento do que acontece a minha volta. E esse gesto não é por medo, mas por necessidade. O mundo não me cabe, ou melhor, eu não caibo nesse mundo. ...
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14/05/2012 - Síndrome do fuso horário

Cabeça zonza. O meu mundo completamente revirado. O coração de pernas para o ar. Sono e insônia nos horários mais impróprios. Fome e falta de apetite ao mesmo tempo. Tontura generalizada. Falta de gravidade. Sensação de pisar a 30, 40 mil pés do chão. Cabeça nas nuvens. Luzes opacas. Sonhos pressurizados. Estou em condições incompatíveis com as apresentadas em terra. A fuselagem da minha alma está com vazamento. Asas ou braços. Turbulências.

Metabolismo em choque. Dificuldade de raciocínio. Fadiga. Falta de ar. Euforia. Dor de cabeça. Cansaço. Confusão. Problemas de coordenação. Vista embaçada. Ilusão. Zunido no ouvido. Tensão. Alerta de pânico. Perda de disposição. Pensamentos desarrumados. Equilíbrio desalinhado. Funções comportamentais e biológicas alteradas. Humor em xeque. Sentimentos longe de casa. Um desassossego interior que atiça as regras básicas de sobrevivência. ...
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30/12/2015 - Sinhá Telvina

Na casa de sinhá Telvina, café acompanha pão com torresmo. Tem bolo saindo do forno toda hora. Comida farta no prato servida quentinha e sempre numa medida maior que a fome. Sinhá Telvina conhece nosso gosto pelo nome. É bacalhau com batata, leitoa pururuca, polenta amarelinha, carne moída soltinha, maionese com limão, croquete, kibe e asinha, quitutes de rei e de rainha. Sinha Telvina gosta de cozinhar e que todo mundo coma de se fartar. Empurra comida, dona Telvina, goela abaixo pra engordar o amor, pra alimentar o sonhador, pra cevar a vida que ela quer por perto com todo afeto. Na casa de sinhá Telvina tem doce da roça, mais do que qualquer um possa comer. Tem doce de abóbora de fiapo, tem doce de pêssego de tacho, tem doce de mamão na cal que foi inventado entre as aldeias e os navios de Portugal. Na casa de sinhá Telvina tem fruta madura e paixão que dura a vida inteira, dentro e fora da geladeira. Na casa de sinhá Telvina fogão não tem descanso e a famosa campainha, que fica na boca da gente, como sino da capelinha, balança toda hora anunciando que o trem da comilança vai passando... Feliz da vida, sinhá Telvina vai cozinhando e amando a gente, que na cozinha vai pelos sabores, temperos e lembranças... Viajando.


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29/12/2012 - Sirva-se

Um cálice de sangue seco. Um copo de suor. Uma tulipa com notas de orvalho. Uma garrafa de choro. Uma taça de água benta. Um litro de gozo. Uma colher de saudade extravirgem. Uma dose de misericórdia. Corações fortificados mergulhados em um sherry. Um chorinho generoso de desejo. Um fio de esperança para regar o dia recém-nascido. Um drinque daquilo que ainda não aconteceu. Um coquetel de festas, festanças e festejos. Uma caldereta de risos espontâneos. Sonhos servidos em cristais. Um highball para servir sentimentos destilados. Cenas calientes em uma margarita. ...
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20/06/2015 - Situada

Tudo bem? Como está? Indo além? Vindo pra cá? Tem andado pra lá? O que tem feito acolá? A que vem? Oi? Olá? É dia de boi? É noite de obá? O que se deseja? Ao que luta? Champanhe ou cicuta? A quem beija? Relampeja ou troveja? Bem-vinda! Ao que principia? Ao que finda? Fia-se linda a madrugada. Qual é a sua estrada. Com tem passado? Está mais pra samba ou pra fado? Olhares pelo chão ou olhos alados? Vagueia por lares ou bares? Só ou aos pares? Por caminhos certos ou errados? Tem cantado ou anda calado? Qual é o seu lado?


