Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 225 de 320.

18/04/2017 - Passe de guardador a soltador

Imagine-se como um armário. Seu corpo é um amontoado de gavetas, prateleiras, divisões, caixas, vitrines e compartimentos secretos. Enxergue-se como um guardador.

Guardador de quê?

Sentimentos e Ressentimentos. Lembranças e esperanças. Medos e segredos. Preocupações e frustrações. Mágoas e águas passadas. Problemas e dilemas. Culpas e desculpas. Vergonhas e peçonhas. Raivas e travas. Amores e temores. Esperas e feras. Crenças e desavenças. Ensejos e desejos. Saudades e vontades. ...
continuar a ler


Comentários (1)

03/04/2011 - Passos de alfazema

Em algum lugar da minha memória genética, real, hipotética, carnal, física, imaterial, afetiva ou proibitiva, a cidade me amanheceu cheirando à alfazema. Entre o dilema dos romances, o desbotado das fotos e o desenrolar dos filmes, das matas às ruas baratas a cidade se perfumou. E a fragrância durou o tempo, breve e necessário, de uma mulher passar pelo perímetro dos meus olhos. Passou como quem não quer nada e quer tudo ao mesmo tempo. Passou como passa o vento, dobrando árvores, arrastando emoções, ouvindo apelos, embaralhando letras e ouriçando os cabelos. Passou deixando tortas as sarjetas que se jogaram aos seus tornozelos. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

12/09/2008 - Patacoada

A comunidade científica está em festa após a construção da máquina gigante que possibilitará dar uma espiadinha na noite de núpcias de Adão e Eva. Enterrado a cem metros da superfície terrestre, entre a Suíça e a França, o LHC (Grande Colisor de Hádrons) tentará descobrir a origem e o funcionamento do universo. Seria só mais uma vaidade científica se não houvesse o risco da Terra ser tragada para um grande buraco negro. E para os românticos há outra ameaça: a lua pode desaparecer do céu após ligarem esse aparelho maluco que gera um micro-buraco negro por segundo. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

15/10/2012 - Patrões

Eles são aqueles que não honram as bandeiras que empunham. Eles são aqueles que não praticam, em hipótese alguma, os discursos que vivem a fazer. Eles são aqueles que encontram prazer ao fazerem sofrer. Eles são aqueles que caminham de salto alto enquanto enchem a boca para falar de “povo”, “base”, “gente”, “categoria”. Eles são clichês ambulantes, estereótipos retros, revolucionários quando reformistas, burgueses com máscaras de operário. Eles falam em ideologia, mas só conhecem o amor dos robôs. Eles são os gritos de guerra fora das trincheiras. Eles são a tortura, a loucura, a usura e a face mais impura do ser humano. Eles são ilusionistas, falsários, lobos em pelo de cordeiro. Pela frente eles evocam o manifesto da liberdade e por trás, sustentam as grades do nosso cativeiro....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/10/2008 - Pausa poética no cotidiano

Cotidianos carregam concreto nos andaimes. Cotidianos lavam carros no meio-fio. Cotidianos arrastam vassouras. Cotidianos passam apressados com pastas, bolsas e celulares tocando, despertando, falando. Cotidianos digitam números, contam dinheiro, carimbam documentos, entregam panfletos, fazem anotações técnicas, nada poéticas. Cotidianos correm. Cotidianos malham. Cotidianos duelam contra seus próprios limites. Cotidianos se sufocam. Cotidianos discutem com o computador. Cotidianos decifram livros, códigos, fórmulas. Cotidianos aparam a grama. Cotidianos têm tantos planos que sempre caem no mesmo jeito cotidiano de ser....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

11/10/2015 - Paz na guerra

Um dia saio do mundo
Noutro eu caio na vida
Giro em torno do eixo
Vou fundo na ferida
Encaro tudo de frente
E de ventre a ventre
Eu me deixo

Deixo-me em beijos
Arrepios e rios
De desejos e mais
Beijos e paz
Eu me deixo em paz
No meio da sua guerra
Nascendo na sua terra


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/03/2008 - Paz verdadeira

Ao saber que o presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, está em busca da paz verdadeira fiquei preocupado: será que já começou a época dos paturis? Lembro de ser percorrido pelo vento, em silêncio, na varanda das árvores. Há uma diferença entre casa na árvore e árvore na casa. O meu caso é o segundo! São dezenas de joão bolão, pau-d´alho, imbaúba, amoreira, castanheira, ameixeira amarela... E eu ali, no meio daquele verde com os olhos divididos entre o céu e o lago...

Fico entregue a um movimento constante. Cabe destacar que a vida é a arte do ir e vir. Bandos e mais bandos de paturi pousam no lago e ficam por ali a deslizar. Pés de todos os tamanhos vão se movendo em fila indiana, criando trilhos azulados e provocando pequeninas ondas que se quebram contra o barranco, que abriga os ninhos das tilápias. São aves pequenas, de penugem escura, que mergulham a cabeça na água em busca de alimento. Fico horas observando-as. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

15/10/2010 - Pé de arara

Há árvores que dão mangas, castanhas, jabuticabas, flores, sementes, sombras e araras. Araras? Isso mesmo. Uma árvore seca lá de casa depois de morrer deu pra dar araras. Araras azuladas, araras cobertas com plumagens verdes, araras de peito avermelhado. Não sei de onde esses papagaios coloridos surgem, tampouco pra onde vão. O que sei é que elas se dependuram nos galhos como frutos e explodem em cores como uma floração primaveril. E mais: elas cantam e conversam entre si enquanto escorregam pra lá e cá num balé morfológico, biológico e comportamental capaz de deixar qualquer um boquiaberto. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

16/06/2008 - Pé de Graviola

Por ter sido criado com um pé no sítio, sempre achei que conhecia tudo de fruta. Mas me enganei ao ver Marilene chegando em casa com uma sacola pesada em uma das mãos. Estranhei o que ela trazia. Afinal, era uma fruta verdolenga, de casca fina e falsos espinhos, com mais de cinco quilos. O nome desta preciosidade? Graviola. Ora, ora, desde que quando existe graviola do tamanho de jaca? Desde sempre, segundo minha amada mineirinha

Fiquei encabulado com aquilo, afinal, para mim, graviola era fruta pequenina e não um monstro daquela proporção. O que ela tinha de pesada, tinha de perfumada. Em poucos segundos, seu cheiro se alastrou pela casa. Quando parti a fruta desconhecida, a minha surpresa. Seu interior era como uma grande pinha, branco neve com sementes pretas guardadas em gomos. E o gosto, difícil de explicar, era de um doce azedinho. ...
continuar a ler


Comentários (91)

23/07/2013 - Pé de joaninha

Os olhos se pintaram de lágrimas quando a menina encontrou uma joaninha morta na beira de um vaso. Era daquelas vermelhas com pintinhas pretas que ela estava acostumada a ver somente nos desenhos animados da televisão. Colocou o bichinho na mão, ainda com receio dele se mexer. Ela queria que a joaninha ainda estivesse viva, porém, ao mesmo tempo, arrepiava-se só de pensar naquele inseto andando pela sua mão. Para tristeza ou alívio da menina, o milagre não aconteceu e a joaninha continuou morta, sendo velada pelos olhos pintados de luto. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   223  224  225  226  227   Seguinte   Ultima