Daniel Campos

Prosas

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31/08/2010 - Visões de guerra

As últimas cicatrizes ainda ardem nos matizes dos olhares que não conseguem se esquecer do que viram. É tanta guerra, são tantos estilhaços de coração. É tanta guerra, são tantos pedaços de canção. É um mundo partido, dividido, proibido. Um mundo que dói e corrói e desconstrói. Um mundo imundo, profundo, moribundo querendo morrer em seus braços a todo minuto. Um mundo de luto.

Pólvora e explosões queimando a retina. Sangue e fuligem borrando a íris. Paisagem e vertigem numa ilusão óptica. Um exército de mutilados. Crianças sem colo no meio de uma estrada que não leva a nada. Mães com pás e enxadas enterrando filhos. O céu vermelho numa plantação de fogo. Fome e sorgo. Trincheiras fazendo o papel de lar, em meio a um luar alvejado de balas de canhão. E o horizonte dizendo “não”......
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Vitrines

O sol, imenso e amarelo, ardia em febre. Perdia-se facilmente a conta entre os tantos graus Celsius. Aflito, deixava um pouco dessa febre nos caminhos por onde andava a procura de algo que não se sabia exatamente o quê. Enquanto procurava, a vida prosseguia com as suas tarefas de rotina.

O sol quente. Em uma espécie de tontura, ela apóia-se numa vitrine qualquer. Cabeça baixa. Pouco a pouco, a sensação de ver o mundo sem eixo, sem gravidade, sem juízo. Conforme respira lentamente, os olhos se enchem de sol e os mistérios se confundem. Os mistérios daquele sol e daqueles olhos, lado a lado. E numa falta de memória repentina, não sabia onde estava. A única coisa que sabia é que aqueles que lhe olhavam da vitrine, e que parecia conhecer de algum lugar, tinham uma tristeza qualquer. Aqueles olhos tristes, berçários de beleza. ...
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28/12/2015 - Viuvinha

A viuvinha cisca graciosa pelo terreiro. Tem pés de bailarina e ninho por perto. Sabida, faz ninho no oco abandonado pelo pica-pau. Como viúva, cuida da casa velha com esmero. O corpo todo vestido de negro, como um mata borrão, com exceção para a mancha branca que traz na cabeça como se fosse um véu. Anda como que bailando pelo chão. Vez ou outra, sem mais esperar, dá um piado assoviado como choro de viúva, intenso e rápido. As penas da cauda escorrem longas como que formando uma tesoura ou um vestido de noiva. Noivinha ou viuvinha? Seja o que for aquela ave dá um toque de saudade e esperança no campo. Hipnotiza de velhos a crianças, de estressados a poetas, de rabugentos a festeiros, com sua silhueta em movimento. Arisca, risca o céu, ao menor indício de perigo, com suas asas de nanquim. E quando voa, o véu da cabeça escorre pelas costas, com a brancura se atrevendo por entre a penugem negra. O conflito entre e a noivinha e a viuvinha pelo corpo amiúde da ave que hipnotiza nossas vistas e instiga nossa visão.


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01/02/2017 - Viva o amor-presente

Não existe amor-passado nem amor-futuro, tanto que amar em tais tempos é pura ilusão. O único amor que nos evolui é o amor-presente, aquele que pode ser vivido agora, transformando, de imediato, nosso interior e o que nos rodeia.

Se você está preso a um amor que ficou no passado é porque você ainda não soltou uma determinada pessoa. Energeticamente falando, isso não faz bem nem para você nem para ela. Então, está mais do que na hora de desapegar. Acreditar em um amor que acabou é investir no autossofrimento, pois isso te impede de seguir em frente, de ter outras experiências, de se permitir ao novo. ...
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11/07/2015 - Viva você

É preciso deixar de fazer tantas coisas inúteis. Deixar de doar o melhor do seu tempo a essas pessoas fúteis. Dar um basta na produção para viver o teor do seu canto de sublimação. E o meu canto é o encanto da imaginação. Imagina uma nova realidade. Imagina a cidade sem a cidade. Imagina que possa voar e voa. Permita-se estar à toa. É preciso viver fora da ordem. Não deixa que eles lhe podem. Busque você em você. Olhe pra dentro. O que é que você vê? Crê em sentimento? Se não crê passe a crer e a viver de dentro pra fora. Tira o melhor do seu tudo e dá ao mundo. Ria. Chora. Pia. Cora. Do jeito mais profundo sem ajeito mas no feito que vai fundo. Deixa de ser rente. Larga de ser gente. Faça a semente que é você vir a furo. Seja você no seu teor mais puro. Não faça ou desfaça sua vida pelos seus vizinhos. Cada um que siga os seus caminhos.