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19/04/2014 - Só eu sou capaz

Muitos podem lhe prometer a lua, mas só eu sou capaz de levá-la até ela numa viagem sem escalas e sem precisão de malas e lhe namorar por aquelas crateras, como duas feras apaixonadas, numa falta de gravidade fazendo estrelas em alta saírem de seus poros e ao mesmo tempo lhe protegendo das chuvaras de meteoros.

Muitos podem lhe prometer o mar, mas eu só eu sou capaz de chorar oceanos de saudade de você, colocando meus barcos do destino em seus olhos profundos e ao mesmo tempo me atirando como flecha disparada do arco de um menino em direção ao seu mundo deixando todo pranto pra trás em nome da felicidade que me traz. ...
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17/10/2015 - Só isso quem aquilo

Só é grato à luz quem já chorou no escuro. Só dá valor a uma conversa quem já falou sozinho. Só sabe o que é ser feliz quem já experimentou da tristeza. Só acerta quem erra. Só levanta quem um dia já tombou. Só sabe a diferença entre o bem e o mal quem hoje não é igual ao que foi ontem, anteontem, trasanteontem. Só insiste nas sombras quem não se entrega ao sol. Só teima no errado quem não dá ouvido ao coração. Só não se dá quem tem medo de se perder. Só não chora quem tem lágrima de pedra. Só sabe a saudade quem já está longe. Só não ajuda quem nunca precisou. Só não faz a lição quem não quer aprender. Só quem se liberta do passado segue em frente. Só sofre além da conta quem consigo mesmo apronta. Só tem caminho amarrado quem não sabe desdar nó. Só não perdoa quem nunca pediu perdão. Só não vive quem não sabe amar.


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03/11/2011 - Só mais um dia...

Só mais um dia depois de outro dia. Só mais um dia. Nada mais. Nada menos. A mesma dose diária de poesia. A mesma contagem do tempo. A mesma maneira de amanhecer, de adormecer. A mesma divisão entre realidade e fantasia. Hoje é a continuação da continuidade de um dia contínuo. Hoje não é o começo ou o fim, apenas o meio de uma história que tem neste dia apenas mais um capítulo, mais uma página, mais uma linha ou um verso.

Hoje é só mais uma luta, mais uma oportunidade, mais uma jogada. Um passo adiante outro passo, uma sílaba atrás de outra sílaba, um pulso ao lado de outro pulso, num imenso comboio de pensamentos, atitudes e sentimentos que segue em círculo, circulando pelo circuladô. Só mais um dia dividido entre o oficial e o clandestino, entre a quebra de expectativa e o destino, entre o sal e o doce de um tempo sitiado entre o duradouro e o repentino. Só mais um dia depois de outro dia. ...
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24/09/2016 - Só minha

Minha. Só minha. Pode andar por aí, viver por aí, sonhar por aí, mas é minha. Só minha. Pode conversar com quem quiser, homem ou mulher, ter sua festa, sua comida, sua fé, mas é minha. Só minha. Pode voar, mergulhar, rastejar, dançar, flutuar, virar e se desvirar, mas é minha. Só minha. Pode correr mundo, correr perigo, correr pra outro, mas é minha. Só minha. Pode pular, rolar, gritar, arranhar e até beijar, mas é minha. Só minha. Pode dizer eu te amo, eu me apaixono, eu não tenho dono, mas é minha. Só minha. Pode sair com as amigas, pode dizer que não liga, pode me fazer figa, mas é minha. Só minha. Pode afirmar que nunca mais, que tanto faz, que não volta jamais, mas é minha. Só minha. ...
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27/08/2015 - Só não apela

Alinha as linhas da sua mão com as linhas do meu coração e advinha a minha direção. Alinha as vinhas do cálice da sua boca com as minhas videiras e acende minha língua como fogueira de São João. Mancha as estrelas com seu batom e leva o som da sua voz às pérolas mais belas em formação no fundo das ostras do mar profundo. Mela minhas costas e todas as minhas costas com seu mel, pelo avesso do meu céu, e pelas tabelas me rela só não apela dizendo entre os dentes que acabou quando sabe que é pra sempre. ...
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