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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 223 de 320.
08/12/2010 -
Partes e apartes
Parto. Partilha. Partner. Pelas partes do mundo eu vou. Pelas artes do fundo eu sou. Pelos fraques do moribundo eu estou.
E em que parte do todo ou em que todo da parte está você, filha de Sartre com Afrodite.
De champanhe em uísque, de pedra de gelo em pedra de vulcão, de cálice em taça eu tomo. Eu a tomo; tomá-la-ei. De beijo em abraço, de desejos em ensejos, de carne em espírito eu como. Como, cama, coma. De mordedura em rugido, de fera em louco, de primavera em gemido eu domo. Eu a domo dama minha. ...
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21/05/2011 -
Particularidades
Eu não bebo coca-cola. Eu não fumo hollywood. Eu não quero aparecer na rede globo. Eu não moro perto do central park. Eu não ando de lamborghini. Eu não tenho um monet na parede da sala de estar. Eu não leio grego. Eu não cheiro a chanel. Eu não como mcdonald’s. Eu não comemoro com uma flute de champagne. Eu não visto levi’s. Eu não sou sócio do barcelona. Eu não caso goiabada com queijo roquefort.
Eu não enxergo pelas lentes dos óculos da cristian dior. Eu não passo meus fins de tarde na sacada de uma cobertura olhando os jardins de luxemburgo. Eu não como sobremesa numa taça de cristal de baccarat. Eu não ouço putini. Eu não sou Eu não faço cooper de nike. Eu não danço no festival de berlim. Eu não caibo numa bolsa louis vuitton. Eu não comungo na catedral de notre dame. Eu não vejo as minhas horas num bulgari. ...
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20/06/2014 -
Parto de canção
Meus dedos correndo as cordas do violão tentando fazer canções para serem ouvidas a léguas de mim. Tudo o que eu canto é silêncio. O tempo pode fazer seus falsetes, mas jamais desafina. Há sempre um acorde a ser buscado, a ser tentando, a ser provocado... e, quiçá, inventado pra melodia sobreviver. A batida do meu violão tem um quê de fantasia que dá luz a minha imaginação. E eu como menino malino imagino, imagino, imagino enquanto notas e palavras vão se casando pelo violão que se confunde com meu braço. Compor é um vício, tenho lá meus artifícios, mas no final quem manda é a magia, afinal, eu fico nu como minha poesia entregue à inspiração. E são beijos de bossa, são desejos de jazz, são ensejos de frevo num corpo mulher. A lua sopra, a demônia vira brisa, e tudo vibra no aço das cordas enquanto o sentimento derrama das minhas bordas. E vem a loucura de enxergar cinematograficamente, cena a cena, texto e música numa só partitura. E a certa altura, o peito enverga, o olhar navega e a canção não é mais minha, mas do ar que a carrega.

07/02/2013 -
Parto de carnaval
Coração de pierrô, alfinetado como almofada de costureira. Corre-corre de carnavalesco. Paixão de folião. Resistência e flexibilidade. Beijo no pavilhão. Colombinas mulatas. Quadra de samba marcada por passos e contrapassos. Grito de carnaval rompendo o silêncio. Carrilhão de fantasias. Procissão seguindo trio elétrico.
Traquinagens de arlequim. Suor e confete, feitos um para o outro. Loucuras ganhando as ruas. Gingado e balançado por todo lugar. Pés em brasa. Anjos se apaixonando por diabinhas. Piratas saqueando a solidão. Super-heróis sendo vencidos pela emoção. Princesas e maltrapilhos de mãos dadas. Estrelas no chão. Blocos de faz-de-conta.

15/05/2013 -
Passada
Passa por onde não passo. Passa marcando ritmo pela avenida. Passa como redemoinho mesmo que brisa. Passa num abraço longo e apertado. Passa forte, altiva, soberana mesmo que ferida. Passa com olhos de aço, mesmo chorando algodão. Passa pelas linhas do decote do tempo sem se intimidar. Passa com uma feminilidade ativa, dama das nações do faz de conta. Passa querendo passar. Passa por fronteiras, por barreiras, por territórios desconhecidos, não vencidos e até proibidos.
Passa sem se revelar. Passa criando e recriando estradarias. Passa com porte de rainha da colmeia e sorriso de plebleia. Passa fazendo plateia. Passa totalmente minha. Passa transformando as pedras do caminho em pedrarias. Passa num golpe de gravidade. Passa num ar de revolução. Passa grávida de fantasia. Passa pelas tranças do vento. Passa ditando moda na cidade. Passa falando de amor cara a cara. Passa à revelia. Passa numa floração rara. Passa aflorando o calor de sua passada.

