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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 184 de 320.
26/10/2011 -
Que nosso amor...
Que nosso amor possa vencer qualquer mal de amor. Que nosso amor possa ir para adiante e para trás sem nunca ser tarde demais. Que nosso amor possa ter sempre um ineditismo, um truque e uma carta guardada na manga. Que nosso amor saiba guardar coisas que nunca tivemos coragem de falar. Que nosso amor seja forte e concreto, mas que consiga ter leveza para voar onde pássaro algum ousou chegar.
Que nosso amor possa ir além de qualquer limite ou padrão. Que nosso amor dure tanto quanto uma canção bonita. Que nosso amor se encontre mesmo trilhando estradas opostas. Que nosso amor seja uma versão pós-moderna de um pot-pourri de contos de fada. Que nosso amor seja uma espécie de divindade cujo demônio é a saudade. Que nosso amor seja feito perfeito com garantia contra qualquer defeito. ...
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25/10/2011 -
Adélia, simplesmente Adélia
Como uma ave caída do ninho, imobilizada sobre uma cama de UTI, desfeita pelos remédios e pelas quedas, Adélia tentava reconstruir sua vida, juntando pedaços, colando cacos, encaixando peças em um grande quebra-cabeça chamado destino. Com muitos quilos e cores a menos, extremamente frágil e pálida, tentava se reerguer por meio de lembranças e esperanças. E como era personagem da vida real e não de um conto de fadas, o número de lembranças, naquele desfecho de sua história, era muito maior do que o de esperanças. ...
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24/10/2011 -
Desce a terra, ò auxiliadora
Desce a terra, ò senhora dos céus, ò mãe de todas as criaturas, ò magnífica, para dar colo aos que choram, para ensinar o caminho aos que se vêem perdidos, para dar à luz aos que estão na escuridão, para afastar o mal que ronda tão perto, tão perto de nós.
Desce a terra, ò auxiliadora dos cristãos, ò rainha dos apóstolos, ò soberana, para colher as flores que a ti plantamos, as velas que a ti queimamos, os cantos que a ti entoamos e as preces que lançamos aos seus pés, que andam tão perto quão longe de nós. ...
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23/10/2011 -
Chama Clementina, chama
Chama, chama pela senhora do samba, chama. Chama por Clementina, colombina negra. Chama por Clementina de Jesus, de Oxalá, de Iemanjá. Chama pela velha baiana, sambista da gema, saravá!
Chama, chama pela voz rouca do morro, chama. Chama por Clementina, lágrima e serpentina. Chama por Clementina de Jesus, de Iansã, de Nanã. Chama pelo balançado da noite, pelo gingado da manhã.
Chama, chama pelo canto de trovão, chama. Chama por Clementina, mãe miudinha. Chama por Clementina de Jesus, de Oxum, de Ogum. Chama no atabaque, na cuíca, no zumzumzum....
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22/10/2011 -
Eu vou, eu vou
Vou entrar debaixo das cobertas e só sair na próxima estação. Vou hibernar ou abrir os olhos para mim. Vou pensar uma forma de revolucionar o mundo real. Vou traçar um plano para vencer os cavaleiros do apocalipse. Vou fazer um eclipse particular com meus sóis e minhas luas. Vou fazer questão de esquecer que do lado de fora haverá sempre um jornal, uma revista, um homem ou uma mulher ou ambos me querendo dizer algo de novo de novo e de novo.
Vou ficar no escuro com os meus medos e segredos. Vou cantar baixinho. Vou me alimentar de poemas e romances. Vou estar perto e, ao mesmo tempo, fora de alcance. Vou dançar como dançam os lobos em suas cavernas. Vou entrar em transe. Vou chamar pelos deuses egípcios, gregos, romanos, celtas, astecas, maias, hindus... Vou reescrever a história da humanidade. Vou compreender o movimento de cada músculo, o vôo de cada pensamento. ...
