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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 280 de 320.
25/03/2016 -
Silêncio e prece
Nesta sexta, o silêncio navega gigante pelo mar. Nem vento há. Nem brisa resta. As tempestades se dissolveram e dos olhos de sol só ficou uma fresta. Nesta sexta, besta de quem fala, de quem faz galhardia, de quem faz festejo. O dia de hoje é de prece, intimidade e cortejo. Hoje a alegria é respeitosa e a viola miúda e sestrosa. Nesta sexta, há uma imensa vontade de se aquietar, de se aninhar nos braços da quietude. Nesta sexta, ficar-me-ei mais calado do que já pude. E não calado de boca, de garganta, mas de coração. É dia de sossegar os pensamentos, de acalmar os sentimentos. Dia de controlar as emoções, de ponderar o sim e o não. Dia recluso. Sexta donde há a recomendação para não se cometer nenhum tipo de abuso. Dia inconcluso, que se repete ano a ano, para ver se aprendemos um dia a partir dos nossos enganos. Dia de silêncio e prece. O silêncio, como já diziam os sábios espíritos, o silêncio é uma prece. ...
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22/10/2012 -
Silêncio total
Não há nada que não seja silêncio. Não há saltos de sapato estalando pelas ruas. Não há miados de gatos suspensos pelos muros. Não há som de briga de casal pelas casas matrimoniais. Não há choro de criança com medo de assombração. Não há carro algum roncando pelas vias. Não há rezas de padre-nosso ou ave-maria pelas horas escuras. Não há trovões ou disparos de canhões. Não há uma velha amaldiçoando quem passa. Não há qualquer rangido de porta ou janela. Não há donzelas ou mocinhas gritando por socorro. Não há vestígio de música nos rádios ou nos peitos dos seresteiros....
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18/01/2016 -
Silêncio, samba e amor
Silêncio. Ninguém bate tambor. O surdo ficou mudo. O piano fechou. O conjunto de cordas do violão arrebentou. Silenciou-se tudo. O riso, a flor e o amor. A banda se calou quando o cortejo passou levando o corpo da saudade que ainda arde em silêncio em nossos peitos, com todo respeito, de um quê perfeito que se eternizou. O sentimento chorou em silêncio. O vento nos embalou em silêncio. O firmamento desmoronou em silêncio. E a paradinha da bateria da escola dos corações apaixonados durou mais tempo do que se imaginou.

10/10/2015 -
Silo
Longe de casa há tanto tempo e ainda me lembro dos perfumes, dos sabores, das texturas características daquele lugar onde nasci, cresci e vivi momentos que continuam nítidos pelos labirintos do meu eu. O cheiro dos doces da minha mãe e dos livros, revistas, gibis e vinis do meu pai se misturando no ar. A variedade de tecidos da minha mãe e de rádios, radiolas e vitrolas de meu pai se cansado pelo ambiente numa dança de cores e vibrações. Meu irmão, quando não submerso em seu mundo de tecnologias, estava comigo numa mão de baralho ou transformando a mesa da cozinha de minha mãe em uma partida de pingue-pongue. Minha mãe, cozinheira e costureira de mão cheia, caminhando pela casa como se fosse a rainha daquele lugar encantado onde escrevi romances e vivi às voltas com prosas e poesias. Meu pai dando comida escondida para Kika, brincando com Samuca e Amora. Minha mãe implicando com os miados de Franjinha. Os almoços festivos que duravam o dia todo, com jogadas de sinuca, fartura de comida e passos de dança, ainda estão impregnados em mim assim como os dias intimistas onde apenas Chico Buarque, Vinícius de Moraes ou Tom Jobim cortavam o silêncio do meu quarto que um dia foi ateliê de costura de minha mãe. Depois das tesouras, moldes e fitas métricas de minha mãe, o quarto teve mesa de desenhista e violão, mas acabou mesmo em se tornando um ambiente de escritor, com computador, livros, discos e muitos cadernos que iam ganhando linhas e versos. Recordo com saudade dos dias chuvosos em que minha escrita fluía com boa música, herdada de meu pai, chás e bolos feitos por minha mãe. E de repente, a casa se enchia dos meus avós. E tudo se enchia de encantaria. Meu pai chegando da rua com jornais, revistas e filmes trazidos da locadora se tornou cena comum, assim como ele fazendo suas preces num altar improvisado, com Nossa Senhora Aparecida, no armário da sala de jantar. Cenas do dia a dia que pouco a pouco foram se depositando em mim como num grande silo que me alimenta até hoje.

