Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 179 de 320.

16/12/2011 - Me diga

Me diga o que fazer daqui pra frente, me diga o que buscar nesse tempo ausente, me diga como quebrar essa corrente. Me diga como combater a saudade, me diga qual o caminho para a anti-realidade, me diga qual o segredo que habita a cidade. Me diga o que há por trás deste mundo, me diga como curar um coração moribundo, me diga como ir ainda mais fundo. Me diga como encontrar a palavra perdida, me diga como estancar a seiva dessa ferida, me diga como ultrapassar novamente a nossa medida.

Me diga uma forma de descobrir o ponto fraco do medo, me diga como ser para sempre cedo, me diga como encontrar uma árvore no meio de um arvoredo. Me diga como terminar o que não começou, me diga como ir sem dizer para onde vou, me diga como saber se o sonho que sonhei foi o mesmo sonho que sonhou. Me diga como correr sem olhar pra trás, me diga como me livrar do “mas”, me diga que eu ainda sou capaz. Me diga uma cantiga, me diga uma novidade antiga, me diga que nosso amor ta de barriga.


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15/12/2011 - É preciso ter fé

É preciso ter fé no vôo do pássaro para que ele continue suspenso no ar. É preciso ter fé na chegada da primavera como começo dos milagres. É preciso ter fé na chuva para ter a alma lavada. É preciso ter fé no que há lá fora para que possamos cultivar o que há aqui dentro. É preciso ter fé no que existe detrás do espelho. É preciso ter fé no que ainda não foi dito, escrito e feito. É preciso ter fé nas imagens que não se apagam da nossa memória. É preciso ter fé que a tristeza um dia vai se alegrar. É preciso ter fé de que mais dia menos dia seremos parte de uma história que outros vão querer contar. É preciso ter fé no senso de humor divino. É preciso ter fé no novo que há no velho. É preciso ter fé na escuridão para que o brilho das estrelas não seja em vão. É preciso ter fé em cada batida de um coração. ...
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14/12/2011 - Infeliz aniversário

Olha lá aquela menina que não sabe para onde vai. Hoje ela completa três anos de idade e ainda não ganhou sequer um abraço. Há três dias a mãe está sumida. Talvez na cadeia, talvez caída drogada. Ao contrário de bolo e docinhos aquela menina sonha com um pedaço de pão amanhecido. Afinal, é o que seu estômago conhece. Caminha com os pés sujos, com os olhos de remela e a cabeça cheia de piolhos e medos. Ela chora por um prato de comida, por um pouco de colo e afeto. O que ela recebe mais próximo de um beijo são as lambidas de um cão sarnento. O sol e as estrelas são o teto daquela menina que cresceu sem mamadeira, sem fraldas, sem canções de ninar, sem o mínimo do mínimo do mínimo de cuidado....
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13/12/2011 - Tudo por um fio

Ao final de cada ano tudo fica por um fio. As tensões aumentam. As cordas se arrebentam. Os laços se soltam. A dor, a quebra de expectativa e o estresse acumulados durante os doze meses dão nisso. A vida em dezembro, seja ela no campo profissional ou pessoal, fica por um fio. A morte parece estar em todos os lugares. E essa sensação está muito longe de um mero sentimento de perseguição. Trata-se de um fato concreto que a cada ano anula mais e mais o espírito natalino. Afinal, diante de consecutivas injeções de realidade, a magia fica por um fio....
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12/12/2011 - Quanto tempo antes?

