Daniel Campos

Prosas

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02/05/2010 - A mulher do Alentejo

Ah! Eu quero a mulher do Alentejo. Quero correr por suas planícies a perder de vista num ritmo lento e compassado, para não deixar escapar as cores trazidas pelo sol à paisagem que nos cerca. Por Nossa Senhora de Fátima, eu quero a mulher do Alentejo. Quero me debruçar por sua planura imensa, por suas praias selvagens, por suas searas de outono ondulando ao vento. Quero toda a beleza agreste e inexplorada da mulher do Alentejo.

Que o amor, disposto em parreiras em meu corpo, se transforme em vinho a partir da mulher do Alentejo. Que ela pise em minhas costas, em meu peito, em minhas pernas tingindo-me com a mais adocicada das tintas. Quero me fazer suco em seus lábios e morador de suas casas térreas e brancas polvilhando os montes. Na mulher do Alentejo, a força da terra fala mais alto. Mais alto do que o tempo, do que o espaço e do que o aço que teima em transpassar o sentimento coração. ...
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06/07/2012 - A mulher e as mulheres Copacabana

Copacabana é mais do que um bairro, mais do que uma praia, mais do que um hotel, mais do que uma rima, mais do que uma música, é mulher. E uma mulher grandiosa em extensão e profundidade. Copacabana, talvez a mais feminina das criações divinas. Bela, atraente, apaixonante, assim é Copacabana, mulher que provoca suspiros, delírios e desejos boquiabertos. Copacabana é a mulher que por mais distante está sempre por perto. É a geografia do verbo amar. É a antítese do deserto. É o beijo suspenso no ar. ...
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25/03/2011 - A mulher e as trovoadas

Quando ela ouve o ronco da trovoada, estremece-se toda. Sua pele treme, sua boca empalidece e seu olhar entonce querendo colo, abrigo, defesa. Quando o céu faz zoada, como um zangão gritando mel, ela se esquece até das palavras daquela oração que aprendeu quando ainda usava véu. Seu corpo fica ouriçado, frágil e assustado ao mesmo tempo. É só um trovão, mas ela corre como se corresse de um leão.

Se eu fosse anjo desceria pelos relâmpagos como um cavaleiro só para confortá-la em minhas asas. Mas eu sou demônio e, nesse caso, chamo mais e mais trovões para que ela enlouqueça e padeça em mim. Não que ela mereça tanto sofrimento, mas eu a mereço num sentimento bruto e sem fim. E os trovões vão deixando-a nua de histórias e memórias. E mesmo não cultuando os céus, não escondo que dou glórias e mais glórias a cada estrondo. ...
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30/07/2012 - A mulher gilbertiana

A música de João Gilberto é como uma mulher que passa com corpo de violão sem se importar com o tempo ou se caminha na contramão dos modismos. Sim, a bossa-nova é uma mulher com balançado próprio, com uma batida diferente que mexe com o ritmo de uma gente feita de barquinhos e beijinhos. Sua voz baixa e delicada, no ápice da afinação, invade nossos poros e aflora a nossa imaginação, além de instaurar um estado de bem-estar em nosso corpo físico e mental. Voz e melodia tomam caminhos diferentes que se encontram mesmo que distantes....
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26/09/2011 - A mulher que caminha pela praia

A mulher que caminha pela praia deseja, por ao menos um instante, que as ondas quebrem em seu corpo. A mulher que caminha pela praia, mesmo sem saber, rege o mar – suas pernas são, na verdade, as batutas de uma maestrina casual. A mulher que caminha pela praia vai misturando seu perfume, seu paladar, sua temperatura às gotículas frias e salgadas que sobem do oceano. A mulher que caminha pela praia, caminha em ondas. A mulher que caminha pela praia, lança olhares, em feitio de rede de pescadores, em busca dos mistérios mais profundos do mar profundo. ...
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A mulher que passa cantando coisas de amor

Quem não se lembra dos versos da música A Banda? Versos que falam de coisas simples. Feche os olhos e se deixe só por alguns instantes (como há tempos não se deixa). As bandinhas a desfilar pelas ruas da cidade, sem maiores pretensões ou contentamentos. A cidade se enfeitava para vê-la passar. E tinha lá a sua beleza. E existia algo em comum - a banda. Fruto de uma espécie de magia, ela, a banda, seduzia os transeuntes com marchas que falavam coisas de amor.

