Daniel Campos

Prosas

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28/02/2014 - Parabenizando

Por ser assim, exatamente assim, parabéns. Por tudo o que é e o que faz e o que quer, parabéns. Pelo que fala de amor, e como trata o amor, parabéns. Por todas as horas do dia em que faz valer a poesia, parabéns. Pelos planos que estão aí, prontos para serem executados, parabéns. Por estar acima de acertos e enganos, parabéns. Por estar sempre no centro do palco arrancando aplausos a cada cena do seu cotidiano, parabéns. Pela magia que desperta tirando coelhos e coringas do alheio coração, parabéns. ...
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26/07/2012 - Parabéns a mulher

Parabéns a mulher que, em feitio de estrela, guia e clareia meus passos. Parabéns a mulher que se deita diante dos meus olhos, para qualquer direção que me volte, como linha do horizonte. Parabéns a mulher que chove sobre minh’alma, ocasionando germinações e florações de ilusão, desejo e sonho. Parabéns a mulher que exorciza minhas dores temporais e atemporais. Parabéns a mulher guerreira, a mulher mística e a mulher romântica que coexistem de forma harmônica nos confins da minha mulher amada.
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22/03/2013 - Parabéns com vaias

Hoje é dia do falso. Dia de abraços falsos. Dia de sorrisos falsos. Dia de cumprimentos falsos. Dia de tapinhas falsos nas costas. Dia de parabéns falsos. Dia de agradecimentos falsos. Dia de comes e bebes tão indigestos quão falsos. Dia de promessas, que como as eleitorais, são falsas. Dia de homenagens falsas. Dia de fotografias falsas. Dia de conversas falsas. Dia de brincadeiras falsas. Dia de composições falsas. Dia de música falsa. Dia de presentes falsos. Dia de uniões falsas.

Hoje é dia de quem não cumpre o que promete. Hoje é dia da arrogância, da prepotência, da indecência. Hoje é dia de pesadelo. Hoje é dia do amante que não se assume. Hoje é dia do senhor se rodear de vassalos. Hoje é dia de quem não paga ninguém. Hoje é dia de a burrice ser chamada de excelência. Hoje é dia de quem oprime, de quem viola, de quem castiga. Hoje é dia de quem ilude. Hoje é dia da ganância, da roubalheira, da impunidade. Hoje é dia do asco. ...
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08/03/2008 - Parabéns pelo seu dia

Ela acordou de um jeito que não costumava acordar. Horas antes e com um sorriso no rosto. Geralmente ela acorda tarde e com um mau-humor doentio. Mas hoje foi diferente. Abriu os olhos num contentamento estonteante. Pulou da cama, procurando algo. Vasculhou todo o quarto. Debaixo da cama, dentro do guarda-roupa, atrás da cortina. Pegou o telefone celular e começou a desbravar possíveis chamadas. Depois de ausências e desencontros, o sorriso começou a ficar desbotado.

Decidiu então tomar um banho. Quem sabe assim acordava de seu pesadelo. Os olhos escorriam como os fiapos de água vindos do chuveiro. Calma! Calma! Repetia em seu íntimo. Decidiu sair do banheiro e enfrentar a realidade. O quarto parecia um imenso deserto. Ela se sentia um cacto. Solitária e entregue a um sol-ardor que a devorava. Onde estavam os buquês de rosa? Onde estavam os bombons? Onde estavam os "parabéns pelo seu dia" e outros tantos dizeres bonitos. ...
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23/08/2016 - Parada obrigatória

No meu itinerário, você é parada obrigatória. Mesmo que eu queira passar batido, como que esquecido do seu endereço ou da nossa história, eu paro. Paro até sem saber, sem querer, sem poder bem ali nos seus pés. Ali eu choro. Ali faço meus pedidos. Ali me aninho. Posso tomar o caminho que for, sempre paro em você. Não sei o que me acontece, mas é em você que me ancoro, que imploro para ficar. Por você sou barco que deixa o mar, foguete que não quer mais voar, trem que abre mão dos trilhos... Você é o meu desejo platônico de pouso. O lugar onde quero deixar tudo o que tenho de estrada. O ponto ao qual sempre volto. Depois que te conheci, minha vida anda em círculos caindo sempre aos seus pés.


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14/02/2008 - Parar ou não, eis a questão

Qual a idade certa de parar? A maioria dos brasileiros pára lá pelos 70 anos quando consegue, depois de muito suor, a parte que lhe cabe deste latifúndio - o famoso salário mínimo. E os ídolos? Para quem aposenta cedo demais, fica a sensação de ter deixado alguma coisa por fazer. Do outro lado, há o risco de virar um herói decadente.

Há quem se aposente no auge. A cantora Celly Campelo, aos 20 anos, decidiu sair de cena em pleno sucesso. Outros vão protelando. Romário, com mais de 40 anos e mil gols, insiste em não pendurar as chuteiras. Existe ainda a possibilidade de essa decisão ser do destino, como aconteceu com o jovem ator Luis Carlos Tourinho. ...
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13/11/2009 - Paraskavedekatriaphobia

Vista preto e vá para aquela encruzilhada de costume. Depois de fazer uma fezinha no número 13, vou ao seu encontro. Quero lhe presentear com cravos de defunto. Quero contrariar o infortúnio e lhe amar com toda sorte. Quero transformar pragas em beijos e fazer de seu corpo meu amuleto. E assim, rogar-lhe bem alto por meus descaminhos. Com pipoca e cobertores, vamos nos abraçar assistindo a saga do psicopata Jason Voorhees. Afinal, nada é normal quando se trata de sexta-feira 13.

