Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 17 de 20.

07/04/2011 - Mulher das adegas

Seu caminhar, mulher, cândido ao vento, vai bem com vinhos brancos leves. Anda, compondo-te em movimentos, enquanto a bebo num trago de Suavignon. Sua leveza é digna de um Pinot Noir. Diante de ti, ò mulher das adegas, curvar-te-á o meu paladar. Como é belo admirar suas expressões refletindo translúcidas ao longo de uma taça de Chardonnay. Bestifico-me de como seus olhos, frutados e frescos, me enchem de vontade e medo ao mesmo tempo.

Suas palavras, de uma adstringência característica, acompanham perfeitamente vinhos franceses das regiões da Borgonha e de Bordeaux. Já sua carne, incluindo o desejo que dela aflora, faz combinações surpreendentes do Malbec ao Cabernet, passando pelo Shiraz. E o que dizer de sua ironia, fina e ácida na medida certa como uma garrafa de Zinfadel? Vida esparramada em videiras, bebida guardada em cristaleiras. ...
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Mulher de bagdá

Uma mulher anda pelas ruas de Bagdá. Militares americanos, britânicos, alemães. Escombros. Ruínas. Destroços. Não se sabe se as ruas são feitas de pedra ou se as pedras são feitas de ruas. E por linhas tortas de um destino mais torto ainda aquela mulher de rosto coberto, de braços cobertos, de pernas cobertas caminha descalça à procura de um filho que a guerra levou.

Em cada rosto, um medo.

Em cada medo, um rosto.

Em cada rosto, uma dor.

Em cada dor, um gosto e um desgosto....
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Mulher de branco

A mulher de branco não se revela. Pode ser enfermeira. Mãe de santo. Noiva. Médica. Dentista. Estudante de fisioterapia. Uma sobra de reveillon. Uma mulher de verão (leve). Uma mulher supersticiosa. Uma fase. Um ritual. Uma eventualidade. Uma roupa para malhar. Para namorar. Para ser vista. Para ser confundida. Para ser mistério. O mistério de reunir em si a junção de todas as cores. Mulher que tudo reflete e nada absorve, fazendo-se ausência.

Então, que venham as mulheres de branco. ...
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21/04/2014 - Mulher de Brasília

Eu amo a mulher de Brasília com suas curvas à moda Niemayer, que desafiam a arquitetura da anatomia com doses de surrealismo concreto e anticoncreto numa só poesia. Eu amo a mulher de Brasília que abre os braços como asas, norte e sul. Eu amo a mulher de Brasília que carrega o Cruzeiro no céu de sua boca, com direito a luares e previsões zodiacais. Eu amo a mulher de Brasília com seus olhares bucólicos, que me fazem questionar a dimensão de tudo o que há no mundo. Eu amo a mulher de Brasília com seus arrojos geométricos, com seus traços abstratos e simétricos. Eu amo a mulher de Brasília ensolarada por si só. Eu amo a mulher de Brasília que é chique, pós-moderna e jovem em sua essência. Eu amo a mulher de Brasília com lábios suspensos como os jardins de Burle Marx. Eu amo a mulher de Brasília com suas áreas verdes, com seu ar puro, com sua capacidade atlética. Eu amo a mulher de Brasília, mulher capital, metropolitana, política e diplomática. Eu amo a mulher de Brasília que é feita de quadras e superquadras, de conjuntos e pilotis, de ipês e palácios, de eixos que se cruzam e desafiam a gravidade ao longo de seu corpo cidade ou de sua cidade corpo. Eu amo a mulher de Brasília que tatua sua pele numa harmonia ao estilo Athos Bulcão. Eu amo a mulher de Brasília que tem o sotaque das cruzas do Brasil. Eu amo a mulher de Brasília que não tem esquinas porque é uma continuação perfeita, cujos ângulos são obtusos ou agudos, jamais retos. Eu amo a mulher de Brasília que diante dos olhos que a contemplam para no ar, paranoar, Paranoá. Eu amo a mulher de Brasília com suas chuvas e estiagens, com seu horizonte tombado, com sua beleza sendo patrimônio imaterial da humanidade.


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05/12/2010 - Mulher de Copenhague

Castelos, reis e rainhas habitam a mulher que leva um buque de rosas de Copenhague. Rosas de seiva. Rosas de sangue. Rosas de chocolate. Quantos filmes, desenhos e histórias nascem da língua açucarada dessa mulher que tem um quê dos contos de fadas de Hans Christian Andersen. O amor que nela habita é monárquico, tão glamoroso quão autoritário. No entanto, as paixões que nutre são tão destruidoras como os vikings que um dia correram seu território.

