Daniel Campos

Prosas

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22/10/2010 - A invenção ou não do horário de verão

O primeiro dos sintomas visíveis é uma constante abrição de boca, como se a criatura em questão tivesse sido tomada por um quebranto daqueles. Olhos pesados, com quilos e quilos de areia sobre eles. Uma sensação de que se acordou no dia errado, na hora errada, no lugar errado. Parece que lua e sol se desentenderam, burlando as regras de seu platônico e milenar matrimônio. Uma vontade súbita de dormir ou ao menos cochilar. Um desejo contínuo de não se ir a lugar algum. Preguiça deixa de ser pecado para ser uma condição existencial. ...
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01/03/2011 - A justiça deveria...

A justiça deveria não ter cor, forma, sexo, idade, classe, credo. Deveria ser paratodos e não para um ou alguns. Deveria ser imparcial, como pregam os filósofos e os espessos livros de direito. A justiça deveria estar em todos os lugares, como uma espécie de Deus onipresente. Deveria não ser cega. A justiça deveria olhar, sem vendas e com olhos bem abertos, tudo e todos, sem distinção ou preconceito.

A justiça não deveria estar sob o poder de poucos. Deveria deixar os pedestais e gabinetes e ser feita nas ruas. Deveria não se esconder atrás de capas e togas e vir nua, de peito aberto. Deveria não servir como mercadoria ou se render ao jogo político. A justiça deveria deixar de juridiquês e falar de uma vez a língua dos homens. Deveria ser mais concreta do que abstrata, mais social do que institucional, mais justa do que injusta....
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14/08/2013 - A lança do tempo

A cada dia o tempo enterra um pouco mais de sua lança em meu peito. A vida, de uma forma ou de outra, se esvai mais e mais a cada dia. A cada dia há mais motivos para se arrepender ou para comemorar, dependendo do ponto de vista. O fato é que pouco a pouco essa lança vai perfurando nosso corpo e nossa alma, fazendo com a cada dia sonhos, vontades, projetos morram a cada dia, por inteiro ou parcialmente. Alguns são substituídos, outros ficam literalmente pelo caminho, que vai ficando mais íngreme, distante e tortuoso dia após dia. ...
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11/03/2016 - A lenda de Juara

Juara é uma índia que aos 14 anos se apaixona por Ubirajá, um índio prisioneiro de uma tribo rival. Um amor proibido, pois ela, como filha do cacique, está prometida ao guerreiro Apoema. Ela se entrega a Ubirajá e fogem juntos. Na fuga, encontram o pajé no meio da mata, que profetiza o pior. Passam-se 13 anos. Juara vive com Ubirajá na cidade grande, num barraco. Ela trabalha como doméstica e ele, numa farinheira. Ubirajá é assassinado. Depois do funeral, Juara encontra uma jandaia dentro de seu barraco. Ela não entende como a ave foi parar ali, mas a adota. A ave tem comportamento estranho. Quer ficar grudada com Juara e agride seus amigos e qualquer homem que se aproxima dela. Ela começa a sonhar com o pajé dizendo que ela precisa voltar e com Ubirajá virando e desvirando a jandaia. Ela larga tudo e volta para a tribo. A jandaia vai junto. Na tribo é recebida com hostilidade e precisa lutar para reconquistar seu espaço. Descobre que Ubirajá havia voltado como jandaia para terminar a história deles, já que ele foi morto antes da hora. Apoema já está casado, mas ainda a quer como sua esposa, tanto que vence os duelos com outros índios por sua mão. Seu pai, o cacique, está muito doente e quer casar a filha antes de morrer. No dia do casamento com Apoema, por amor a Ubirajá, Juara se enche de penas e também se transforma numa jandaia voando pela floresta adentro.


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24/08/2010 - A lenda do alecrim

Maria. Maria das flores de cheiro. Maria, rainha dos jardins. Maria das pétalas delicadas e coloridas. Maria das rosas do santo rosário. Quantos os que não deixam galhas ou vasos de flores aos teus pés. Flores para agradar Maria. Flores para abrir os caminhos rumo a Maria. Flores para agradecer Maria como paga de promessas. Flores mensageiras de pedidos e preces, de sentimentos e fé.

