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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 276 de 320.
16/05/2015 -
Senta a minha mesa
Senta a minha mesa. Coma da minha comida. Entre jarros e copos, chora sua dor. Com os talheres vá destrinchando a sua vida. Pode falar. Não há necessidade de cerimônia. Eu como rápido, mas prometo degustar com parcimônia cada uma das suas palavras. Beba da minha água fresca ou ardente, como preferir. Se for necessário pode cuspir seus marimbondos. Nada de vir com meias palavras, meias verdades, meias culpas. Tudo há de ser dito como se não houvesse depois. Somos agora. Pode, deve, precisa trazer o passado à mesa, mas esqueça do futuro. Fala independente das consequências. Não vamos sair da mesa enquanto a última migalha não for engolida.

05/12/2008 -
Sentimentaria
Lordose cervical, lordose lombar, cifose dorsal, escoliose, hérnia de disco, bico de papagaio. A coluna entorta, enverga, dobra, pende e se rende em dor. Dói ao andar, ao deitar, ao falar, ao espreguiçar, ao sonhar... Dores agudas, pontudas, obtusas. E a culpa de tudo isso é do mundo, que anda cada dia mais pesado de se carregar. Tenho apenas uma coluna e todo o sentimento do mundo a se debruçar sobre ela, não é Drummond? Pois é poeta, como eu posso carregar tanto amor nestas costas finas, esquálidas? Se ao menos eu soubesse equilibrar latas na cabeça como as lavadeiras... Ou se eu tivesse asas para conseguir voar acima disso todo. ...
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16/06/2011 -
Sentimento binário
A paixão mal acabara de cair e os olhares se encheram de uma saudade infinda. Saudade de um amor sem cansaço ou pressa. De um amor que não pega avião ou faz download, mas que anda a pé admirando jardins, vitrines e fachadas. Um amor que não faz vendaval, mas que flutua numa brisa tão leve que nem o suspiro se atreve a interrompê-la. Um amor que se permite imaginar e se deixa levar pela imaginação. Um amor com cheiro de pele e que não se esconde ou se ausenta, mas que fica à flor da pele.
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22/08/2014 -
Sequência
Eu sigo escantaeado. Eu vou sendo deixado de lado. Fizeram-me marginalizado. Estou fora do jogo. Estou expulso do sonho que sonhei pra mim. Prenderam-me a uma realidade infeliz. Fizeram-me perdedor. E eu nem posso tomar um porre. Não tenho o direito de colocar o pé no mundo. Quem me socorre me pede para continuar. E eu sigo mesmo com meu coração violentado. Eu vou sendo talvez pelos amores do passado castigado. Eu tento entender a mulher e me desentendo. Eu caminho e não aprendo. Quem quer escutar um louco? Quem quer ler um amor que não deu certo? Quem quer encher os olhos da tristeza alheia? Eu sigo e a vida me escamoteia. Eu vou sendo, dia a dia, mais abandonado. Fizeram-me poeta marginal da lua cheia. Uma espécie de assombração do amor que assusta e não é bem vinda em destino algum. E quando ainda aparece uma princesa para quebrar essa maldição, o chicote estrala num não e tudo dá errado. Eu sigo negado. Prossigo renegado. ...
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03/09/2013 -
Sequidão
Tudo o que o tempo podia sugar, sugou. Sem piedade. O verde ficou amarelado, apastelado, amarronzado. Nem as ervas daninhas resistiram e tombaram. As sementes secaram antes mesmo de se transformarem em brotos. Fósseis de vidas sem vida espalhados pelo chão. Os ossos das costelas do cachorro furaram a carne. A mina, a fonte, a nascente secaram. A cachoeira virou pedra. Não condeno a confusão entre tempo e medusa, pois ao olhar direto para eles tudo é petrificado.
As lágrimas secaram armazenando dentro dos olhos a tristeza. Os corpos secaram, emagrecendo, com fome e dor. Carcaças de gado espalhadas pelo caminho. E as flores murcharam antes mesmo da floração. Ao contrário de nuvens de chuva, nuvens de pó. Na boca, o gosto infértil da poeira. Tosse, catarro, vómitos de seca. Os rios minguaram, secaram, trincaram. Os peixes se acabaram na lama podre. E a velha senhora morreu entre espinhos tentando salvar seu jardim de rosas.

