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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 227 de 320.
22/07/2010 -
Pedidas
Para os fracos, coragem. Para os medrosos, confiança. Para os cansados, ânimo. Para os necessitados, tudo. Para os descrentes, nada. Para os inseguros, determinação. Para os aflitos, alívio. Para os desesperados, fé. Para os loucos, a glória. Para os criminosos, a escuridão perpétua. Para os arrependidos, um caminho. Para os mentirosos, a dor da verdade. Para os falsos, a solidão. Para os apaixonados, o desejo. Para os frívolos, a chama.
Para os doentes, alma. Para os alunos, a sede. Para os profetas, o silêncio. Para os egoístas, a partilha. Para os soberbos, a dúvida. Para os jardineiros, rosas e margaridas. Para os santos, a prova. Para as mães, o elo. Para as crianças, contos de fada. Para os trabalhadores, sal. Para os ausentes, o peso de suas atitudes. Para os agourentos, o azar. Para os hipócritas, a consciência. Para as bocas, beijos e palavras. ...
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24/12/2013 -
Pedido inusitado
Bicicleta? Videogame? Super-herói? Nada disso, o menino da véspera não queria nada disso. Festa? Viagem? Dinheiro? Também não. Sabia que ainda era criança e que podia pedir o que quisesse para o papai-noel, que logo mais chegaria com suas renas e seu ho-ho-ho. Diferentemente dos outros anos, ele não escreveu uma cartinha ao bom velhinho. E não foi por falta de querer um presente, mas ele não sabia como pedir algo tão especial. Ele tinha se comportado, sido um bom menino durante o ano. Havia passado de ano na escola, tentado ao máximo não fazer ninguém triste e praticado algumas boas ações. ...
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18/08/2014 -
Pedindo e aceitando pedidos
Peço um chuveiro para dois, e uma cama para dois corpos se tornarem um. Peço um nó de marinheiro entre meus braços e sua cintura e doses e overdoses de um amor à flor da loucura. Peço um ciúme bem temperado e cortes de paixão que se perdem entre o adocicado e o amadeirado de certo perfume que me deixa incerto. Peço um viveiro, pois havemos de nos despir dos pares de asas e fazer do chão a nossa casa, mas com a promessa de jamais deixarmos as nuvens. Peço corações à prova de ferrugem seja temporal seja atemporal. Peço um delírio de casal. Peço um colírio zodiacal. Peço que simplesmente permitam o encaixa natural. Peço uma fusão de reflexos no menor dos espelhos. Peço rotações de tornozelos e cenas de cinema com dor de cotovelo. Peço a erupção de sentimentos com direito a calores intensos e visibilidade zero. Peço que a lua seja como uma vela boiando e queimando pela continuidade dessa união. Peço a oportunidade de matar a sangue quente toda e qualquer saudade. Peço que imitemos os lobos e nos cacemos e nos protejamos e nos queiramos e nos uivemos. Peço que o instinto seja nosso labirinto particular. Peço para jogar, para brincar, para não parar, para intensificar, para avançar, para escandalizar, enfim, para cortar suas raízes e lhe virar de pernas para o ar. Peço a estadia desse romantismo renascentista que vai de encontro a sua curvatura. Peço o devido acompanhamento ao seu fôlego de atleta. Peço uma janela secreta e uma coleção de fantasias indiscretas. Peço mãos cegas que tateiem tudo sem saber distinguir os avisos de proibido. Peço pedidos aos pés do ouvido.

18/02/2014 -
Pedindo você ao mar
Perdi as contas de quantas vezes olhando pro mar eu pedi você a Iemanjá. Foram tantas ondas que se quebram no meu olhar, fazendo-me sal e saudade. Ah! Como eu queria que você surgisse daquele mar com cabelos escorrendo pelo rosto e pelas costas e me beijasse com sua boca quente e úmida. Que venha com essas pernas que fazem barco virar com esse balançado pra lá e pra cá. Ah! Iemanjá, Iara e as sereias do espaço bem que podiam me escutar e lhe trazer pra estes braços que estão sempre abertos pra você....
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Pela frente ou pelas costas?
A campainha se oferecia, se esticava, tentava ser uma perna cravada na parede... Mas suas mãos de esmalte corroído por dentes nervosos temiam-na. Ou melhor, temiam o que existia por detrás da campainha. O portão, feito com um jogo de barras de ferro, impediam seus olhos de avistar o que existia lá dentro. Ela rabiscava os ouvidos naquele concreto grosseiro do muro só para ver se escutava algo. Ela só ouvia os tijolos conversando. Ela ficava sem graça quando algum vizinho começava a olhá-la com um pouco mais de atenção. Logo disfarçava, fingia estar esperando ônibus, depositando cartas (levava sempre envelopes na bolsa) e até ser uma moradora daquelas calçadas....
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09/01/2016 -
Pela língua, pela boca...
Movimenta a sua língua na minha e pela minha boca. Raspa as palavras da minha garganta como quem tira o melhor do doce do fundo do tacho. Foge dos meus dentes que se caírem aos desejos do meu eu mais carente vão tirar pedaço de você. Vasculha a poesia que adormece pela minha boca esperando a hora certa de nascer. Toma para si os meus gritos e silêncios, os meus gostos e paladares, toca a minha campainha e escorre pelos meus lábios como abelha rainha no mel. E, antes de sair, vá ao céu da minha boca e acenda sua estrela para vê-la brilhar por você chegar.