Paraskavedekatriaphobia. Não precisa temer o dia de hoje. Se bem que um pouquinho de medo faz bem para encutar a nossa distância. Além do mais, o medo provoca e seduz. Ao contrário de nos amarmos como anjos, vamos experimentar o amor dos morcegos ou das aranhas. Vamos nos dependurar, tecer a nossa cama e nos espreitar num ângulo de 180º. Vamos nos caçar e nos acabar num caldeirão cheio de sais. À meia-noite quero brindar nosso encanto com um cálice da poção das bruxas. ...
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17/05/2013 - Paratudo

Para todo mal existe cura. Para toda dor existe conforto. Para toda tempestade existe aragem. Para toda estrada existe fim. Para todo choro existe propósito. Para toda crise existe saída. Para todo pecado existe perdão. Para todo obstáculo existe superação. Para toda treva existe luz. Para todo silêncio existe música. Para todo desespero existe alívio. Para toda angústia existe remédio. Para todo grito existe socorro.

Para toda tragédia existe amanhã. Para todo imprevisto existe improviso. Para toda guerra existe trégua. Para todo problema existe solução. Para todo adeus existe volta. Para toda moléstia existe tratamento. Para todo sacrifício existe recompensa. Para todo desencontro existe reencontro. Para toda decepção existe ilusão. Para toda vingança existe arrependimento. Para todo terror existe amor.


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04/07/2011 - Pardon

Pardon, se ultimamente tenho dito menos eu te amo do que eu gostaria de dizer ou do que você gostaria de ouvir. Pardon pela minha pressa, pela minha constante falta de tempo, pela brevidade de tudo. Pardon por tantas reclamações, por tantas indefinições, por tantas divagações. Pardon pelo que fiz e também pelo que não fui capaz de fazer. Pardon pela cara fechada, pelo humor impreciso. Pardon pelo excesso de choro e pela escassez de sorrisos.

Pardon pelas promessas não cumpridas e pelas sucessivas despedidas. Pardon por pensar que você pode se perder ou se quebrar a qualquer instante. Pardon por tentar lhe proteger a qualquer custo. Pardon pelos vôos altos e pelos pousos forçados. Pardon por eu viver num mundo irreal, abstrato e puramente sentimental. Pardon por querer que você acredite no que eu acredito. Pardon se eu não sou um conto de fada ou uma comédia romântica, mas um drama pesado. ...
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28/03/2015 - Partes de mim

Meu pai entrava no meu quarto para ouvir Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano Veloso. Minha vó criava tartarugas. Acostumei ver minha mãe com as mãos envoltas de linhas, botões e farinha. Meu avô era dono de histórias que me faziam viajar na imaginação. Minha bisavó foi posta num balão e sumiu pelos céus. Meus melhores e únicos amigos de infância e juventude foram lápis, borracha, papel. Meu primeiro cachorro, que não era meu mais do meu pai, chamava Bizuco. Minha avó me passava dentro de seu terço. Meus personagens sempre deixaram as páginas dos romances para conviver comigo. Meu professor de desenho não me deixava criar, só copiar. Meu avô, com seus olhos de catireiro, só me admitia um caminho: ser um homem bom. Meus pés sempre gostaram de pisar descalços na grama orvalhada, na terra fofa, nos botões de algodão que ficavam guardados na tulha. Minha vizinha tinha um mercadinho onde eu marcava tudo na conta de minha mãe. Meus animais de estimação eram cachorros, gatos, porcos, vacas, galinhas, pássaros... Minha tia queria me embebedar com geleia de pinga e licor de jabuticaba. Meu pai sempre me encantou com o barulho de máquina de escrever que fazia em meus ouvidos. Minha língua sempre foi a língua das árvores. Minha professora de inglês dizia que eu só ia aprender a língua quando deixasse de escrever as histórias em português na minha cabeça. Meu tio foi o maior piloto que já conheci mesmo só o tendo visto voar no chão. Minha mãe arrancava as folhas do meu caderno até que a lição estivesse do seu gosto. Meu irmão arrancava meus dentes e ainda fazia cara de santo. Meu pai me deixava caído com seus dribles desconcertantes no campinho do sítio. Muito da minha história foi escrita com terra vermelha. Minhas namoradas eram princesas de reinos distantes, estrelas que viravam mulheres, sereias de mares profundos que vinham flertar comigo e só eu via. Meus pés sempre foram de jabuticaba, manga, goiaba... Meus tios-avôs eram personagens de um enredo grego-mexicano, regado a dramas apimentados. Minha professora do ginásio me achava um ótimo escritor. Minha cachorra, chamada Kika, comia chocolate e pulava de cama em cama para tomar sol. Meu irmão fazia cidades inteiras com pecinhas de montar. Meu professor de violão gostava mais de comer os bolos e doces de minha mãe do que de me ensinar alguma coisa. Meus padrinhos de batismo nunca foram à missa comigo. Meu bisavô tinha um pé de groselha. Meu mundo sempre foi um mundo paralelo, feito de seres fantásticos, de criaturas encantadas, de lendas e magias.


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