05/10/2014 -
Ser-emoção
As dores do mundo doem em mim porque eu trago comigo um corpo aberto ao sentimento. Não importa de onde vem nem pra onde quer ir, sou atravessador desses sentires como bem ou mal do amor. Eu sinto, eu sofro, eu vivo tudo o que diz respeito ao coração. Sou um ser-emoção. Rendo-me a tudo o que sinto, tendo ou não origem em mim. Minha sensibilidade é extrema, chega doer. Eu sinto em mim os risos flecheiros e as asas quebradas dos cupidos que teimam em fazer o amor acontecer. Eu sou um cavaleiro do mistério em busca de sonhos e fantasias. Minha alma extravasa e se casa no sétimo céu ou no quinto dos infernos fazendo valer a minha poesia. Não importa se sangro ou se sorrio, mas se eu me arrepio.

24/08/2011 -
Será Maria... Será...
Maria... Será que ainda lembra o meu nome? Será que ainda me reconhece nas ruas? Será que ainda ouve as minhas preces? Será que ainda escuta quando eu lhe chamo de mãe? Será que ainda me pega pelo braço me mostrando o caminho? Será que ainda me apazigua as dores? Será que ainda me vê com bons olhos? Será que ainda me defende? Será que ainda me coloca em seu colo?
Será Maria... Será...
Maria... Será que ainda sofre por mim? Será que ainda me concede suas graças? Será que ainda me perdoa? Será que ainda me deseja bom dia? Será que ainda acredita em mim? Será que ainda me espera? Será que ainda me chama? Será que ainda me acolhe? Será que ainda semeia sua lavoura em mim? Será que ainda me entoa canções de ninar? Será que ainda me entrega um sorriso seu? ...
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11/03/2014 -
Será? Será?
Será que ainda me ama? Será que ainda me quer? Será que ainda se chama de minha, de minha mulher? Será que ainda tem borboletas num voo interior? Será que ainda vê corações saindo de si? Será que ainda só de se lembrar de mim ainda sorri? Será que pensa em mim e se invade de calor? Será que ainda ao seu lado me deseja? Será que me imagina e de olhos fechados em beija? Será que ainda me carregar por aonde vai? Será que ainda embala o sonho da filha me tendo como pai? Será que ainda suspira por um verso meu? Será que ainda procura o meu passo? Será que ainda quer reiventar o mito de Eurídice e Orfeu ou de Julieta e Romeu? Será que ainda me tem como urso do seu abraço? Será que ainda me anja? Será que nesse arder tão meu ainda se esbanja? Será que ainda comigo se arrepia? Será que por mim ainda troca a noite pelo dia? Será que ainda queima de saudade? Será que ainda teima de vontade? Será que ainda pela nossa história mordisca os lábios rosados? Será que ainda nos guarda intocados? Será que ainda se veste para os meus olhos? Será que ainda se deleita em meus espólios? Será que ainda se perfuma oferecendo-me se pescoço? Será que ainda acorda mais apaixonada? Será que ainda por meninice me enciúma? Será que ainda se sente bem ao se saber por mim eternamente amada? Será que ainda é a minha Alice num mundo de maravilhas? Será que ainda mia para provocar as minhas matilhas? Será que ainda me estende os braços percorrendo milhas e milhas? Será que ainda diz eu amo você como num desenho de giz? Será que ainda nos quer juntos para ser feliz? Será que ainda me reserva o seu melhor tempo? Será que ainda me deixa ser príncipe do seu reino de sentimento?

12/11/2011 -
Sereia
Deixa-me provar sua carne e descobrir enfim o mistério desse sabor que dá água na boca alheia. Quem sabe eu possa sentir o aquecimento do sangue ao percorrer suas entranhas e estimular a energia acumulada em suas lacunas. Quero me lançar ao seu mar como um barco sem âncora em busca de seus tesouros e de seus piratas. Quem sabe eu consiga encontrar sua cidade perdida, sua esperança de felicidade mais apetitosa esquecida entre corais. Quantas saudades pontilhadas em seu horizonte fugaz. Só me perdoe se o seu calor soprando a bombordo aumentar o meu apetite por navegar e mergulhar em seu mar inteiro. ...
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01/12/2013 -
Sereia do Amanhecer
A minha sereia, se é que eu posso chamar de minha, tem olhos grandes e fundos como o oceano no qual habita. Olhos cristalinos, de um azul de uma infinidade de tons que se movem pra lá e pra cá como as ondas do mar. A minha sereia, chamando-a assim com todo respeito, surge de forma mansa, mas sempre provocando impacto com sua chegada, trazendo transformações e encantamentos em tudo o que está dentro e fora de mim. Por mais que eu já a tenha encontrado em outras oportunidades, diante dela há sempre o sabor de primeira vez. ...
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