Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 5 de 28.

15/04/2015 - Ouça o moto-contínuo da criação

Ouça o que o pássaro veio lhe contar, o que os rios estão a lhe falar, o que as nuvens querem lhe revelar... O mundo está aí para ser ouvido. Pode ser um grito, um gemido, um sussurro... Mas tudo está a conversar... Ouça a língua dos ipês, das pedras, das águas profundas, do fogo vermelho... Basta colocar em prática o ouvido interior, aquele que compreende a tudo e a todos... Escuta o que diz o vento, o horizonte, a folha, o bicho, o coração... Ouça o que soluça, o que aguça, o que pulsa... Já parou para ouvir o pirilampo, a lua, a arruda...? Quantas histórias há pelos galhos de uma roseira, pelos anéis do cerne de uma árvore milenar, pelas ondas do mar... Sem cerimônia, ouça a conversa das raízes, dos matizes, das perdizes... Ouça o capim brotando, a chuva chegando, o universo conspirando ao seu favor... Escuta o quão bonito é o nascimento e o desenvolvimento de um amor... Quanta música há ao seu redor, para, vai, para e escuta... Escuta as estrelas brilhando, as sereias cantando, a vida raiando em todo lugar... Ouça os pensamentos, os sentimentos, os firmamentos... Escuta a poesia versada de tantas maneiras pelas ladeiras, seringueiras, cumieiras, poeiras, gafieiras, biqueiras, fogueiras, mangueiras... Ouça o moto-contínuo da criação...


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13/04/2015 - O inesquecível ao inesquecível

Nunca se esqueça do que é inesquecível. Por mais que lhe digam o contrário, lembre-se do que lhe faz gosto ao coração. Não jogue no esquecimento aquilo que é parte de você, mesmo que isso ou esse ou essa já se vai longe. O que é para sempre não se perde, tampouco pode se perder. Tenha certeza de que uma vez marcado, sempre estará ligado ao que ou a quem lhe marcou. Portanto, não seja ingrato, não se esqueça do que não é para ser esquecido. Lembre-se de um beijo, de uma palavra, de um gesto, de um olhar, de uma cena, de um perfume, de uma música, enfim, lembre-se de todas as peças que lhe compõem, mesmo que elas pareçam desconexas e sem sentido no tempo de hoje. Só há futuro quando há passado. É claro que para ir adiante temos que aliviar o peso, mas o segredo não é esquecer o passado, tampouco negá-lo ou queimá-lo. O passado é o combustível para seguir em frente, basta saber utilizá-lo como impulso e não como fardo. Dê ao inesquecível o que é inesquecível.


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09/04/2015 - O que brotará?

Dói pensar no que não mais há de ser vivido por nós. A bifurcação dos caminhos, optando-nos escolher entre a ilusão e os espinhos. Cubra-se com lençóis para não ver a tempestade perene ou se entregue à fervura deixando-se encher pelos molhos da vida como se fosse um penne. A paixão não tem cura nem explicação. Jura agora, ora pois, e depois chora por nós dois. É melhor ir embora enquanto é tempo ou ficar para ser devorado pelo sentimento? Eis a questão, a problemática que divide opinião. Se a vida fosse matemática uma mais um dava dois. Mas não há exatidão quando o regente é o coração, mocinho e vilão da nossa história. Depois do abismo será que vem a glória ou ficaremos imersos, submersos, controversos num espaço sem memória? Haverá para sempre uma semente proeminente de esperança ou a deusa da espera também cansa? Até onde vamos chegar ou chegarão com nós sendo assim tão iguais quão diferentes como uma prateleira de retrós? Por mais que doa é preciso desbrotar para crescer. As mulas do destino arrastam arados preparando a terra que mais cedo ou mais tarde nos engolirá. Resta saber o que resistirá e, o que sucumbirá e o que brotará disso tudo que fomos nós.


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19/03/2015 - O zóio da menina

O zóio da menina encheu, o zóio da menina vazou e o cabelo da menina cresceu, cresceu que ventou pras bandas de onde coração não anda. O zóio colorido da menina entornou e saiu bêbado pelas pedrinhas da calçada tropeçando em rainhas descoroadas e luas descoradas, todas espreguiçadas, cansadas de reinar. O zóio da menina formou onda, deu peixe, sereia e pescador, e agora por ele ronda marisco em feixe, vapor de cachoeira e farol que clareia. O zóio da menina de cinturinha de pilão balançou, chamou pelo vento de lá pelo vento de cá, e orvalhou ao tempo que dançou de uma só vez com o tempo que passou e com aquele que ainda não chegou. O zóio da menina esverdeou, azulou, avermelhou e até enviuvou em vida como se não escutasse nada do que o timoneiro do amor lhe falou por meio das mensagens engolidas por garrafas que um dia lançou a esse par de zóio tão, mas tão marinheiro que se aninha entre o amanhã e o anteontem na linha do horizonte dando conta de chorar o mar inteiro.