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31/01/2014 - Viva-me

Viva os meus olhos. Viva a minha temperatura. Viva o meu nome, a minha nomenclatura, em todos meus signos, significantes e significados. Viva a minha boca, do beijo ao sorriso e vice-versa. Viva as minhas luzes e as minhas penumbras. Viva o meu perfume, o meu cheiro, a minha fragrância. Viva a minha loucura. Viva o meu caminho. Viva a minha crença, dos humanos aos deuses. Viva o meu corpo. Viva a minha cabeça. Viva a minha sina. Viva a minha coloração. Viva o meu sentido e a minha direção. Viva minhas entradas e saídas. Viva meu cenário particular. Viva a minha roupa. Viva a minha pele. Viva a minha sorte. Viva o meu avesso. Viva a minha missão. Viva o meu continente e os meus arquipélagos. Viva o meu entardecer. Viva o meu propósito. Viva os meus planos, as minhas expectativas, as minhas ideias. Viva a minha cama. Viva a minha postura. Viva a minha trilha sonora. Viva os meus saltos, voos e mergulhos. Viva o meu código natural. Viva a minha lei. Viva a minha falta de medida, de limite, de medo. Viva a minha prosa. Viva o meu quadro artístico, clínico... Viva o meu tempo. Viva a minha emoção. Viva-me.


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12/04/2011 - Viveiro da tristeza

Pare! Pare de pensar, de ler, de jogar, de cantar, de querer e de tudo o mais que faça ou possa vir a fazer neste e nos próximos instantes e atente-se para a tristeza da mulher que floresce tão linda e desesperada como flor no inverno. Seu olhar luminoso e triste, como uma gema de opala, nasce entre o espanto e o encanto com uma desenvoltura capaz de acabar de pronto com a pequenez do cotidiano. Diante dos olhos tristes da mulher que não existe além da própria insensatez a cidade se alvoroça e tudo se coça e se roça. ...
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16/03/2014 - Viver com gosto

O gosto pela vida, talvez essa seja o maior legado de meu avô, que há quatro anos foi em busca de outras vidas. Uma pessoa que fazia tudo com um prazer imenso. Seu serviço, por mais pesado que fosse, o fazia leve. Nada era capaz de lhe arrancar o otimismo, a certeza de que tudo mais dia menos dia daria certo. Era só questão de esperar. Mas ele nunca foi de cruzar os braços, sempre buscou o que quis com garra e com paixão. Sim, meu avô era a tradução mais próxima do lutador e era um apaixonado convicto. ...
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28/07/2016 - Viver com você

Viver com você é conhecer o êxtase a cada segundo. Seja o êxtase da paz ou da ebulição, pois você me leva aos dois extremos e, muitas vezes, essas viagens se dão ao mesmo instante. Viver com você é viajar pelo mundo, pelo espaço, pelo infinito sem sair do lugar, pois seus olhos têm um mistério de teletransporte difícil de explicar, mas tão fácil de se entregar. Não há como não se encantar, como não se deliciar, como não quer mais e mais viver com você.


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14/10/2009 - Viver em cidade grande

Viver em cidade grande é ser tragado por um mar de gente. A toda momento você quer encontrar e fugir de pessoas. O telefone que chama é o mesmo que dá ocupado e que não quer lhe atender. Há sempre uma espera e uma vontade de correr. De correr mundo. Por todo lugar há um exército de pessoas com rostos diferentes, mas com a mesma falta de nome, de identidade, de sentimento formando um imenso rolo compressor. Na primeira desatenção, tal rolo esmaga os seus sonhos. E esmagados, os sonhos não são nada mais do que piche. ...
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