21/03/2016 -
Pela não omissão
Por mais que não acredite, o meu caminho é mais do que um convite. É missão. É sina. É sacerdócio. É um reencontro com minha casa, comigo mesmo, com o que eu pedi para mim. Não espero que aceite, mas que respeite a minha escolha de ser. Sou do outro, para o outro, pelo outro. O outro é o meu sentido. Por isso, a minha doação, a minha entrega, a minha divisão entre o céu e a terra. Eu não sofro, não sinto dores, não tenho sofrimento algum no que faço. O meu passo é para frente buscando o que eu um dia pelas mais diferentes razões, deixei incompleto. O meu trabalho é o que me leva adiante, o que me dá sentido, o que me renova, fortalece, redime. Nada me oprime senão a falta de poder fazer algo por quem tem dores, horrores, pavores maiores do que os meus. Trabalho, trabalho, trabalho para que não volte a chorar pelas oportunidades perdidas. Pior, muito pior, do que chorar por uma despedida, pela perda de uma vida, por uma esperança partida, é chorar pelo que teve condições de realizar e não realizou. Pior, muito pior, do que errar por agir é errar por omissão.

05/07/2014 -
Pela qual me tenho apaixonado
A mulher pela qual me tenho apaixonado tem uma natureza mais intimista. É uma das deusas mais misteriosas de se compreender. Busca a espiritualidade, a liberdade, a honestidade em sua jornada pela paz interior. Tem dificuldade em renascer, mas luta o tempo todo para não se perder. E ela poda as arestas de seus sentimentos cometendo assim um pecado mortal. Cerca-se de uma racionalidade sem razão de ser. É água e fogo, difícil de dominar por Afrodite. Dada aos medos, recusa-se aos próprios desejos. ...
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06/04/2010 -
Pela queda de Bento XVI
É como católico apostólico romano praticante que peço o impeachment do Papa Bento XVI. O fato de ser acusado de encobrir denúncias de pedofilia dentro da igreja que comanda é a gota d’água para sua queda. Que ele caia em nome de uma igreja que precisa ser mais religiosa e menos política, mais sentimento e menos burocrática, mais amor e menos finança. Bento XVI não honra o nome que veste desde o momento em que foi sagrado papa. Afinal, o senhor Joseph Alois Ratzinger não chega aos pés de São Bento. ...
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16/07/2015 -
Pelas voltas do relógio
De manhã me beija colocando em minha boca a sorte do dia em sete sementes de romã. Às onze horas se enrosca em meu pescoço como medalha de bronze por eu já ter vencido parte do dia me dizendo vá em frente sem demora. Quando der meio dia e meia serpenteia pelo meu corpo fazendo-o nu num ócio criativo, apaziguando o rebu ativo, buscando pausas e dando-me asas. Ao chegar as quinze e dezoito chegue como uma bandeja repleta de pães, cafés, biscoitos e frutas adocicadas e antes que eu diga seu nome permita ser devorada com toda fome. Durante a tarde verá como arde o homem apaixonado, sem futuro e sem passado, que leva o presente por entre os dentes. Às dezessete badaladas tentarei fugir e me chamará de pivete e me trará de volta à porta como se fosse o seu moleque. As dezenove, mais mansa, como quem não de amar não cansa, dirá “I love”. As vinte, acidente-se porque a noite já é nascida. E a noite até a paixão do açoite é bem-vinda. As vinte e uma já faça pernoite em mim. Meia-noite espanta meus fantasmas, deixa minha vergonha pasma, ama-me sem fim e peça para nunca eu a fazer sozinha. Quando der duas da madrugada, sentindo-se plenamente amada, com autoridade de rainha, dirá que pelas voltas do relógio, do tempo cronológico ou psicológico, é toda minha.