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01/02/2015 - Outros homens

Eu sou tempo em que homens voavam sem medo para além das nuvens. Sou do tempo em que o coração não sofria de ferrugem. Sou do tempo em que para conquistar bastava sonhar. Sou do tempo em que as vidas não eram divididas entre o ter e o poder. Sou do tempo em que os amores, mesmo impossíveis, eram possíveis de se viver. Sou do tempo em que os relógios se cruzavam e davam origem a um novo tempo. Sou do tempo em que o horizonte era logo ali. Sou do tempo em que o sol e a lua podiam dividir o mesmo espaço. Sou do tempo em que o homem, quando abdicava de suas asas, virava árvore com raízes bem fincadas. Sou do tempo em que tudo era novidade e um simples beijo fazia o maior alarde no mundo sentimental. Sou do tempo em que as estradas se abriam ao coração. Sou do tempo em que os homens morriam por suas mulheres. Eu sou do tempo em que ao contrário de guerreiros e generais, os homens tinham alma de pássaro.


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26/01/2015 - O que nasce

Tudo o que nasce é sagrado, sacramentado a existir. Tudo o que nasce é semente há de germinar um dia e florir. Tudo o que nasce é ligado a um passado que não deixa de se abrir a um amanhã. Tudo o que nasce, corre pra frente ou pra cima, feito rio, feito árvore. Tudo o que nasce mais dia menos dia vai descobrir seu sentido. Tudo o que nasce um dia será grito, gemido e silêncio. Tudo o que nasce se ajeita, se encaixa, se acha. Tudo o que nasce tem um porque que não importa se alguém vai ou não entender. Tudo o que nasce é feito de sangue, de seiva, de água, de fogo, de cristal, de terra ou de ar. Tudo o que nasce é para se admirar. Tudo o que nasce modifica algo ou alguém ao seu redor. Tudo o que nasce é o melhor que poderia ter nascido ali, naquele momento, naquelas condições. Tudo o que nasce já é história para se contar. Tudo o que nasce tem seu propósito, suas missões. Tudo o que nasce não nasce só aos nossos olhos, mas aos olhos de outras dimensões.


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26/12/2014 - Ou o fim ou o fim

O verde amarelou. O caminho a sujeira fechou. O mato se alastrou. O telhado do rancho desabou. O poço secou. A aranha o fim teou. A saudade suas garras fincou. Por aquelas quartas nunca mais se semeou. O destino de todos que dependiam daquelas mãos férteis virou. O trator nunca mais roncou. O pé de valsa por ali não mais dançou. O deserto da solidão pra ficar chegou. A terra sangrou. A paineira da estrada chorou. O lago avermelhou. O que era bonito se estragou. O vento nunca mais suas modas assoviou. Os ninhos ficaram vazios da galinhada que nunca mais chocou. O lixo se espalhou. O abacateiro tombou. A magia nunca mais madurou. O pé de esperança não vingou. O trem diante daquele cenário engasgou. O galo silenciou. Até assombração por ali não ficou. A cachorrada debandou. A nova safra não vingou. O senhor daquele mundo nunca mais voltou. O descaso tudo abandonou. O encanto do dia pra noite se quebrou. O coração de terra parou e tudo se espatifou. O bom e velho sítio se acabou. ...
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23/12/2014 - O violeiro está pra chegar

O violeiro está para chegar trazendo cantigas capazes de botar a moça que não sai do chão para rodar junto das estrelas de um céu crepom. As modas da viola, como batom, ficarão na boca dessa moça que de tanto chorar por um amor em vão fez de sal uma poça. O violeiro está chegando, podem esperar pelo inacreditável. Aquelas dez cordas de aço hão de fazer milagre na vida da moça que com medo de sofrer leva o coração escondido no fundo falso da sua bolsa. Com a chegada do violeiro se acabarão os medos de beijos roubados, de amores proibidos, de peitos flechados. O violeiro chega para dar jeito no que não tem jeito com seu ponteado encantado. Chega, como sempre, enluarado e disposto a juntar um casal apaixonado que em silêncio vive separado e incomodado com a própria solidão que assusta mais do que bicho-papão no meio da escuridão. ...
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22/12/2014 - O amor é feito de terra

O amor é feito de terra. Da terra que molda. Da terra que gruda. Da terra que alimenta. O amor é feito de terra. Ora lama ora poeira. Da terra que gera. Da terra que enterra. Da terra que tudo ou nada dá. O amor é feito de terra. Da terra que orbita. Da terra que espera. Da terra que está sempre à mercê do tempo. O amor é feito de terra. Da terra que abriga. Da terra que sustenta. Da terra que faz a estrada. O amor é feito de terra. Da terra que ergue uma vida. Da terra que escapa pelas mãos. Da terra que mancha pele, alma e espírito... O amor é feito de terra.


Comentários (1)

12/12/2014 - O que do que?

O que você quer de mim? O que você quer para mim? O que você quer de nós? O que você quer a sós? O que você quer de tudo? O que você quer agora? O que você quer lá fora? O que for quer por fim? O que você quer pra sempre? O que você quer eternamente? O que você quer lá no fundo? O que você quer de repente? O que você quer de tão profundo? O que você quer deste mundo? O que você quer diferente? O que você quer mais pra frente? O que você quer de antes? O que você quer que eu cante? O que você quer que eu goste? O que você quer que eu importe? O que você quer de loucura? O que você quer de aventura? O que você quer que eu poste? O que você quer que eu corte? O que você quer de cura? O que você quer de verdade? O que você quer ser saudade? O que você quer do coração? O que você quer da realidade? O que você quer da imaginação? O que você quer do meu porão?


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