Mas as bandas calaram as cidades de ruas pacatas e coretos na praça da matriz. As ruas tranqüilas se transformaram em ruas de hemorragia e as praças se divorciaram dos coretos. A cidade tomou um drinque qualquer e nunca mais se deu às alucinações. Ninguém pára mais para ouvir, ver e dar passagem para os artistas comuns. Ninguém mais fica à toa. O ritmo é sempre o mesmo. As coisas simples, as canções que falavam de amor, uma porção de cada um e outras singularidades ficaram esquecidas em alguma lembrança. Cada lembrança no seu canto, no seu passo. ...
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29/11/2008 - A mulher sentada na janela

A mulher sentada na janela quer ser paisagem de si mesma. A mulher sentada na janela quer, ao mesmo tempo, se jogar dali e ser amparada. A mulher sentada na janela quer seguir junto aos carros, ônibus, caminhões, aviões. A mulher sentada na janela cobre e encobre edifícios. A mulher sentada na janela quer criar asas de pássaro. A mulher sentada na janela tem sonhos azuis. A mulher sentada na janela tem desejos de nuvem. A mulher sentada na janela, feito veneziana ao tempo, é consumida pela ferrugem. ...
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08/09/2011 - A mulher, o cacto e o mar

Entre o mar e o deserto, um sorriso róseo que, por si só, se destaca naquele marrom-acinzentado tornando-se, assim que surge, uma caça em potencial. Mas como surge? O sol grita e a mulher nasce daqueles cactos corpulentos. Nasce ferida pelos espinhos, manchada pelo sofrimento de um amor mexicano. Seus olhos, ora áridos ora marejados, têm bordas infinitas que desobedecem as regras da perspectiva.

Sai pelo deserto afora e dança, entre rochas e areia, os passos de uma seresta de mariachis. Mulher de um calor abrasador, cujo hálito é refrescante como os ventos do Pacífico. Pelos seus pensamentos rodopiam tormentas tropicais e casamentos zodiacais. Não há como acertar a previsão climática, sentimental, astral dessa mulher que muda corpo e espírito com a mesma freqüência e facilidade de grãos de areia ao vento. ...
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26/09/2010 - A naturalidade da mulher amada

Não existe sinal de solenidade nem de formalidades na mulher amada. Ela é de uma espontaneidade típica do amor verdadeiro. Para além do mistério natural, ela tem olhos arejados e iluminados, fonte eterna da renascença. Por entre os silêncios da mulher amada, corre um certo burburinho. Dizem que esse barulho provém da mistura de dois coros: o dos anjos adorando a criação e o dos demônios marmanjos entoado a partir de cantadas baratas. Entre o céu e o inferno, no centro de uma bagunça metodicamente ordenada, está a mulher amada. Nem santa, nem pecadora, mas tudo ao mesmo tempo. ...
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29/06/2008 - A noiva de São Pedro

Um dia ela chegou de vestido branco remendado com um buquê de flor de São João derramando das mãos. Era a noiva mais cobiçada da quadrilha. Tinha olhos de fogueira, sorriso de bandeirolas e corpo de viola caipira. Mas ninguém tocava aquelas cordas, posto que para todos os efeitos, ela era noiva de São Pedro. Sua mãe a prometera ao santo, caso ela vingasse. Nasceu fraquinha, quase morta, cheia de complicações, por volta dos dias do santo que, segundo a lenda, guarda a chave do céu. Não demorou muito para sua mãe, religiosa convicta, prometê-la ao santo. Por mais estranho que possa parecer, o povo do lugarejo levava essa história a sério e ela era considerada uma pessoa santa para os fiéis e uma fruta proibida para os infiéis....
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