06/08/2015 -
Passado pássaro
Eu me visto com penas como se eu fosse pássaro e passo como apache. Eu tenho nas aves a minha força nativa viva como os índios que já não vivem. Ache ou desache, eu guardo asas e as uso quando me convém. E eu vou como os pássaros me vêm. Não tenho medo de altura e sou dado a loucuras pelos céus. Faço ninho e canto de amor a quem quiser ouvir, mulher ou pássara. Podem arrancar minhas penas que elas crescem como seus cabelos. Ninguém me rouba dos ares. Ninguém prende meu coração alado. Ninguém me afasta dos meus ancestrais. Sou do tempo em que os homens voavam e se amavam pelas nuvens. Só tome cuidado, pois em certos momentos meu pássaro interior não canta, ruge.

07/07/2015 -
Passamos nós
Por onde quer que vá, vamos juntos
Passam árvores, bichos, conjuntos
Ou solitários de fêmeas e machos
Mas não passamos nós. Eu acho
Eu acho que devemos permanecer
E nos querer sempre lado a lado
Por mais distantes que estivermos
Seja presente ou futuro do passado
Juntos não há paraíso ou inferno
Que não possamos superar
Ou alcançar. Passam carros, nuvens,
Placas, casas, postes, plantações,
Um sim que surge e tantos nões...
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20/06/2012 -
Pássara, por onde voa?
Pássara, por onde voa? Será que encontrou o céu perdido dos pássaros encantados ou será que voa baixo, carregando o fardo de seres não alados? Pássara, por onde voa? Será que está numa boa ou sua jornada em busca de fantasia foi completamente à toa? Será que se aninhou em algum pássaro ou o amor, como vento vagabundo, passou varrendo seu mundo? Pássara, será que é escrava ou patroa do seu destino? Pássara, por onde voa com seu desatino? Pássara, o que sente é eternidade ou o de repente? Ainda lê Drummond? Ainda crê em Santos Dumont? Ainda emite som? Pássara, por onde voa? Voa pelo sol, ou pela chuva ou pela garoa? Voa sozinha ou segue ainda com Fernando Pessoa?...
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25/09/2013 -
Passarê
O bem-te-vi chegou dizendo que te viu, que te viu. O pardal chegou aos pulos, daquele jeito apressado de sempre. O sabiá chegou estufando o peito. O anu chegou já se dependurando na cerca. O pássaro preto chegou e foi logo se multiplicando pelo chão. O azulão chegou todo blue. O caboclinho chegou brejeiro arrumando seu espaço. O fogo-apagou chegou dando notícia do fim do fogo, mas cheio de fogo. O mutum chegou cheio de medo e ficou só na espreita. A gralha chegou querendo chamar atenção. A cigana chegou sem achar parada. ...
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16/08/2012 -
Pássaro de beira de rio
Pássaro cantou na beira do rio esperando seu amor. Cantou lá na galha do arvoredo como se não tivesse vergonha nem segredo. Cantou batendo as asas, blefando voos e promessas de casar. A água foi passando e o pássaro se acabando de cantar. Cantava na árvore como se cantasse na janela da menina. Cantava miudinho vendo o dia raiar, vendo a noite passar. Cantava em prosa e em verso como que imerso numa nuvem coração. Cantava samba, chorinho e baião.
O pássaro tinha beijos em seus pulmões. Assovio de desejo. Melodia do além-tejo daquele pássaro português. Pássaro nascido de um braço de viola. Pássaro de beira de rio que quando ponteia provoca arrepio. Pássaro que semeia o vento no peito do cantador. Pássaro de beira de rio que acaba com o vazio do amor. Pássaro que enfrenta a correnteza e bole na tristeza da gente. Pássaro de luminosidade cujo canto não sossega. Pássaro que nega a saudade e estrala uma nova realidade.