Quanto tempo antes dos créditos subirem encerrando mais um romance de cinema? Quanto tempo antes de a chuva desmanchar o penteado da madame? Quanto tempo antes das promessas do promesseiro serem para sempre promessas? Quanto tempo antes das sapatilhas das bailarinas rasgarem? Quanto tempo antes de o fruto amadurecer? Quanto tempo antes de o inverno chegar? Quanto tempo antes de o cachorro comer o gato, de o gato comer o rato, do rato comer o queijo, de o queijo comer a fome de alguém sem nome.
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11/12/2011 - De caçar leão

Está vendo aquele cachorro? É de caçar leão. Valente como só. Olha os dentes dele. Furam qualquer tipo de couro. Patas grandes e fortes pra agüentar o tranco. Costas largas. Pernas esguias que correm como flecha lançada. E o latido então? O leão treme de medo só de escutar o barulho que esse cachorro faz. Olha o pelo dele, brilha igual um sol de verão, meio amarelo meio vermelho. Saúde? Isso é o que não falta. O pai dele morreu com mais de cinqüenta anos. E olha que só morreu porque foi morto à bala. Foi preciso dois tambores de revólver para derrubar o bicho. Era parceiro de um caçador de marfim lá da África. Pegava embalo e pulava nas costas do elefante. Derrubava o grandão em menos de dois minutos. Não tinha medo de nada. ...
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10/12/2011 - Amor que medra

Deixe de lado esse medo latente de amar. Já dizia o poeta que amor e sofrimento caminham parelhos por uma estrada cheia de armadilhas. Então, não se acovarde. Dispa-se de todo e qualquer receio. Fique nua como uma lua de sentimento. Uma lua que dá a cara à tapa. A saudade é um pêndulo que na ida ou na vinda vai lhe pegar. Ame fazendo planos, mas sem se preocupar com o amanhã. Projete-se prioritariamente no dia de hoje. Trate de seu amor como se trata de um santo de altar. E jamais confunda amor com felicidade. Nem todos os prazeres oferecidos pelo amor são propriamente felizes....
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09/12/2011 - Outro dia noutro

Outro dia ela aparecia, ela sumia, ela bebia um drinque de lichia. Outro dia ela queria, ela pedia e não se ouvia. Outro dia ela falava fantasia, vivia de poesia e se lambuzava de ambrosia. Outro dia ela abria a janela, persuadia o vigia e fugia. Outro dia ela sabia, ela conhecia, ela se queria. Outro dia ela escurecia, ela reluzia, ela não se entendia. Outro dia ela fingia, ela sorria, ela sobrevivia. Outro dia ela fazia advocacia, engenharia, magia. Outro dia ela sumia numa anorexia. Outro dia ela benzia o meu nome, noutro ela não me sabia......
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08/12/2011 - Que me enterrem na lua

Quando eu morrer que me enterrem na lua bem longe do que restou da humanidade. Não quero ser enterrado ao lado de quem banalizou o amor, de quem viveu para falar da vida alheia, tampouco de quem saiu da vida pela porta dos fundos. Se estando vivo eu já não me dou com tanta falsidade, morto então... Não quero defuntos falando de futebol ao lado da minha cova. Também não vou suportar morar pelo resto da eternidade tendo como vizinhos aqueles que nunca viveram um amor Shakespeariano, nunca leram Vinícius de Moraes, nunca ouviram Tom Jobim. ...
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07/12/2011 - Não e não e não

Não me peça, não me mande, não me obrigue. Não me diga não nem sim muito menos talvez. Não me aborreça, não teime, não ligue. Não me fale o que devo ou não fazer. Não me dite, não me irrite, não me faça convite. Não me espere e não me atrase. Não me deixe e não se vá. Não leve e não traga. Não mie e não lata. Não moa e não remoa. Não me renda e não me faça oferenda. Não me obrigue e não peça licença.

Não pense em mim. Não reze por mim. Não se lembre de mim. Não me ofereça comida. Não me levante um brinde. Não abuse nem use meu nome. Não me traia e também não caia por minha causa. Não brigue, não me vingue, não me provoque. Não me sufoque, não me toque, não me doa. Não me tinja, não me restrinja, não me induza. Não me iluda, não me pode, não me puna. Não me enlouqueça, tampouco me esqueça. ...
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