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21/10/2011 -
Símbolos
Eu acredito que o infinito é mais do que um oito deitado, que o coração vai além do desenho de duas mãos unidas, que a fé é maior do que uma cruz. Multiplicação para mim é amor e não um x, assim como o meu para sempre tem mais do que três pontinhos. A paz não pode ser apenas um pombo branco. Onde começa e onde termina o movimento de um círculo? Nem toda seta é capaz de indicar uma direção. A natureza é muito mais complexa do que um pentagrama. Será que o tão temido olho de lúcifer cabe no topo de uma pirâmide? Será que tudo o que queremos dizer consegue ser dito combinando vinte e poucas letras?...
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20/10/2011 -
Foi Exu quem chegou
Bate, bate tambor, foi Exu quem chegou. Chegou fazendo movimento, movimentação. Chegou o mensageiro entre o Orun (espiritual) e o Aiye (terreno). Chegou falante, brincando, cheio de ginga. Chegou provocando. Chegou aquele quem primeiro recebe as oferendas, os cantos, as danças. Chegou mais uma vez confundindo com satanás. Chegou, chegou Exu, o senhor da noite. Chegou o mais humano dos orixás. Chegou aceitando toda e qualquer oferenda. Chegou aquele que tem olhos, nariz e boca feitos de búzios. Chegou metendo medo e causando arrepio. Chegou Exu ventando frio. ...
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19/10/2011 -
Rua São Miguel, 71
Sem dúvida alguma, esse foi o endereço da minha juventude. Eu morava com meus pais nessa mesma rua, um pouco mais acima, mas a casa em questão era a de meus avos maternos. Conto nos dedos das mãos quantas vezes deixei de ir lá ao menos uma vez por dia ao longo de 25 anos de idade. Definitivamente, celebrei bodas de prata com aquela casa. Perdi a conta de quantos sorrisos, de quantos sonhos, de quantos poemas, enfim, do quanto de mim ficou impregnado naquelas paredes.
Ah! Quantos passos meus ficaram marcados num balé de encontros e reencontros naquele piso, que ora formava desenhos geométricos ora pinturas abstratas. Quantas danças garbosas de meu avô bailando por aquela casa permanecem dançando em meus olhos. Quantas vezes eu me sentei ao redor de uma daquelas duas mesas de madeira, construída por ele, para comer de iguarias típicas de minha avó como polenta com frango ou sorvete de ameixa. ...
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18/10/2011 -
Pensativas
É de aço ou de lã esse amor que me consome? É sólido e pesado e intransigente como aço. É macio, quente e cheio de meadas como lã. Vem do chão ou do céu esse amor que me move? Vem do chão quando brota feito lavoura depois da chuva. Vem do céu porque parece milagre, suspenso no peito. É solene ou informal esse amor que me envolve? É solene em seus ritos e rituais. É informal em sua casualidade, em sua espontaneidade, em seu jeito sem quê nem pra quê.
Está em mim ou fora de mim esse amor que me abraça? Está em mim como pedaço de meu corpo. Está fora de mim como um sopro. Está aberto ou fechado esse amor que me embaraça? Aberto quando tudo conflui a favor num esforço de dar certo. Fechado quando faz balanço e rebeldia. Está claro ou escuro esse amor que me enlaça? Claro quando se trata de coisas objetivas, práticas, reais. Escuro quando falamos em saudade, quando desço fundo na escuridão da alma. ...
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17/10/2011 -
Religião bossa nova
Havia um tempo em que minha religião era a música. Tom Jobim e Vinícius de Moraes sempre foram meus principais deuses, aqueles que haviam criado o mundo de canções em que eu habitava. Tom e Vinícius, como Jesus, Buda, Alan Kardec, tiveram sua passagem pela terra. Ao contrário de parábolas, falavam por meio de versos e partituras. E como poucos, estavam ligados diretamente à natureza. Falavam do amor com propriedade. Era uma religião sem castigos, sem medos, sem pecados.
A música de Tom e Vinícius é milagrosa por si só. Capaz de curar problemas do corpo e da alma. Além disso, as canções tanto trazem a pessoa amada até você como a levam até ela. São capazes de tocar profundamente nas questões mais íntimas e secretas. Suas canções provocam alívios, renovam esperanças, alimentam desejos. Letras e ritmos que confortam e provocam ao mesmo tempo. São músicas vivas que não só simbolizam, mas que concretizam a vida como deve ser vivida – de maneira atemporal e intensa.
