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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 178 de 320.
26/12/2011 -
Nem tudo nem todos
Nem todo latido que há será capaz de me amedrontar. Nem todo amor desta vida será capaz de me convencer. Nem todo trovão que houver será capaz de chover. Nem todo mar do mundo tem sereia. Nem todo sino que existe ira se dobrar pensando em alguém. Nem todo tempo que há vai me vencer. Nem todo mal-estar da cidade vai me desanimar. Nem todo vento que soprar vai me alcançar. Nem todo lodo é vazio de flor.
Nem todo pó já foi alguém um dia. Nem todo romance foi feito para durar séculos sem fim. Nem toda fé é direcionada a algum deus. Nem toda guerra tem dois lados. Nem todas as palavras podem ser ditas sem prévia censura. Nem toda encenação é mentirosa. Nem todo choro escorre dos olhos. Nem todo rio corre para o sul. Nem todo abraço é visível. Nem todo pensamento é pensado. Nem toda lua é de comer. ...
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25/12/2011 -
Natal a toda hora, em qualquer lugar
Era uma vez uma menina que tinha um cachorro chamado Natal. Era gordo e barbudo com o papai-noel. Isso sem falar que tinha umas mechas brancas ao longo da pelagem. Embora fosse representante de uma raça importada de nome bastante esquisito, lembrava muito um vira-lata. Apareceu em sua casa entre as caixas de presente no dia 25 de dezembro. Batizá-lo assim foi inevitável. Chegou num momento difícil, em que a pequenina estava com uma dessas doenças capazes de levá-la embora. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, ao primeiro latido. ...
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24/12/2011 -
Obrigado senhora nossa
Obrigado pela maternidade contínua. Pelo colo em todas as horas. Por guiar cada passo meu, acalentar toda e qualquer aflição, cuidar dos meus sonhos. Obrigado por me deixar entrar em sua casa. Pelas broncas, pelos conselhos, pelos cuidados comigo. Obrigado por tudo o que me oferece - pelo o que eu sei e pelo o que ainda não sei compreender.
Obrigado pelos encontros diários, por ouvir os meus chamados, por nunca ter me dado as costas. Pelas estrelas que iluminam minhas noites mais escuras, pelas pétalas que faz nascer ao meio das minhas ervas dadinhas, pelas suas canções que não me deixam sozinho. Obrigado pelo novo e também pelo antigo que me possibilita viver....
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23/12/2011 -
Eu e eu mesmo
Eu cantei passarinho. Eu li um romance. Eu vivi um livro. Eu fiz oferenda ao meu orixá. Eu chorei no cinema. Eu entreguei tudo ao tempo. Eu comi em francês. Eu chamei um uísque. Eu peguei uma história. Eu derrubei um medo. Eu plantei um poema. Eu revelei um segredo. Eu quebrei um espelho. Eu escondi um disco. Eu vi o trem. Eu me embriaguei de saudade. Eu corri de mim. Eu corri pra você.
Eu passei ao lado. Eu descuidei do fogo. Eu escrevi na parede. Eu encontrei um destino. Eu enterrei dois sonhos. Eu confessei três pecados. Eu mordi uma maçã. Eu me envolvi com uma previsão. Eu solucei a ausência. Eu engoli as letras. Eu despistei o juízo. Eu estourei um champanhe. Eu perdi o avião. Eu fiquei nu no terraço. Eu dormi em número par. Eu rasguei um contrato. Eu menti para mim. Eu me mudei para você. ...
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22/12/2011 -
Espíritos natalinos
Que o espírito natalino não seja apenas um. Que seja dezenas, milhares, milhões de espíritos trabalhando para transformar a vida de quem caminha sobre a Terra. Que os espíritos natalinos não tenham somente olhos azuis e cabelos claros como o Jesus Cristo criado pelos europeus. Que os espíritos natalinos sejam de todas as cores. Que sejam espíritos de caboclos, de ciganos, de boiadeiros, de preto-velhos, de índios, de marinheiros, de príncipes do oriente. Que os espíritos natalinos falem a nossa língua e compreendam o que trazemos conosco. ...
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21/12/2011 -
Primavera das sombras
A primavera se vai cheia de dor, carregada pelas águas das chuvas. A primavera corre pelas enxurradas e é engolida pelas bocas de lobo e se mistura ao barro, ao esgoto, ao lixo. No final das contas, a primavera, mesmo sem querer, causa mortes e medo e pranto. Será que a primavera não é tão boazinha quanto parece? Será que há algo de Alfred Hitchcock na primavera ou tudo não passa de um mal entendido. A pergunta é coerente, pois o período da primavera está cada vez mais associado a desastres naturais do que propriamente a jardins floridos e perfumados. ...
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20/12/2011 -
Luislinda Desembargadora
Saravá desembargadora Luislinda Valois, saravá! Luislinda da Luz, saravá! Luislinda Dias melhores, saravá! Luislinda de todos os Santos, saravá! Depois de anos e anos de preconceito, de perseguição, de guerra, a justiça foi feita. Feita como filha de santo, da cabeça aos pés. Kao Kabiesilê! Salve Xangô! Eu, cavaleiro verde, que acompanhei de perto muitas vezes as chibatadas do racismo, do desrespeito e da diferenciação que estalaram sobre essa baiana, lavo, com essa nomeação, as escadarias da minh’alma em águas salgadas para acabar de vez com todo mau-agouro. O doyá Iemanjá! Carrega todo esse período de tristeza pro fundo do mar. Começa uma nova época. A riqueza tão sonhada finalmente chegou para um povo cansado de sofrer. Arroboboi Oxumarê!...
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19/12/2011 -
O futuro caminha
O futuro caminha na corda bamba de sombrinha. Qualquer descuido ele pode vir ao chão. E se quebrar. E se atrasar. E tomar outro rumo. O futuro caminha de olhos vendados. Ele já sabe o que vai encontrar. Ele já sabe onde vai chegar. Ele não pode se distrair pelo caminho e de repente fugir do seu destino. O futuro é menino. Vive afoito demais. Vive aprontando demais. Vive inocente demais. O futuro é pequenino, cabe na palma da mão, num canto do olhar, numa palavra. O futuro é sim e não, é o que grita e o que cala, é metade amor e metade solidão. ...
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18/12/2011 -
Pelo avesso
O que eu quero, desquer. Troca meu gosto pelo desgosto. Se eu vou, não sai do lugar. Quando salgo, adoça. Qunado avanço, blefa. Transforma meu sonho em pesadelo e vice-versa. Se eu beijo, morde. Se eu mordo, assopra. Se eu mordo, assopro. Se eu sopro, chove. Se eu chovo, não molha.
O que eu busco, já tem. Se eu mio, late. Sofre quando sorrio. Gargalha a cada pranto meu Se despe quando visto. Quando sou verdade é mentira. Quando recuo, provoca. Quando pego, foge. Quando rolo, enrola. Enquanto colo, rasga. Quando morro renasce. Na hora que acordo, hiberna. ...
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17/12/2011 -
Lua de sal
Muitos dizem que a lua é feita de mel ou de queijo. No entanto ela tempera a noite de uma forma toda peculiar como se fosse um punhado de sal. Sem lua, a noite é completamente insossa. Isso sem falar que a lua cheia faz subir a pressão dos amantes. Porém, como apreciar com moderação um daqueles luares que tomam conta de todo o céu? A lua nova, translúcida, é como um sal marinho com cristais mais leves. A lua crescente é de mesa, cai bem em todos os pratos da noite. Já a lua minguante é forte e bruta como o sal grosso. ...
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