Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 176 de 320.

13/01/2012 - Luislinda, a incansável

Toda rainha um dia será coroada. E hoje é o dia da coroação de uma rainha negra que doou sua vida à construção da justiça. Xangô de saias. Mulher forte, firme, determinada. Mulher que mudou a forma de se fazer justiça no país das injustiças. Depois de tantas chibatadas, Luislinda será coroada. As mãos de brancos e negros, de amarelos e vermelhos, hoje se unem numa salva de aplausos à desembargadora filha de Iansã. Eparrei Luislinda!

Simbolicamente, será coroada pelas mãos de duas mulheres igualmente guerreiras, a corregedora nacional do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, e a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. As iabás estão em festa. Luislinda Dias Valois dos Santos chegou lá. E com ela chegaram milhares de rostos, de sonhos, de projetos, de sentimentos de justiça. Parodiando Caetano, Luislinda é do povo assim como o povo é de Luislinda. ...
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12/01/2012 - Palavra de Xangô

Ninguém pode dizer que não sabia. Ainda no ano passado Xangô mandou avisar que ia fazer reboliço na justiça dos homens. O caos no Judiciário é resultado das machadadas do deus do trovão. Escândalo, baixaria, corrupção. Xangô não perdoa. Não tem misericórdia. Xangô é duro, austero e violento, justiceiro como ele só. O rei do fogo tem a mão firme na hora de julgar e proceder. Troca de acusações. Denúncias. Disputa de poder. Da crise da justiça nascerá uma nova justiça. Kawó-Kabiesilé Xangô!
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11/01/2012 - Uma risada

Eu quero uma risada de criança. Uma risada espontânea, inocente, feliz. Uma risada aconchegante. Uma risada ressoante. Uma risada sem maiores motivos. Uma risada sem explicações. Uma risada generosa e farta. Uma risada livre. Uma risada genuína. Uma risada imensa daquelas que ninguém dá conta de dimensionar. Uma risada que seja capa e conteúdo ao mesmo instante. Uma risada crônica. Uma risada que passa e ao mesmo tempo não passa. Uma risada que fica, que quer ficar. Uma risada tranquilizadadora. Uma risada de desejo e desejada. Uma risada fadada ao riso. ...
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10/01/2012 - Os caminhos do tempo

Tudo é muito rápido. Os dias se sucedem com a velocidade de um cometa. Quando penso ser ontem, já sou amanhã. E quando chego ao futuro nada mais sou do que passado. Pensei ser um viajante do tempo, mas é o tempo que viaja em mim. Sou apenas uma ficha de cassino à mercê de uma grande roleta. Sou apenas uma aposta. Alguém que sonha ganhar, mas que a cada segundo transcorrido perde um pouco mais de tempo. Nem petróleo, nem ouro, nem conhecimento, a maior riqueza da humanidade é, sem dúvida alguma, o tempo. ...
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09/01/2012 - Reprises

Janeiro é o mês das reprises. O mês com cara de passado, repleto de marcas e cicatrizes. Até mesmo as promessas de ano novo que tomam conta do dia 1º são velhas. Os rituais são os mesmos dos anos anteriores. As profecias já foram professadas há séculos, milênios talvez. As expectativas já foram esperadas em outras oportunidades. O mesmo do mesmo acontece em janeiro. Falta novidade nas festas ou nos eventos cotidianos. Janeiro, a locomotiva da repetição.

Não há nada de novo na programação da TV. As notícias são requentadas. Tudo já foi falado e visto e revisto. As roupas são retro. Os cortes de cabelo já foram moda em outras estações. Janeiro é um espelho com reflexos em preto e branco. Na boca, nada de novo. Os sabores já são conhecidos. Sol e chuva, independentemente do tempo, há um temporal de nostalgia lá fora, cá dentro. Até mesmo as tragédias se repetem. Em janeiro, Deus inventou o replay. ...
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08/01/2012 - Correrias

Eu já corri da chuva e pra chuva. Eu já corri para não perder aula. Eu já corri rumo ao fim de semana. Eu já corri contra o tempo. Eu já corri pro mar. Eu já corri perigo. Eu já corri a pé ,de carro, a cavalo. Eu já corri pra ser feliz. Eu já corri sem motivo. Eu já corri por um triz. Eu já corri pros braços da mulher amada. Eu já corri pra ir e pra chegar. Eu já corri em público. Eu já corri na lua. Eu já corri da idade. Eu já corri de olhos vendados. Eu já corri como uma mensagem e como um mensageiro. Eu já corri em círculos. Eu já corri de mim. ...
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07/01/2012 - Nada melhor que longe

Nada melhor do que estar longe. Longe das garras e das feridas do passado. Longe das máscaras e incertezas do futuro. Longe do falatório de sempre. Longe da rua, da cidade, da Terra. Longe do lugar comum, do senso comum, do amor comum. Longe das mentiras, das birras, dos sentimentos baixos. Longe das amarras, dos sorrisos amarelos, das metades. Longe das traições e das imperfeições. Longe da negatividade. Longe das prisões e das torturas. Longe das cascas, dos labirintos, dos curtos-circuitos.
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06/01/2012 - João Gilberto chegou

Silêncio. João Gilberto chegou. Aquiete-se. Não se mexa. Ruído algum é permitido. João Gilberto chegou. Deixe as palavras para depois. Não ouse cantar. João Gilberto chegou. Não assovie, tampouco aplauda. João Gilberto chegou. Cale o corpo e a alma. Nada de demonstrar euforia. João Gilberto chegou. Amordace os sentimentos. Nada de gargalhadas ou chororô. João Gilberto chegou. Chega de saudade. João Gilberto chegou.

Que a terra pare de rodar. João Gilberto chegou. Que folha alguma caia das árvores. João Gilberto chegou. Emudeça os cachorros, os gatos, os pássaros. João Gilberto chegou. Desligue a televisão, o rádio, o computador. João Gilberto chegou. Controle os batimentos cardíacos. Nada de barulho. João Gilberto chegou. Controle as crianças. Não grite, não esperneie, não faça arruaça. João Gilberto chegou. Bim-bom. João Gilberto chegou....
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05/01/2012 - Paixão italiana

Nem mesmo as décadas de distância conseguiram apagar as lembranças de sua língua. Mantinha um forte sotaque italiano. Aliás, para ela, certas palavras só existiam em seu idioma natal. Qualquer um ao abrir sua janela da sala enxergava um amontoado de prédios e ruas abarrotadas de carros e pessoas num constante vai e vem. Já ela via uma paisagem completamente diferente, bucólica, com campos verdes e casas de pedra. É como se aquele tempo se encontrasse intacto dentro de sua cabeça. Um primor.
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04/01/2012 - Pranto de macaúba

Lá no fim da estrada tem um pé de macaúba, uma toca de coelho e a casa de uma viúva que fez votos com o silêncio. Lá, o mato passa da linha da cintura, o canário canta estalado, a lua parece um queijo do sertão. Lá pros fundos da mata corre um riacho com peixe bom. Tem história de curupira e de martim pescador. Quando chega o inverno, a geada cobre o campo numa invernada de trincar os ossos. A cadeira de balanço da varanda balança entre passado e futuro. Volta e meia do fogão a lenha da senhorinha sai um tabuleiro de bolo de fubá, uma caçarola de feijão e uma bacia de torresmo. ...
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