Eu, neste dia, procuro pelos alecrins de Maria. Ah! Como eu desejo um campo repleto de alecrins para ficar próximo da Altíssima. Ao contrário de plantar soja, algodão ou alfazema, se tivesse terras plantaria alecrins. Alecrins para te ofertar, ò Maria. E não me cansaria de repetir, por incontáveis vezes, ao vento ou aos caminhantes, a lenda do alecrim: ...
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A lenda do sabiá

Sabiá cantou lá na beira do rio. Passou água, passou flor, passou tábua de pescador... E o sorriso na boca do peixe namorador a correnteza levou. Levou pro lado de lá do mar de maré cheia. Ôo Oxumaré... Alumeia ô alumeia.

Sabiá cantou lá na beira do rio. Passou barquinho de papel, passou ingá, passou carinho de Iemanjá... E a estrela caída do céu a correnteza levou. Levou pra terra dos botos, dos brotos e das sereias. Eê rainha do mar... Entonteia.

Sabiá cantou lá na beira do rio. Passou chuva de corrupio, passou vento de assobio... E quando menina marilene chegou, uma sirene ordenou e a correnteza parou. Chegou com cabelo dourado e olhos alaranjados que até o velho sabiá, gaguejou: Eê Oxum... Vê se me ajuda a voar....
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03/05/2017 - A língua da fantasia

Não pense que mordo, eu devoro. Não tenha medo de mim, tenha prazer comigo. Não me jogue fora antes de saber como sou por dentro. Percorra o meu corpo como se eu fosse o mapa do seu tesouro. Beija-me para conhecer a língua da fantasia. Crie um novo perfume misturando sua essência com a minha. Acenda-me como vela, faça seus pedidos e eu os realizarei. Me mostre suas asas e eu te revelo meu céu. Durma nos meus braços e acorde no meio de um jardim de “eu te amos”. Não se ache, perca-se em mim.


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01/03/2010 - A lua e o amor, mais uma vez

A noite segue alta para os namorados que andam de mãos dadas pelos bancos da praça trocando beijos e abraços sob os olhos de uma lua alcoviteira que há milhares de anos gosta de testemunhar romances alheios se enchendo de desejo ou minguando de saudade. Quantas histórias de amor, com seus devidos encontros, reencontros e separações não estão guardadas nas crateras lunares? Difícil calcular...

Quantos “eu te amos” ecoam em seus mais diferentes sotaques por aquele solo tão pálido e fresco como o corpo nu da mulher amada. Se alguém pudesse espremer a lua, um mito cairia ao chão: ao contrário de mel do bagaço da lua escorreriam litros e mais litros de sangue. Porque todo amor é mais dor do que riso, todo amor é mais pranto do que felicidade. Lunáticos os que associam o amor ao prazer eterno e irrefutável. ...
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28/11/2008 - A lua não há

Que a dona lua influencia em muitas áreas, como a maré e a plantação, eu já sabia, no entanto, olha só a previsão zodiacal para este período: lua nova em sagitário semeia agudas tensões internacionais nos próximos dias. Estamos diante de uma lua que revira as bolsas de valores, eleva a cotação do dólar e derruba os investimentos. Será que a pobre da lua vai levar a culpa por essa crise financeira? Será que ela vai ser condenada à prisão perpétua ou ao pelotão de fuzilamento? Ou será que tudo vai acabar em pizza? ...
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25/09/2010 - A lua, o sol e as expressões populares

Pra inglês ou não ver, os burros deram n’água. O sol entrou com o pé direito e a lua foi dormir com uma baita dor-de-cotovelo. Os poetas fizeram vaquinha para comprar lunetas e outros apetrechos, mas se frustraram: o romance acabou em pizza. E o amor, guardado a sete chaves, chorou lágrimas de crocodilo. Agora, sóis e luas podem parar de rasgar seda e tirar os cavalos da chuva. Chuva e sol, casamento de espanhol. Sol e chuva, casamento de viúva. Viúva, a lua, escureceu entre estrelas lá pras bandas de onde Judas perdeu as botas. Na casa da mãe Joana, o sol ficou pensando na morte da bezerra jurando de pés juntos que tudo se resolveria no próximo eclipse. ...
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