Silva - o sobrenome do brasil (apresentação)
O livro-reportagem "Silva - o sobrenome do Brasil" nasceu do desejo de se conhecer um país. Inspirados por Noel Rosa que cantou que não se aprende samba no colégio, deixamos os bancos da escola e fomos em busca desse país imaginado. Queríamos descobrir a importância do sobrenome Silva para o Brasil e contribuir para esclarecer sobre a forte presença dele em nossa terra. A motivação deveu-se ao fato de que consideramos Silva como sendo um traço marcante da identidade brasileira, sobretudo por ser o sobrenome mais comum no país. Embora nem mesmo as pessoas que o carregam saibam sobre a origem dele....
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Silva - o sobrenome do brasil (introdução)
Um vento leve soprava as velas de pano das embarcações portuguesas. A tripulação se guiava pelas bússolas e pelas estrelas. Certamente, poucos sabiam sobre as lendas gregas, sobre as constelações. Lendas não importavam para se fazer comércio. Em breve, contornariam a silhueta atlântica da África e partiriam rumo às Índias. Comprariam especiarias, como canela e pimenta do reino, para venderem a preço de outro na Europa. As caravelas cortavam o oceano como facões desbravadores. Antes de avistarem as ninfas cantadas em versos por Camões, o tempo virou....
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21/10/2011 -
Símbolos
Eu acredito que o infinito é mais do que um oito deitado, que o coração vai além do desenho de duas mãos unidas, que a fé é maior do que uma cruz. Multiplicação para mim é amor e não um x, assim como o meu para sempre tem mais do que três pontinhos. A paz não pode ser apenas um pombo branco. Onde começa e onde termina o movimento de um círculo? Nem toda seta é capaz de indicar uma direção. A natureza é muito mais complexa do que um pentagrama. Será que o tão temido olho de lúcifer cabe no topo de uma pirâmide? Será que tudo o que queremos dizer consegue ser dito combinando vinte e poucas letras?...
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12/05/2015 -
Simplesmente amo
Eu não sei como você é, se loira ou morena, se alta ou baixa, se tem cicatriz ou lhe falta um pedaço, mas te amo. Eu sei que é cheia de dor, uma pior que a outra, que doem no físico e na alma, mas te amo. Eu não lhe vejo, mas ouço sua voz e seu coração, e assim te amo. Não nos conhecemos, mas chora em mim e eu te amo. Eu não sei onde mora, mas de certa forma vou a sua casa, e te amo. Mesmo estando longe, na hora do aperto, é meu rosto que imagina, e eu te amo. Não somos íntimos, mas parte de mim segue em seu íntimo, e assim eu te amo. Por mais que não sejamos parentes e eu não seja médico eu me doo a sua cura porque eu te amo. Eu não sei o que veste, o que calça, o que usa, mas sei que te amo. Eu não sei o que há por fora, mas mergulho no seu interior, e te amo. Pode ser que nunca mais nos encontremos, mas mesmo tendo nossos caminhos se cruzado apenas uma vez, saiba que eu te amo. Eu me importo em ajudar, em ser instrumento, em te amar de modo que os planos se liguem e nossas energias se interliguem numa cura possível mesmo quando todos julgam isso impossível. Eu te amo sem pedir, saber, exigir ou querer nada. Simplesmente é ao amor que vivo, é o amor que sigo, é amor que eu sou.

26/10/2012 -
Simplesmente você
Você, que me enche de graça. Você, que permite a continuidade da minha existência e a perpetuação dos meus sonhos. Você, que sorri no meu sorriso. Você, que me livra do mal, do medo e do prejuízo. Você, que ilumina os meus caminhos. Você, que dá prazer ao meu cotidiano. Você, que mistura as linhas das suas mãos as minhas. Você, que me dá colheradas diárias de esperança. Você, que afugenta o tédio. Você, que me ajuda a romper as barreiras, a quebrar os limites, a alcançar o inalcançável.
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Sinal vermelho
Num cruzamento sujo de ruas sujas ela surge suja diante da vermelhidão suja da luz suja de um semáforo sujo, ela, de toda suja, leva um tabuleiro sujo colado à cintura suja com balas e chicletes sujos. Unhas sujas, cabelos sujos, colo sujo, pés sujos. Encardida. Cheirava mal. E ali, por entre carros sujos de motorista sujos aquela mulher vendia doces emporcalhados. Em meio a tanto lixo, a poesia tão logo nascia, era devorada por abutres e urubus mais sujos ainda.
Recebia algumas moedas sujas que, na verdade, eram sujas como as esmolas sujas que recebia pela pequena fresta suja de vidros sujos de mãos imundas. O sol sujo fazia escorrer um suor fedorento em seu corpo sujo. Bicas de uma água poluída ganhavam seu corpo sujo. Seus olhos eram sujos seja de remelas sujas ou de visões mais sujas ainda. Seus ouvidos eram sujos seja de cera ou de maldições. Seu nariz era sujo seja de sujeira ou dos cheiros podres que sentia. ...
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