O que se vê pela alma da mulher amada é uma mescla de construções antigas com prédios de design moderno. Diante da mulher de Copenhague há troca de guarda, entre guardiões do passado e solados do futuro. Ela vem de uma família real embora tenha tantos sonhos mundanos. É o sagrado e o profano duelando por sua dinastia. É o patinho feio se tornando cisne. É a dona dos sapatinhos vermelhos. É a pequena sereia habitando seus mares escandinavos. ...
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23/01/2010 - Mulher de havaianas

Deus, ò dá-me a mulher que passa de sandália havaiana, como uma sangue-azul suburbana. A mulher que sobe e desce ruas com os pés seminus, cobertos e ao mesmo tempo expostos por uma tira plástica. E mais: Na mulher andante os pés gritos angelicais, são órgãos sexuais, calçados por hormônios, mistérios e fantasias. Deus dos plebeus, ò dá-me a mulher que cruza e me cruza de havaianas.

A mulher passa de havaiana como onda do Havaí, tão cobiçada quão avassaladora. A borracha da sandália amortece as rajadas e as correntes elétricas produzidas pelo corpo da mulher que ignora regras e protocolos. Ó Deus coloca essa mulher em meu colo. Eu quero essa aristocrata que, na solidão de seu quarto, deixa de lado a coroa e anda como bem quer – simplesmente fêmea e incrivelmente mulher....
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04/03/2016 - Mulher de lótus

Mulher, o que esconde nessa boca de romã? Será o melhor de ontem ou o que guarda para o amanhã? Seja o que for, mulher, todo mundo quer provar o que leva em sua língua portuguesa. Quanto de realeza ainda existe no seu olhar triste, que vai derramando mares inteiros em seus lábios ora pálidos ora corados? E eu, cálido de desejos, e de outros beijos nunca dados, vou de boca em boca à procura da mulher que marca a alma de batom. Marcado, como que sangrando uma tatuagem feita a ferro e fogo, vou pelo lodo da existência procurando, clamando, esperando pela flor de lótus que se abre na boca de uma mulher que vive entre o pecado e a inocência.


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08/06/2010 - Mulher de San Petersburgo

Abundante de inverno, a mulher amada, nessa época, transforma-se na mulher de San Petersburgo, trazendo em si a nobreza da antiga capital do Império Russo e uma contemporaneidade de glamour inigualável. Causa suspiros e arrepios o caminhar dessa mulher por largas avenidas e canais de frio castigador. O luxo da mulher de San Petersburgo é alvejado pela inveja das parisienses e romanas. Isso porque sua saga histórica é assinada por Pedro, o grande.

A mulher de San Petersburgo está sempre grávida, carregando em seu ventre o berço da sociedade russa. Na boca da mulher de San Ptersburgo eclodem palavras do romancista Fiódor Dostoeysky. Mulher de czares e czarinas. Uma dica: essa mulher possui cenários noturnos e diversão intensa. Como é belo ver o Mar Báltico desaguando nos olhos da mulher de San Ptersburgo. Atenção! Foi sob os pés vermelhos dessa mulher que o exército de Hitler caiu. ...
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04/01/2011 - Mulher dos olhos de dry martini

Ah! Como é existencial para qualquer vida o encontro com a mulher dos olhos de dry martíni. Olhos milimétricos, canônicos, eternos feitos, como que por um alfaiate, com quatro gotas de vermute Noilly Prat debruçadas sobre uma dose de gim em bastante gelo na coqueteleria. Depois de misturado e mexido, coa-se o gelo de seus olhares e seus olhos são serviços numa taça de cristal de 100 ml.

Não há nada mais elegante que um cavalheiro segurar seus olhares de dry Martini. Sente-se como David Nive, Fred Astaire, Sean Connery. Diante de seus olhos não há de se ter pressa, tampouco pensamentos paralelos. É preciso sintonizar a cabeça com a freqüência exata de seus coquetéis de globos, retinas e meninas dos olhos. Um coquetel finamente elaborado. ...
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18/04/2013 - Mulher dos rios

Mágica como o Nilo. Cheia de braços como o Amazonas. Colorida como o Azul, o Vermelho e o Amarelo chineses. Desejada como o Ganges. Fria como o Ural. Bela como o Danúbio. Poética como o Tejo. Charmosa como o Sena. Metropolitana como o Hudson. Navegável como o Volga. Pontual como o Tâmisa. Sagrada como o Jordão. Corre às vezes no sentido inverso como o Spree. Perigosa como o Orinoco. Fonte de vida como o Kenai. Folclórica como o São Francisco. Insensata como o Douro. Surreal como o Tinto.
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